BNDES lança medidas para ampliar desembolso a empresas
Pacote contempla micros, pequenos e médios empresários, mas, na prática, enterra o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), marca do governo petista
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou um pacote de medidas que facilita o financiamento aos micros, pequenos e médios (MPMs) empresários. Por outro lado, no entanto, aumenta os juros, mesmo de contratos já firmados dentro do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), conforme antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) na segunda-feira (12).
A intenção é ampliar o desembolso a esse grupo de empresas em R$ 5,4 bilhões em um ano, contados a partir do início de 2017. Na prática, a medida enterra o PSI, uma marca do governo petista, que liberou dinheiro a custo baixíssimo, obrigando o Tesouro Nacional a, por vezes, complementar o orçamento do banco.
Entre as medidas está o refinanciamento de contratos que ainda têm parcelas em aberto, parte por inadimplência. Ao todo, o banco conta com R$ 100 bilhões a receber de contratos passados. Desse total, R$ 10 bilhões devem ser renegociados com MPMs, para que, em vez dos juros de 2,5% a 5,5% cobrados no passado, paguem TJLP de 7,5%. Em contrapartida, é oferecido o alongamento do pedaço do pagamento.
Com isso, o Tesouro não precisará mais fazer equalizações – repasse de créditos ao BNDES -, segundo o diretor de Operações Indiretas do banco, Ricardo Ramos. Para os agentes repassadores, o ganho é evitar a inadimplência por conta do alongamento do prazo e da alternativa dada ao cliente de ter a garantia de liberação do dinheiro sem a demora por atraso no pagamento.
Entre as facilidades oferecidas às empresas de menor porte está a extensão do limite de faturamento exigido para o enquadramento, de R$ 90 milhões para R$ 300 milhões; redução do processo de financiamento, de 30 para dois dias úteis; e liberação de até R$ 70 milhões para capital de giro, com prazo de pagamento de cinco anos.
A liberação de dinheiro para capital de giro, inclusive para grandes empresas, será retomada pelo banco em sua nova política operacional, que deve ser anunciada em janeiro, segundo Ramos.
Ele diz que as mudanças são estratégicas e não conjunturais. Portanto, não estariam diretamente relacionadas à crise econômica. Mas a recessão e a velocidade com que a atividade vai se recuperar em 2017 podem afetar a meta de desembolso. “Se tudo o que fazemos hoje tivesse sido feito antes, 2016 teria sido melhor”, afirmou.
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