Seis em cada dez negros sofreram discriminação no último ano
Um terço dos casos ocorreu no local de trabalho, mostra pesquisa
A pesquisa Brand Inclusion Index 2024, da empresa global de dados e análise de marketing Kantar Insights, entrevistou 1.012 brasileiros e constatou que 61% dos pretos e pardos sofreram discriminação no último ano. Os ambientes e circunstâncias mais violentos nesse sentido foram o local de trabalho (31%), locais públicos (26%) e enquanto faziam compras (24%).
Ao todo, 11% dos participantes apontaram a cor da pele como fator que motivou a discriminação. Uma parcela de 10% ainda indicou a etnia ou a raça.
A amostragem abarcou quatro grupos minoritários: mulheres, negros (pretos e pardos), pessoas com deficiências (PCDs) e comunidade LGBTQIA+. A companhia pretendia captar sua percepção sobre aspectos como diversidade, equidade e inclusão de uma marca.
Em relação às marcas, o resultado foi de que 86% dos negros (pretos e pardas) afirmaram ser importante que promovam ativamente a diversidade e a inclusão em seus próprios negócios ou de modo mais abrangente, de modo a beneficiar toda a sociedade.
A Natura, a Avon e a Nike foram reconhecidas como as que mais contribuem para a representatividade negra, retratando a população negra a partir de uma perspectiva positiva. Outro atributo ligado a essas marcas foi a preocupação em oferecer produtos para clientes não brancos.
Outro dado de destaque do levantamento é o de que apenas um em cada cinco dos entrevistados (20%) se vê representado sempre em veículos de comunicação. As parcelas que disseram se enxergar no que é disseminado algumas vezes e nunca são, respectivamente, de 69% e 6%.
Kleber Pessoa, profissional da área de desenvolvimento de jogos digitais, já foi constrangido e vítima de racismo em uma loja de artigos para animais, pertencente a uma grande rede com presença em todo o território brasileiro. Ele conta que entrou no local acompanhado de um primo, negro, como ele, e que os dois foram também seguidos por um funcionário.
“Meu primo não percebeu, mas eu percebi”, disse.
Incomodado com a desconfiança, o recifense experimentou se deslocar pela loja, para confirmar que o funcionário estava de fato de olho nos dois, por associar pessoas negras a atos criminosos, o que configura uma postura e uma atitude de racismo. Após se despedir do primo, na estação de metrô, Pessoa retornou à loja, para se certificar de que o mal-estar com a vigilância descabida não era mera impressão e que, na realidade, tinha fundamento. Ao chegar, confrontou o funcionário, que negou a perseguição e argumentou que “estava só fazendo seu trabalho”.
“Fiquei com muita raiva, com isso na cabeça, e remoendo por muito tempo. Podia ter brigado, feito uma confusão, mas precisava de provas e eu não tinha como provar”, lamenta.
Em pesquisa rápida pela internet, é possível encontrar inúmeros casos semelhantes. Em outubro de 2021, a Polícia Civil concluiu um inquérito que apurava a suspeita de abordagem racista em uma loja de uma marca de vestuário, em Fortaleza, que teria sido praticada por um gerente. Finalizado, o inquérito afirmou que a empresa possuía um “código de conduta” para classificar pessoas “fora do padrão dos clientes da loja”, que seria anunciado como um alerta para os funcionários, para que eles passassem a vigiá-las.
Em outro episódio recente de grande repercussão, uma mulher negra se revoltou com a diferença de tratamento em uma loja, gerada pela insinuação silenciosa de que teria cometido furtos. Em protesto e como forma de dar visibilidade à sua denúncia, voltou ao local, seminua, gritando, com sarcasmo, que, de lingerie, não teria como levar algum item escondido e que, portanto, os funcionários não teriam razão para suspeitar dela.
Mais notícias
-
Brasil
18h14 de 05 de novembro de 2024
A cada hora, 12 pessoas morrem por consumo de álcool, aponta pesquisa da Fiocruz
O relatório destaca um forte impacto sobre a população masculina, responsável por 86% das mortes associadas ao álcool
-
Brasil
15h41 de 05 de novembro de 2024
Passageiro tenta abrir porta de avião em voo de Brasília para o Panamá
Homem foi detido pelas autoridades
-
Brasil
14h17 de 05 de novembro de 2024
Prazo para candidatos do CNU contestarem notas preliminares de títulos termina nesta terça
Interessados podem entrar com recurso até as 23h59 no site do certame
-
Brasil
13h05 de 05 de novembro de 2024
Governo federal e ONU lançam pacote de R$ 700 mi contra crimes ambientais na Amazônia
Aporte será empregado em ações de combate ao desmatamento e incêndios florestais
-
Brasil
11h45 de 05 de novembro de 2024
Acordo fixa que Samarco indenizará atraso na reconstrução de distritos
Instrumento estabelece R$ 1,08 bi a ser dividido por famílias
-
Brasil
11h31 de 05 de novembro de 2024
PF cumpre mandados contra grupo que provocou queimadas na Amazônia
Um dos alvos já foi preso por comércio ilegal de diamantes em 2021; também foi determinado bloqueio de R$ 78 milhões para recuperação área degradada
-
Brasil
09h30 de 05 de novembro de 2024
Mega-Sena sorteia nesta terça-feira prêmio acumulado em R$ 127 milhões
Sorteio será realizado às 20h, horário de Brasília, em São Paulo
-
Brasil
22h20 de 04 de novembro de 2024
Órgãos federais buscam fechar cerco a comércio ilícito de tabaco
Gastos com saúde com aposentadoria precoce e cuidados paliativos de pacientes, adoecidos pelo tabaco, ficam em torno de R$ 153 bilhões
-
Brasil
19h17 de 04 de novembro de 2024
Líderes de favelas querem fundo no G20 para desenvolver comunidades
F20 entregou documento com prioridades a autoridades