Publicado em 26/09/2024 às 15h50.

Campos Neto afirma que ciclo de alta da Selic ‘continua em aberto’

De acordo com o presidente do Banco Central, não há orientação sobre nível de aumentos da taxa de juros e nova decisão “depende de dados”

Redação
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

 

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou nesta quinta-feira (26) que o ciclo de aumento da taxa básica de juros, a Selic, “continua em aberto”. Ele destacou que o BC não queria oferecer nenhuma “indicação prévia” ao justificar a decisão de elevar a Selic na semana passada, de 10,50% para 10,75%. “Precisamos monitorar os dados”, afirmou.

Durante uma coletiva de imprensa em São Paulo, relacionada ao Relatório de Inflação do 3º Trimestre, Campos Neto foi questionado sobre os dados mais recentes da inflação (IPCA-15), que ficaram abaixo das expectativas do mercado. Ele foi perguntado se isso não indicava uma desaceleração nos preços, o que poderia contrariar o aumento de juros decidido pelo BC na semana anterior.

Campos Neto reconheceu que o resultado do IPCA-15 foi positivo, fato já antecipado pelo BC. No entanto, ele acrescentou que a decisão sobre a Selic “não se baseia em números de curto prazo”.

Em resposta aos jornalistas, ele também mencionou que, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 17 e 18 deste mês, o BC não considerou um aumento da Selic de 0,50 ponto percentual, optando por um ajuste de 0,25 ponto percentual.

No Relatório de Inflação do 3º Trimestre, divulgado também nesta quinta-feira, o BC revisou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2024, elevando-a de 2,3% para 3,2%. Para 2025, a projeção foi mantida em 2%.

O relatório destaca que a economia brasileira continuou robusta no segundo trimestre, com crescimento superior ao esperado, o que levou a uma revisão para cima nas previsões de crescimento para 2024. Também foi mencionado que os impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul foram menores do que o previsto, contribuindo para essa surpresa.

O documento aponta ainda um aumento no consumo das famílias, nos investimentos e nos setores mais cíclicos da economia. No lado da oferta, a revisão do PIB reflete avanços em todos os setores.

A previsão para a agropecuária, por exemplo, passou de uma queda de 2,0% para uma retração de 1,6%. No caso da indústria, a expectativa de crescimento subiu de 2,7% para 3,5%. Já para o setor de serviços, a projeção foi ajustada de 2,4% para 3,2%.

O BC também estima um hiato do produto positivo de 0,5% nos segundo e terceiro trimestres deste ano, em comparação com previsões anteriores de -0,2% e 0%, respectivamente. O hiato do produto mede a ociosidade da economia, comparando o produto efetivo com o potencial. Um hiato positivo indica uma economia aquecida.

Para o último trimestre de 2024, o BC projeta um hiato positivo de 0,3%, frente à estimativa anterior de -0,4%. Já para o primeiro trimestre de 2026, a previsão é de um hiato negativo de 0,3%.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.