Publicado em 05/04/2023 às 15h03.

Campos Neto elogia arcabouço fiscal e aponta ‘esforço’ do governo para cortar gastos

Presidente do BC disse que o banco não gosta de manter juros altos, mas precisa acompanhar o "canal de expectativas".

Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou a proposta de arcabouço fiscal apresentada na semana passada pela equipe econômica como superpositiva. O representante da autoridade monetária disse nesta quarta-feira (5) que “está sendo feito um esforço grande por parte do governo” na gestão de gastos. As informações são da Exame.

Para Campos Neto, há uma ansiedade no mercado pelo corte de despesas, mas existe um problema estrutural no Brasil para reduzir gastos. “Não é desse governo, é de muitos e muitos anos”. “Quando a gente olha o governo dizer que vai crescer, no mínimo, 0,6% real os gastos, temos de entender que tem uma parte que é encomendada já, por regra. Temos 46% da despesa que cresce a 1,5%. Quando se fala que vai crescer 0,6%, tem algum esforço envolvido nisso”, disse.

De acordo com formato divulgado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), o arcabouço fiscal tem como meta um déficit  este ano de R$ 100 bilhões (cerca de 50% do montante previsto na lei orçamentária), neutralidade fiscal em 2024 e superávits de 0,5% e 1% do PIB em 2025 e 2026. Os gastos podem crescer acima da inflação em 70% da variação das receitas, com mínimo de 0,6% e teto de 2,5%. O texto deve ser enviado ao Congresso Nacional na próxima semana.

Para a equipe econômica, o plano pode estimular o BC a reduzir os juros. Campos Neto ressaltou nesta quarta que nenhum banco central gosta de manter juros alto, mas precisa observar o “canal de expectativa” (de inflação futura), que é o que está motivando a manutenção da Selic em 13,75% ao no.

“Eu tento ser realista, incorporar o cenário nos nossos modelos. Acho que o problema do juro é um problema de todos nós”, completou o presidente do BC. “O custo de combater a inflação é muito alto e é sentido muito a curto prazo. O custo de não combater é muito mais alto, muito mais nocivo e muito mais perene”, comentou.

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