Brasil perde mais de 430 mil empregos na construção entre 2015 e 2016
Os dados são do IBGE, que divulgou nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, a Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2016 (Paic)
![Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil](http://d1x4bjge7r9nas.cloudfront.net/wp-content/uploads/2018/06/07072551/antonio_cruz_casa_popular-edificio-constru%C3%A7%C3%A3o.jpg)
Nielmar de Oliveira
A crise econômica que atingiu o país nos últimos anos levou a indústria da construção a perder 432 mil empregos formais entre 2015 e 2016, uma retração de 19% que se deu em todos os segmentos, principalmente na infraestrutura, onde o recuo foi de 15%.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta quinta-feira (7), no Rio de Janeiro, a Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2016 (Paic). O estudo indica que, naquele ano, a atividade da construção somou R$ 318,7 bilhões em incorporações, obras e serviços da construção.
O valor das obras e serviços da construção atingiu R$ 299,1 bilhões, sendo que 31,5% provenientes de obras contratadas por entidades públicas (R$ 94,1 bilhões) e o restante por pessoas físicas e/ou entidades privadas.
As empresas ativas da indústria da construção com mais de uma pessoa ocupada totalizaram 127 mil, ocupando cerca de dois milhões de pessoas em 2016. O gasto com salários, retiradas e outras remunerações atingiu R$ 58,5 bilhões e o salário médio mensal pago na atividade foi de R$ 2.235,2.
Para o gerente da pesquisa, José Carlos Guabyraba, em 2016, “vários setores reduziram muito as suas atividades e o que mais sofreu foi o de infraestrutura com menor aporte e redução drástica de investimentos, principalmente do estado, que parou ou diminuiu os investimentos principalmente nas usinas, rodovias e ferrovias, o que vinha sendo mantido pelos governos anteriores a 2016”.
“Foi um fenômeno que atingiu todos os níveis de empresas com cinco ou mais empregados ou com menos de cinco, com a média de redução entre elas registrando uma recuo de 15%”.
Ainda assim, em 2016, a atividade de obras de infraestrutura foi a que anotou a maior média de pessoal ocupado por empresa (45) e o maior salário médio (3,3 salários mínimos mensais), ambos acima da média do total da indústria da construção.
O IBGE destaca que, entre os produtos e/ou serviços oferecidos pelas empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas, as obras residenciais foram as que mais ganharam participação no ranking, passando da quinta posição (15,1%) em 2007 para a primeira (26,7%), em 2016.
A construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais, que representava a primeira colocação em 2007 (21,4%), caiu para a segunda posição 18,4% em 2016.
Importante fonte de dados setoriais para compreender o segmento empresarial da atividade da construção no país, a Paic é realizada pelo IBGE desde 1990. As informações são indispensáveis para a análise e o planejamento econômico de empresas do setor privado e dos diferentes níveis de governo.
Obras de infraestrutura – Praticamente no auge da crise econômica do país, refletida na queda do Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas produzidas no país), foi o setor de infraestrutura, altamente dependente de investimentos públicos, o que mais sofreu com a falta de recursos e a suspensão de investimentos importantes para o setor.
Os dados da pesquisa indicam que, entre 2007 e 2016, houve uma queda da participação das obras de infraestrutura, que passaram de 45,6% em 2007 para 29,5% no valor adicionado desse setor, enquanto crescia a participação da construção de edifícios (de 39,7% para 45,9%); e dos serviços especializados (de 19% para 24,6%).
“Pode-se observar, por exemplo, que mesmo em relação às usinas do Norte do país [vitais para o abastecimento de energia] a construção das unidades caiu porque houve redução de investimentos, então, repito, a infraestrutura foi a que mais sentiu o baque”, disse o gerente do levantamento.
“Na realidade não houve o fim das obras no Norte do país, conclui-se só uma: Belo Monte. E as outras [tiveram] seus investimentos diminuídos. Então, houve uma desaceleração das obras em decorrência da crise econômica, que é mundial, mas que afetou mais o Brasil, que tem a sua economia muito atrelada ao exterior”, explicou.
Gastos com pessoal – Outra constatação da pesquisa é a que indica que o principal item de custos e despesas da atividade de construção em 2007, assim como já era em 2016, foi o referente aos gastos de pessoal, que passaram de 29,1% para 32,4% dos custos do setor, entre um período e outro, uma vez que o consumo de materiais de construção teve queda de 26% para 22,6%.
Mesmo sendo o segmento que, em termos reais, foi o principal item de custos e despesas do setor de construção, a massa salarial paga ao pessoal empregado registrou queda de 21% entre 2007 e 2016. “E isso se deu em razão do desemprego, que impactou na redução da massa salarial paga ao total das pessoas empregadas”, disse Guabyraba.
O consumo de materiais de construção, que chegou a 26% no início do período, caiu para 22,6% em 2016. Por sua vez, as obras e/ou serviços contratados a terceiros também figuraram entre os principais custos e despesas da atividade de construção, apesar da diminuição na parcela do total, passando de 10,5% em 2007 para 9,5%, em 2016.
Entre os produtos e/ou serviços oferecidos pelas empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas, as obras residenciais foram as que mais ganharam participação no ranking, passando da quinta posição (15,1%) em 2007 para a primeira (26,7%), em 2016.
A construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais, que representavam a primeira colocação em 2007 (21,4%), caiu para a segunda posição (18,4%) em 2016.
Estrutura da indústria por região – Quando analisada regionalmente, os números da Pesquisa Anual da Indústria da Construção mostram que o Sudeste, apesar de ter perdido participação para as demais regiões, permaneceu como o principal representante, tanto em 2007 como em 2016, em relação ao número de pessoas ocupadas e ao valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção, dentre as grandes regiões do Brasil.
Os números indicam que o Sudeste participou com 52,4% no total de pessoal ocupado em 2007, diminuindo para 48% em 2016. Em relação ao valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção, a mesma região detinha 56,2% no início do período analisado, passando para 51,1% no final.
Foi a Região Sul, no entanto, que apresentou o maior crescimento da representatividade entre 2007 e 2016, no número do pessoal ocupado, ganhando 3,3 pontos percentuais. Quanto ao valor das incorporações, obras e serviços da construção a região cresceu 3,1 pontos percentuais.
Já a Região Nordeste teve aumento de participação de 2007 para 2016, tanto no pessoal ocupado como no valor das incorporações, obras e/ ou serviços da construção, ao passar de 19,5% para 21,4% e de 15,7% para 19,2%, respectivamente. As Regiões Centro-Oeste e Norte permaneceram com a quarta e quinta representação em ambas as variáveis analisadas, tanto em 2007 quanto em 2017.
Mais notícias
-
Economia
18h38 de 26 de julho de 2024
Em alta, dólar fecha em R$ 5,66 após críticas de Lula a Campos Neto
Moeda teve alta de 0,78% na semana, ganho de 1,06% no mês e alta de 16,39% no ano; dólar começou dia em baixa, mas inverteu sentido
-
Economia
18h11 de 26 de julho de 2024
Bandeira tarifária de energia volta a ser verde, sem cobrança extra
Contas de junho tiveram acréscimo devido à chuva abaixo da média
-
Economia
17h52 de 26 de julho de 2024
Ibovespa fecha com alta de 1,2%, puxado por Vale e inflação nos EUA; Usiminas desaba
Bolsas dos EUA fecham com forte alta, após dados de inflação em linha com expectativas
-
Economia
17h30 de 26 de julho de 2024
Eletrobras: possível acordo com governo progride – e pagamento deve ficar de fora
Companhia criaria um assento extra no Conselho de Administração, levando total para 10, e 3 desses 10 seriam garantidos ao governo federal
-
Economia
17h12 de 26 de julho de 2024
No McDonald’s, promoção de combo a US$ 5 aumentas a frequência de clientes nos EUA
Preço mais acessível tem ajudado rede trazer de volta clientes de menor renda que tinham trocado McDonald’s por restaurantes com preços mais baixos
-
Economia
15h56 de 26 de julho de 2024
Lula sanciona criação de título de renda fixa para estimular indústria
Limite de emissão da LCD será de R$ 10 bilhões anuais
-
Economia
15h28 de 26 de julho de 2024
Colheita de café 24/25 do Brasil avança a 81%, diz Safras
Levantamento apontou que 95% da safra de café conilon já foi colhida, ante 89% no mesmo período do ano passado
-
Economia
14h41 de 26 de julho de 2024
Petz salta na B3 após dizer que prazo para negociar com Cobasi pode ser estendido
Em relatório sobre riscos de canibalização da possível fusão entre Petz e Cobasi, analistas da XP estimaram 38 possíveis fechamentos de loj
-
Economia
14h27 de 26 de julho de 2024
Banco Central não tem motivo para aumentar a Selic, avalia gestor da Kinea
Roberto Elaiuy diz que vê ‘prêmio de risco’ na curva de juros, que embute um aumento de 1 ponto na Selic até fim do ano
-
Economia
14h13 de 26 de julho de 2024
Juros do cartão de crédito têm alta de 7,1 pontos percentuais e atinge 429,5% ao ano em junho
Taxa média de juros atingiu 39,6% ao ano em junho, com decréscimos de 0,3 ponto percentual no mês e de 4,6 pontos percentuais em 12 meses