Americanas: ação sobe 240% após balanço, mas operação e ‘caixa zero’ são desafios
Valorização em apenas três pregões após resultado trimestral contrasta com números operacionais que excluem o efeito contábil do desconto da dívida com credores
A recuperação judicial da Americanas (AMER3) completa 22 meses nesta terça-feira (19). A empresa varejista busca retomar a normalidade dos negócios e enfrenta a cautela de parte de analistas e investidores enquanto apresenta números mais recentes que “jogam alguma luz” sobre a sua operação e seus indicadores financeiros, de acordo com informações do portal Bloomberg Línea.
A recente divulgação do resultado do terceiro trimestre, o primeiro após a capitalização de R$ 24 bilhões pelos principais acionistas e credores e após os pagamentos à maior parte do segundo grupo, impulsionou na B3 apostas de alguns investidores na hipótese de “página virada” da crise e iminência de uma evolução contínua de agora em diante.
Mas essa euforia, refletida em alta de 240% das ações em três pregões – os ativos sobem perto de 20% nesta terça-feira –, não encontra ainda fundamentos em indicadores de uma empresa ainda endividada e com prejuízos acumulados de R$ 34,3 bilhões. E, mais importante, cujos resultados operacionais ainda não permitem projetar uma retomada sustentada.
O lucro de R$ 10,3 bilhões reportado pela Americanas ao mercado entre julho e setembro foi essencialmente contábil e a companhia ainda enfrenta desafios operacionais com um menor parque de lojas, após o fechamento de 105 unidades nos 12 meses até setembro.
O Ebitda ajustado (ex IFRS 2016) ficou positivo em R$ 252 milhões no terceiro trimestre e em R$ 15 milhões de janeiro a setembro, revertendo números negativos na mesma base em 2023, mas, em ambos os casos, houve impacto da reversão de uma baixa contábil de créditos a compensar de ICMS no valor de R$ 502 milhões.
A dívida atual da Americanas é hoje composta por R$ 1,6 bilhão em debêntures, além de R$ 75 milhões em empréstimos e financiamentos de outras empresas do grupo que não fizeram parte da recuperação judicial.
“No terceiro trimestre, finalizamos o reperfilamento dos credores financeiros, e a dívida bruta da Americanas passou de R$ 45,2 bilhões em junho para R$ 1,7 bilhão no final de setembro″, pontuou a companhia no documento de resultados divulgado na semana passada.
A Americanas informou que ainda tem o compromisso de quitação de dívidas com certos fornecedores, algo que, por opção ou enquadramento, ocorrerá em até 60 parcelas. O pagamento começou em abril deste ano.
A empresa chegou ao fim do terceiro trimestre com R$ 482 milhões em caixa mais equivalentes em recebíveis menos a dívida financeira; mas ela própria reconheceu que no espectro mais amplo das dívidas esse quadro é menos confortável.
“Considerando as dívidas que ainda não foram quitadas decorrentes do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) e detalhadas acima, a companhia apresenta o total de obrigações financeiras mais obrigações remanescentes do PRJ equivalente à soma do caixa mais recebíveis no final de setembro de 2024″, diz no documento.
Sob outra ótica, no entanto, a Americanas celebrou o novo status alcançado: “eliminamos quase a totalidade das dívidas concursais e transformamos a Americanas em uma empresa com dívida equivalente ao seu volume de caixa e recebíveis, endereçando a estrutura de capital”, disse no documento.
Graças ao acerto com os principais credores, bancos e fornecedores, no fim de 2023 e à subsequente injeção de capital feita pelos acionistas principais – o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles –, a reestruturação da Americanas resultou na reversão do patrimônio líquido da companhia de R$ 30,4 bilhões negativos em junho para R$ 5,7 bilhões positivos no fim de setembro.
Hoje a Americanas é controlada pela Sawdog Holdings (28,22%), pela Cedar Trade (15,07%) e pela Samer Investiment (6,62%), que são afiliadas dos bilionários, segundo dados da B3 referentes à posição acionária do último dia 13. Sicupira aparece ainda como pessoa física com 0,09% do capital. Há ainda 151.586 acionistas pessoas físicas, 1.473 pessoas jurídicas e 388 institucionais, donos de outros 50% do grupo.
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