Publicado em 28/02/2025 às 06h25.

Bloco Afro Muzenza conta sua história na Avenida

A força que o faz resistir há 43 carnavais é tema do desfile em 2025

Redação
Foto: Divulgação

 

O Bloco Afro Muzenza levará para o Carnaval o tema “Muzenza: uma história de resistência!”, que estará presente em todos os aspectos do desfile, inclusive no tecido das fantasias dos cerca de 2 mil associados. O bloco estará dividido em seis alas: Ala de Rasta; Ala de Dança, composta de cinco partes; Ala de Baianas; Ala de Capoeira e Ala de Percussão, além da Ala de Associados.

As fantasias do bloco começaram a ser entregues na tarde desta quarta-feira (26/02) na sede do Muzenza, na Rua Alaíde do Feijão, antiga Rua da Laranjeiras, no Pelourinho. A fantasia (para mulheres blusa e saia, para homens calça e bata) está sendo vendida por R$ 300,00 (trezentos reais) e pode ser adquirida na sede do bloco. Informações pelo direct do Instagram e Facebook.

Programação do Carnaval
01/03 – Desfile do Muzenza no Circuito Osmar (Campo Grande) às 21h
02/03 – Desfile do bloco infantil Muzenzinha (Pelourinho) às 16h
03/03 – Desfile do Muzenza no Circuito Dodô (Barra – Ondina) às 22h30
04/03 – Desfile do Muzenza no Circuito Osmar (Campo Grande) às 18h

Muzenza: uma história de resistência!
Nunca foi fácil para o Afro Muzenza colocar o bloco na rua. Ao longo de 43 anos de existência, foram muitos os momentos em que, por muito pouco, a arte dos seus músicos, cantores e bailarinos e o brilho dos seus componentes perdem espaço nas avenidas durante o Carnaval de Salvador. E é essa história que será contada nos dias 01, 03 e 04 de março através do tema Muzenza: uma história de resistência!

Tema que reflete o próprio surgimento dos blocos afro, que no final da década de 70 foram criados como forma de inserir o pessoal da periferia, em particular a comunidade negra, dentro do desfile do Carnaval. “Mas o que ninguém naquela época podia imaginar é que isso iria se transformar num grande lance cultural do estado. Eu costumo dizer que o movimento negro na Bahia começou a ter força depois dos blocos afro. Isso é fato! O Muzenza com suas mensagens libertarias, o Ilê Aiê com seus protestos, o Olodum falando do que aconteceu aqui dentro do Pelourinho e buscando lá fora os temas, Além do Malê de Balé. Isso aí foi dando impulso ao movimento negro”, se orgulha Jorge Santos.

A participação do Muzenza no Carnaval é garantida pelo governo do estado através do edital Ouro Negro (Secult-Ba/Sepromi) e prefeitura através da Secult-Sal.

O Desfile
Muzenza: uma história de resistência! estará presente em todos os aspectos do desfile, que vai contar com a participação de 2 mil componentes. O Bloco Afro Muzenza estará dividido em seis alas: Ala de Rasta; Ala de Dança, composta de cinco partes; Ala de Baianas; Ala de Capoeira; Ala de Percussão e Ala dos Associados. Os elementos do tema estarão presentes no tecido das fantasias, mas a maior representatividade ao tema será mesmo a Ala de Bateria, um dos principais exemplos de resistência do bloco, seja pela energia e força com que vibram seus componentes, seja pela forma como enfrentam as dificuldades do percurso. “Eles são extremamente comprometimento com o resultado da apresentação. Teve um ano que não tivemos dinheiro para comprar o calçado dos percussionistas e cada um saiu com o que tinha. Alguns de sandália e outros até descalços. A energia e a alegria eram as mesmas”, lembra o presidente do Muzenza.

Novidade no Carnaval 2025: Ala Augusto Omolu
Uma das novidades deste carnaval é a criação da Ala Augusto Omolu, uma homenagem ao primeiro coreógrafo do Muzenza, um dos primeiros blocos afro a ter ala de dança. Coreógrafo renomado no mundo inteiro, Augusto Omolu morreu em 2013. Exigente, fazia audição com os bailarinos 15 dias antes do carnaval e só permitia que participassem do desfile aqueles que mostrassem profissionalismo. A nova ala será comandada pelo sobrinho de Augusto, o também coreógrafo Dudé Conceição.

Muzenzinha
Depois de 5 anos, está de volta o bloco mirim Muzenzinha, oriundo do atendimento sócio-educativo desenvolvido pelo Bloco Afro Muzenza. O trabalho é realizado hoje com 60 crianças divididas em duas turmas, uma de percussão e a outra de dança. “No carnaval, a gente sempre saía com um bloco mirim, mas as dificuldades foram apertando e não saímos com bloco desde 2020. Vamos sair esse ano com cerca de 350 crianças de sete a doze anos”, informa o presidente.

FITUR Espanha 2025
O Bloco Afro Muzenza participou no início do ano da FITUR (Feira Internacional de Turismo), que aconteceu em Madri, na Espanha, entre os dias 22 e 26 de janeiro. Comemorando a sua 45° edição, a feira homenageou o Brasil, levando o som dos tambores do Afro Muzenza do Reggae para apresentar ao mundo a força e a energia da cultura de Salvador, da Bahia e do Brasil, nos projetando como um ótimo destino turístico internacional. Foi de arrepiar a receptividade dos espanhóis, visitantes e expositores de todo o mundo.

História do Bloco
O Bloco Afro Muzenza foi fundado em 1981 de uma dissidência do Bloco Olodum. Geraldo Miranda, o Geraldão, que criou o bloco Olodum, se juntou a outro integrante, o cantor Barabadá, e foram trilhando um novo caminho. No dia 5 de maio de 1981 surgia o Muzenza, que logo ganhou uma caraterística que virou sua marca: a influência do reggae. É que seis dias depois morria Bob Marley, a lenda do reggae jamaicano. Era inevitável a homenagem a esse ícone da negritude, abrindo as portas para o movimento rastafari na Bahia.

O nome foi dado pelo artista plástico Raimundo Nonato Santos, o Mundão, hoje no Ilê Aiê. A palavra Muzenza é de origem banto quicongo e significa iaô dos nagôs, nome dado aos iniciantes de candomblé de linha de Angola.

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