Publicado em 22/10/2024 às 14h50.

Bancos oferecem CDBs de até 15,40% ao ano: como saber se vale a pena o risco?

Para analistas, taxas mais generosas geralmente indicam perigo, exceto quando bancos emitem CDBs que pagam mais para atrair clientes

Redação
Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

Os CDBs são instrumentos importantes para compor uma carteira de renda fixa e um dos ativos mais procurados por investidores que querem começar a diversificar o portfólio para conseguir rentabilidade acima do Tesouro Direto. Apesar de serem considerados seguros, o risco pode aumentar conforme o emissor. E esse risco geralmente está diretamente relacionado a remunerações maiores, de acordo com informações do portal InfoMoney.

Para analistas, as taxas mais generosas geralmente indicam perigo, exceto quando os bancos emitem CDBs que pagam mais para atrair clientes. “Em geral, se não for uma promoção, o sinal de alerta deve ficar ligado”, disse Idean Alves, especialista em mercado de capitais e sócio da Aware Investments.

Levantamento da Quantum Finance feito a pedido do InfoMoney mostrou que as taxas de CDBs prefixados chegaram a 15,40% ao ano entre 7 e 21 de outubro. A média para o mesmo prazo de emissão foi de 12,80%.

 

O que explica as taxas maiores?

Em geral, quanto mais risco de não receber o pagamento daquela instituição, mais prêmio o mercado pede. Excluindo as promoções, Alves diz que “um banco paga mais nos CDBs em função do seu risco de inadimplência ser maior ou do perfil de dívida mais arrojado, emprestando para devedores que têm maior probabilidade de não pagar caso imprevistos aconteçam”.

O perfil da dívida de um banco é um fator importante, já que permite ao investidor saber para quem essa instituição empresta dinheiro. “O banco está captando um dinheiro mais caro porque vai emprestar ainda mais caro para alguém que já não tem acesso a um crédito mais barato e precisa se submeter a taxas maiores se não quiser ficar sem dinheiro; toda essa cadeia aumenta o risco na ponta final, para o investidor que aplicou naquela instituição financeira”, completa Alves.

Ou seja, os clientes de um banco ajudam a definir a taxa de um CDB, “já que algumas instituições estão mais expostas a setores de crédito com maior risco e menor liquidez, como o crédito rural ou imobiliário”, exemplifica Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

No entanto, ele pondera que nem sempre a relação entre taxa e risco é linear, já que, “em alguns casos, bancos pequenos, mas saudáveis, podem oferecer boas taxas sem um risco elevado”. Isto acontece porque os grandes bancos têm mais confiança no mercado e conseguem captar pagando menos. Logo, instituições de menor porte encontram na remuneração mais alta um caminho para atrair investidores e conseguir financiamento.

 

Como avaliar o risco de um CDB

Já que a análise deve ser feita individualmente, algumas ferramentas ajudam o investidor a entender o tamanho do risco que correm. “Relatórios de agências de classificação de risco e dados financeiros disponíveis podem oferecer insights valiosos sobre a solidez da instituição”, diz Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos.

Entre os indicadores financeiros, um dos mais importantes é o Índice de Basileia, usado para indicar a proporção entre o dinheiro do banco e o dinheiro que ele deve para outras empresas (e pessoas). Segundo o Banco Central, uma instituição financeira saudável deve ter um índice mínimo de 10,5% e máximo de 50%.

Além disto, conhecer o perfil da dívida é importante para saber se o banco tem muitas obrigações de curto prazo, o que pode atrapalhar a operação e encarecer a dívida em caso de renegociação. Por fim, os analistas indicam analisar o histórico da gestão para procurar outros potenciais riscos.

 

Vale a pena investir?

Mesmo diante de riscos maiores, os investidores que compram CDBs contam com uma proteção em aplicações de até R$ 250 mil no mesmo grupo econômico ou R$ 1 milhão por CPF, diversificando as instituições.

Para os especialistas, mesmo quando os CDBs são arriscados, estar sob a proteção do FGC “mitiga substancialmente” os riscos, apesar de não os excluir, segundo Lima. Caso a instituição quebre, o investidor ainda vai estar sujeito à dificuldade em resgatar o capital antes do vencimento e ao risco de reinvestimento, o risco de não conseguir taxas tão boas quanto as contratadas anteriormente.

por fim, Régis Chinchila diz que “diversificar investimentos entre diferentes bancos e produtos é uma estratégia prudente para reduzir riscos”.

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