Publicado em 05/08/2025 às 09h53.

Secretário de Belém rebate críticas sobre hospedagens: ‘A COP é um evento de arquitetura?’

“Vai ter COP em Belém, queira sim, queira não, queira alguém que está lá do outro lado do mundo reclamando que não vai ter”, disse André Godinho

Redação
Foto: Rodrigo Pinheiro/Agência Pará

 

O secretário-executivo da COP30 na prefeitura de Belém, no Pará, André Godinho, rebateu as críticas sobre as condições e preços das hospedagens para a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, programada para novembro na cidade. “Vai ter COP em Belém, queira sim, queira não, queira alguém que está lá do outro lado do mundo reclamando que não vai ter”, afirmou.

A declaração do secretário referencia uma fala do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, que indicou na última semana a possibilidade de transferência da sede do evento para outra cidade brasileira diante da cobrança de preços considerados abusivos pela rede hoteleira local.

“Estão falando mais sobre o problema dos hotéis do que o problema do mundo. A COP é um evento de arquitetura? De padrão de imóveis? Ou é um evento climático para falar dos problemas e impactos que estamos sofrendo?”, disse Godinho na segunda-feira (4), durante um evento da Aya Earth Partners, que faz parte da Semana do Clima de São Paulo.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, um grupo de 25 negociadores da COP30 assinou um documento no qual sugerem que, se os preços exorbitantes de hospedagem no Pará não forem resolvidos, o evento deveria, ao menos em parte, acontecer em outro local.

Godinho comparou a realização da cúpula climática com a procissão do Círio de Nazaré, que recebe milhares de pessoas a cada ano: “Dá certo há décadas, de um jeitinho ou de outro”.

“Não dá para esperar que se tenha a estrutura de que muitos esperavam, de hotéis ultra luxuosos, porque a nossa economia nem permite isso, mas que o mundo veja esse ambiente e compreenda de que forma pode colaborar, ao invés de ficar só mostrando defeitos ou falhas como se não tivessem defeitos e falhas nos seus lugares também”, disse à reportagem.

“É exatamente por essa questão que Belém foi escolhida, para que o mundo veja as problemáticas e dificuldades que uma cidade na amazônia enfrenta”, afirmou o secretário, pontuando ainda que Belém não é o único local a sofrer com gargalos de saneamento e desigualdade.

“Chega de dedo apontado, está na hora de estender mais a mão e ajudar os problemas de Belém e da amazônia, afinal de contas, não é a amazônia que é a solução do mundo?”, indagou ele.

Godinho ainda afirmou que a prefeitura possui pouca ingerência sobre a questão, mas que vem dialogando com os hotéis. “O setor hoteleiro precisa compreender que existe um caminho de prosperidade depois, para que essas tarifas se reduzam e eles possam ter, ao invés de um círculo positivo até novembro, para além de novembro”, afirmou.

Apesar disso, ele reforçou que a importância que o turismo pode ter como maior fonte de renda para Belém com o evento. “Não tenho dúvidas que é a principal matriz econômica que Belém pode desenvolver nesse momento, seja turismo cultural, religioso, de negócios, de experiência, de floresta, que a gente tem que precisa ser melhor trabalhado cada vez mais”, disse.

Ainda na segunda, o presidente da COP30 saiu em defesa da manutenção da capital paraense como sede do evento, mas evitou tratar da questão da hospedagem. Segundo ele, o Brasil deve se unir pela realização da cúpula.

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