Cielo recebe aval para sair da Bolsa; como ficam os acionistas?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o registro de oferta pública de aquisição (OPA) da Cielo (CIEL3) e, desta forma, deu sinal verde para o fechamento de capital da empresa, de acordo com informações do portal InfoMoney.

A OPA é realizada quando uma empresa da Bolsa decide deixar de negociar suas ações. Na prática, trata-se da venda dos papéis dos sócios minoritários para os acionistas que detêm as maiores participações, ou para um grupo controlador.

No caso da Cielo, a definição do preço inicial da oferta enfrentou resistência dos minoritários e acabou sendo fixado em R$ 5,57 mais a correção pela taxa do CDI até o dia da operação. Hoje, os papéis da empresa estão sendo negociados por R$ 5,70 na Bolsa.

O investidor é obrigado a vender suas ações?

O investidor não é obrigado a vender suas ações, afirma Luís Nuin, analista de investimentos. O especialista pondera que, como a grande maioria dos acionistas vai participar da OPA, é recomendável que todos os detentores de ações também o façam.

“As ações (que não forem vendidas) passariam a ser negociadas com baixíssima ou até nenhuma liquidez. Por essa razão, é altamente aconselhável que a totalidade dos investidores participe da OPA”, disse.

Investir antes da Opa pode ser uma oportunidade?

Em recente relatório, Fabiano Vaz, da Nord Investimentos, sugere cautela neste tipo de operação – inclusive para quem já tinha o papel da companhia na carteira.

“A OPA deve ser finalizada em meados de agosto. Sendo assim, sugerimos que as posições em Cielo sejam desmontadas de forma gradual e próxima ao valor ofertado de R$ 5,60”, disse.

Eduardo Nishio, analista da Genial Investimentos, vai na mesma linha. “Entendemos que é mais vantajoso e menos volátil alocar em instrumentos de renda fixa CDI+”, sugeriu em relatório sobre a empresa.

Meu preço médio é maior do que o valor da Opa, e agora?

“Se seu preço médio é superior ao valor que foi ofertado, infelizmente, não há muito o que ser feito. Como dito acima, suas ações não serão mais negociadas e, portanto, o acionista com preço médio superior à OPA amargará o prejuízo”, disse Nuin.

A opção pela OPA da Cielo foi acertada?

Para Nuin, a Cielo “nadou de braçada” por alguns anos com pouca concorrência e sem a presença de novas tecnologias. No entanto, o setor de atuação da companhia mudou demais nos últimos anos e derrubou a cotação da empresa – que chegou a valer R$ 30 por ação em meados de 2015.

“Os intervalos de preço resumem um pouco a trajetória da empresa nos últimos 15 anos em que esteve listada. Com o capital fechado, a Cielo deixa de ter pressão dos investidores por rentabilidade e pode ter tempo para mudar seus rumos”, concluiu o especialista em investimentos.