Edival Passos é economista e pós-graduado em gestão pública.
Brasil, país de um povo empreendedor
É isso mesmo. Isso não é sonho, nem intenção. Isso é realidade.
Isso não é invenção de Edival Passos. É o que traduz a Pesquisa GEM 2014, divulgada em 2015. Empreendedorismo no Brasil 2014 – GEM 2014, versão nacional para o projeto Global Entrepreneurship Monitor – GEM.
Precisamos ver o nosso País muito mais pelas coisas positivas que ele tem, e tem uma porção, do que pautarmos o nosso discurso e as nossas conversas do cotidiano pela principalidade das coisas negativas ou insuficientes, que ainda temos.
Sei que não devemos camuflar as coisas negativas e com relação a elas temos que corrigí-las e superá-las. Sei que precisamos superar nossas insuficiências e precisamos tomar medidas para tanto.
Mas, precisamos entender também que, não se acaba com muitas coisas negativas de uma hora para a outra quando sabemos que elas vêm de séculos e cresceram demais. Lamentavelmente, fazem parte hoje em dia da lógica de vida de grande parte do nosso povo, a exemplo daquela máxima conhecida como Lei de Gerson, de querer “levar vantagem em tudo” em qualquer atividade que a pessoa exerça, pública ou privada.
Gerson Oliveira Nunes, o “canhotinha de ouro” da seleção brasileira tricampeã de futebol em 1970, teve a infelicidade de fazer um comercial de cigarros nos anos 80, no qual afirmava “o negócio é levar vantagem em tudo, certo?” Desde então, e quem é dessa época sabe, essa máxima, lamentavelmente transformou-se em regra/conduta/comportamento de muitos, no mundo dos negócios e no mundo da coisa pública.
É claro que as mazelas comportamentais no Brasil não começaram com a infeliz frase de Gerson, elas vêm acontecendo desde a época do descobrimento do Brasil, com a prática de servir bem ao Rei e em troca receber favores. Que o diga Pero Vaz de Caminha na sua histórica carta ao Rei de Portugal, naquela sexta-feira, dia 1º de maio de 1500, ao pedir ao Rei Dom Manuel que liberasse o Jorge de Osório, seu genro, condenado por assaltar uma igreja e ferir um padre e que recebera como punição o degredo na Ilha de São Tomé. Veja o parágrafo final da Carta, quando Pero Vaz de Caminha faz o pedido ao Rei.
“E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que por me fazer singular mercê, mande vir da Ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro – o que d’Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza.”
Mas, tem que se reconhecer que vimos avançando na definição de regras/normas/leis para combater fraudes, corrupção, malversações, etc, etc, etc.
Ora, essas insuficiências ou práticas negativas não podem ser elementos para desacreditarmos no Brasil, independente do matiz político de cada um que dirigiu ou dirige nosso País, os Estados e os Municípios.
Os grandes meios de comunicação de massas no Brasil precisam dar mais tempo em seus noticiários para as coisas boas e positivas do Brasil, que temos em dimensão exponencial e muito superior às coisas negativas, insuficientes e aos crimes.
Quanto seria importante e que efeito positivo causaria junto a toda a sociedade brasileira em todos os cantos do Brasil, se todas as nossas redes de TV, todos os nossos jornais impressos e todas as nossas rádios, durante uma semana inteira repetissem todos os dias essa manchete:
Atenção, Atenção, o Brasil é o país do mundo com maior taxa de Empreendedorismo de Negócios!
Trinta e quatro vírgula cinco por cento (34,5%) da população brasileira entre 18 a 64 anos de idade têm um negócio. Em outras palavras são proprietárias do seu próprio negócio. Em números absolutos são aproximadamente 45.000.000 (quarenta e cinco milhões) de brasileiros que vivem do seu empreendimento próprio.
É muito gratificante para mim que fui dirigente do Sebrae Bahia entre 2005 a 2015, onde dei minha pequena parcela de contribuição para essa nova realidade do Empreendedorismo no Brasil, e um verdadeiro oxigênio para a autoestima do povo brasileiro sermos reconhecidos como o País 1º lugar no ranking do empreendedorismo de negócios do planeta terra. Isso é bom demais!
Vamos à comprovação desse grande feito do povo brasileiro, com números.
Gráfico 1 – Evolução da atividade empreendedora segundo estágio do empreendimento TEA, TEE, TTE – Brasil – 2002:2014
Além de um jeito de ser que encanta o mundo os brasileiros também são os mais empreendedores. Estamos transformando criatividade em empreendedorismo.
E o Nordeste brasileiro, como anda com o empreendedorismo?
Em 2014, na região Nordeste, a taxa total de empreendedores – TTE (iniciais e estabelecidos), como percentual da população entre 18 e 64 anos, foi de 36,4%, a maior dentre as regiões brasileiras e superior à do Brasil (34,5%).
Tabela 1.1.1 – Evolução das taxas¹ de empreendedorismo segundo estágio² dos empreendimentos – Região Nordeste – 2012:2014
E quais são os principais sonhos dos brasileiros?
Como pode-se verificar na tabela 1, “Ter seu próprio negócio” é o terceiro mais importante Sonho dos brasileiros. Mais uma comprovação inconteste de que o Empreendedorismo está na veia dos brasileiros.
E os principais sonhos dos nordestinos brasileiros?
Como podemos ver na Tabela 2, a seguir, nossos irmãos nordestinos não deixam para trás e estão arretados pelo Empreendedorismo. Enquanto para os brasileiros no geral, “Ter o seu próprio Negócio” é o terceiro mais importante Sonho, para os nordestinos “cabra da peste” este é o seu segundo mais importante Sonho. O Nordestino também não quer mais andar de Jegue. Ele agora quer ser transportado de Automóvel, conforme comprova na Pesquisa – “Comprar um automóvel” é o seu quarto (4º) mais importante Sonho.
Essa verdadeira paixão dos brasileiros pelo Empreendedorismo, coloca também alguns desafios importantes, frente aos quais os governos federal, estaduais e municipais, juntamente com as entidades representativas do empresários e dos trabalhadores e a academia brasileira, deveriam convergir esforços para implementação dos mesmos, principalmente tendo em vista o momento porque passa a economia brasileira:
– um novo e urgente modelo educacional que introduza novas disciplinas do saber, principalmente aquelas voltadas para a educação de recorte empreendedor, como: saberes voltados ao desenvolvimento da criatividade em todos os estágios educacionais; saberes voltados para o desenvolvimento do protagonismo humano no – precisamos construir em escala uma sociedade brasileira de seres humanos sujeitos; saberes voltados para o desenvolvimento do espírito inovador em todos es estágios educacionais e todas as profissões; saberes sobre gestão de negócios, de instituições públicas e do terceiro setor em todos os cursos profissionalizantes e profissões de nível superior, etc.;
– Mudanças radicais no sistema de crédito brasileiro, para que ele seja um estímulo e não um entrave ao Empreendedorismo e em especial ao Empreendedorismo Nascente. Nesse sentido, o BNDES deveria lançar o Prêmio Inovar Crédito, através de um Concurso Nacional de Idéias Inovadoras junto às faculdades de Economia e Administração por todo o País. É preciso um tratamento de choque junto ao sistema financeiro nacional, exageradamente valorizador do risco e de outras regras igualitárias descabidas;
– colocar em funcionamento, a todo vapor, os CVTT – Centros de Vocação Tecnólogica Territorial para o aperfeiçoamento de nossas vocações produtivas e introdução das novas tecnologias necessárias;
– acelerar e efetivar a desburocratização nos processos de aberturas dos novos negócios, através da Redesin – Rede Nacional de Simplificação dos Negócios, conforme já previsto na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresa (Lei Complementar nº 123/2006);
– fortalecer o Sistema”S” com os convênios e outras parcerias governamentais para a implementação em escala, dos programas e projetos voltados para o empreendedorismo e a qualificação técnica profissional dos trabalhadores brasileiros;
– governos federal e estaduais devem construir parcerias preferenciais com os municípios brasileiros que tenham políticas e programas voltados para uma Gestão Pública Empreendedora;
– avançar ainda mais na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (Lei Complementar nº 123/2006) em apoio ao empreendedorismo nascente, com desoneração de impostos e taxas durante o primeiro ano de existência para os novos pequenos negócios definidos na lei.
Os setores produtivos da Economia, em especial os que compõem o que eu chamo de economia dos pequenos negócios precisam ter tratamento diferenciado em tempos de crise. Essa tipologia de negócios em tempos de crise, pelas suas características, vão pra linha de frente com ousadia e galhardia e por isso precisam ser tratados de forma ainda mais diferenciada e favorecida.
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