Senado aprova projeto que permite outras operadoras para o pré-sal
Com isso, a Petrobras pode perder o direito de exclusividade que detém; proposta representa uma derrota para o Executivo

Após meses de discussões acaloradas por senadores e integrantes do governo e idas e vindas do Palácio do Planalto, o Senado aprovou há pouco o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal. O texto, que segue para a Câmara dos Deputados, recebeu 40 votos a favor, 26 contra e ainda ocorreram duas abstenções após seis horas de debates.
A proposta representa uma derrota para o Executivo na reta final que, ao durante o dia, teve de fazer um recuo sobre a orientação repassada inicialmente à bancada do PT na Casa e preferiu negociar uma proposta tida como redução de danos. Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff mandou sinais contraditórios a interlocutores diferentes, o que na avaliação dos senadores demonstrou que ela não quis se posicionar sobre a matéria.
Prioridade- Os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, fecharam um acordo com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator da matéria, para garantir que a estatal tenha ao menos o direito de preferência na participação de futuras licitações. Essa era a mesma linha defendida pelo ministro de Minas e Energia, o senador licenciado pelo PMDB Eduardo Braga, que participou das negociações.
Até o início da tarde, Wagner e Berzoini atuaram para tentar rejeitar o projeto de Serra e manter a atual legislação de dezembro de 2010. Defenderam essa orientação, inclusive, ao líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que foi indicado pelo Planalto hoje para a liderança do governo na Casa. Mas foram premidos a recuar diante da possibilidade de derrota e preferiram discutir um texto alternativo com o próprio relator. E passaram a disparar telefonemas para senadores pedindo apoio à solução negociada.
O texto acordado prevê que Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), considerando o interesse nacional, “oferecerá à Petrobras a preferência para ser o operador dos blocos a serem contratados sob o regime de partilha de produção”. A versão anterior do parecer de Jucá – questionada por senadores do PT – não garantia o direito de preferência, uma vez que dizia que o CNPE “poderá oferecer” à estatal o direito de preferência.
A Petrobras terá 30 dias para se pronunciar após ser notificada pelo conselho. Outra alteração feita por Jucá, acordada com os ministros do Planalto, diz que após a manifestação da empresa, o CNPE vai propor à Presidência da República quais blocos deverão ser operados pela empresa, indicando a participação mínima do consórcio de 30%.
Banana- A bancada do PT e outros senadores da base aliada independentes tentaram barrar qualquer alteração. Entre os argumentos usados, estavam o de de que o baixo preço do barril de petróleo atualmente não é o ideal para se mudar as regras de exploração e retirar a obrigatoriedade da estatal na exploração e que a mudança representaria a “entrega” de uma riqueza brasileira. “Nós estamos querendo entregar o pré-sal a preço de banana para as multinacionais do petróleo”, criticou Lindbergh Farias (PT-RJ)
Os defensores da mudança, por sua vez, defenderam que a Petrobras está sem recursos suficientes para fazer a exploração na camada do pré-sal. Não existe, afirmam, qualquer tipo de entreguismo na mudança legal em discussão. Para Serra, disse haver uma ignorância grande por parte de quem o ataca em relação ao projeto.
“Ninguém está entregando nada. Ninguém está levando nada embora. Tudo continua nas mãos do poder público. Apenas a Petrobras não é obrigada a investir. Apenas isso. Se ela quiser, em um mês, ela manifesta sua intenção e ela que controlará o posto”, afirmou. Para o tucano, o projeto “ajuda” a estatal petrolífera
O relator do projeto disse que houve um avanço, uma vez que a proposta foi fruto de um acordo que permitirá a estatal se reerguer. “O que nós estamos fazendo aqui é tirar a obrigatoriedade de a Petrobras participar de todos os campos, todas as operações e todas as sociedades”, afirmou Jucá. “Abrimos o mercado, mas resguardamos o filé para a Petrobras, não estamos enfraquecendo-a, pelo contrário, dando condições para que ela efetivamente escolha o que é mais rentável”, completou.
Após a votação, Lindbergh Farias – que recebeu a orientação inicial do governo de ser contra – disse ter se sentido abandonado pelo governo “numa matéria que era estratégica”. Em solidariedade, a senadora Simone Tebet (PMDB-MS), que tinha uma proposta de emenda à Constituição para manter as atuais regras, fez coro ao petista: “O governo não tinha meu voto, agora não tem o meu respeito”.
Mais notícias
-
Brasil
12h09 de 15/07/2025
Retomada do voo Panamá-Salvador amplia turismo estrangeiro na Bahia
Pesquisa da Embratur aponta para a chegada de quase 100 mil visitantes estrangeiros no estado no 1º semestre de 2025
-
Brasil
11h43 de 15/07/2025
Governo publica decreto regulamentando Lei de Reciprocidade Comercial
Texto cria Comitê responsável por decidir contramedidas comerciais
-
Brasil
07h57 de 15/07/2025
MPF questiona na Justiça plano para fiscalização de armas de CACs
Polícia Federal assumiu controle dessas armas neste mês
-
Brasil
21h20 de 14/07/2025
MEC publica novas regras para cursos de graduação a distância
Instituições de ensino superior terão até dois anos para se adequar às novas regras
-
Brasil
21h00 de 14/07/2025
Governo anuncia isenção de taxa para taxistas e amplia validade da verificação de taxímetros
Após publicada no Diário Oficial da União, a medida entra em vigor de forma imediata
-
Brasil
18h51 de 14/07/2025
Brahma lança SAB para torcedores investirem em seus clubes
Em um país em que 81% da população torce por um time, segundo o Datafolha, e onde apenas os maiores clubes concentram mais de 30% da torcida nacional
-
Brasil
12h33 de 14/07/2025
Inscrições do Fies para o 2º semestre começam nesta segunda-feira
São 44 mil vagas para financiar graduação em faculdades privadas
-
Brasil
16h30 de 13/07/2025
Desmatamento na Amazônia cresce 27% no primeiro semestre de 2025 e interrompe tendência de queda
É o primeiro crescimento semestral verificado durante o terceiro mandato do presidente Lula
-
Brasil
15h30 de 13/07/2025
Pix tem novas regras de segurança; saiba quais
Objetivo é reduzir número de fraudes através do sistema de pagamento
-
Brasil
13h30 de 13/07/2025
Ministério da Defesa compra robô de R$ 1 milhão para desativar bombas
A entrega do equipamento, no entanto, está prevista para ocorrer apenas após a realização da COP30