Publicado em 10/01/2025 às 17h58.

Recordes históricos de exportação são ameaçados pela falta de auditores fiscais

Apesar do cenário promissor para 2025, a demanda por auditores fiscais federais agropecuários tem resultado em déficit alarmante

Redação
Foto: Carlos Silva/MAPA

 

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, entre janeiro e outubro de 2024, o agronegócio registrou exportações de US$ 140 bilhões, um crescimento de 0,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A diversificação de produtos foi a principal impulsionadora dos recordes históricos de exportação. Contudo, apesar da safra promissora e da abertura de novos mercados, o crescimento sustentável do setor encontra-se ameaçado pela falta de investimentos na carreira de auditores fiscais federais agropecuários.

Setores como o complexo soja, carnes, o complexo sucroalcooleiro, produtos florestais e café foram os grandes responsáveis por impulsionar recordes históricos de exportação, representando, juntos, 80,3% das vendas externas do agronegócio brasileiro.

Nos dez primeiros meses, a carne suína alcançou US$ 2,32 bilhões (+5%) e 978,34 mil toneladas (+8,6%). O algodão registrou recordes, com US$ 4 bilhões exportados e 2,12 milhões de toneladas, enquanto o suco de laranja somou US$ 2,60 bilhões. As exportações de bovinos vivos atingiram US$ 653 milhões, e o trigo alcançou volume recorde de 2,49 milhões de toneladas. No setor florestal, a celulose liderou com US$ 8,79 bilhões (+33,9%), seguida por madeira e suas obras (US$ 3,42 bilhões) e papel (US$ 2,09 bilhões). Esses resultados reforçam o papel estratégico de uma pauta diversificada, ampliando a competitividade e consolidando o Brasil como um dos principais fornecedores globais de produtos agropecuários, declarou o MAPA.

O MAPA divulgou que, de janeiro de 2023 até novembro de 2024, houve abertura da exportação de carne bovina brasileira para o México e República Dominicana, bem como a inclusão de novos produtos para países como China, República Dominicana, Japão, Peru e Israel. Apesar das aberturas e do cenário promissor para 2025 em relação ao aumento da lista de tratativas para o recebimento do produto brasileiro, a demanda por auditores fiscais federais agropecuários têm resultado em déficit alarmante.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), estima-se que 1.200 profissionais estejam prestes a se aposentar por idade ou tempo de serviço e podem deixar a função a qualquer momento. Entretanto, o concurso público realizado no ano passado deve repor apenas 200 vagas – um número insuficiente frente à crescente demanda por produtos brasileiros.

O presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, sinalizou que, enquanto o Governo celebra os avanços nas exportações e na promoção comercial, a demanda dos auditores fiscais federais agropecuários se agrava. Além da carência de pessoal, há deficiências em sistemas, faltam recursos para infraestrutura, segurança e modernização das operações de fiscalização, comprometendo a competitividade e a credibilidade do Brasil no mercado internacional.

“O fortalecimento do agronegócio não pode prescindir de investimentos adequados em fiscalização e controle de qualidade. Sem isso, o Brasil corre o risco de comprometer seu papel estratégico no abastecimento global, justamente no momento em que desponta como líder no fornecimento de alimentos e insumos para o mundo. O Anffa Sindical reforça a necessidade urgente de políticas públicas que priorizem o fortalecimento da carreira dos auditores fiscais federais agropecuários e o aumento do efetivo, garantindo assim que os recordes conquistados pelo agronegócio sejam sustentáveis e duradouros”, destacou Macedo.

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