Governo negocia exclusão de alimentos e aeronaves da Embraer do tarifaço com os EUA

Faltando três dias para que a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros entre em vigor, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negocia a exclusão de itens estratégicos da lista, como alimentos e aeronaves da Embraer. As informações são do jornal Folha de São Paulo.

Segundo matéria do InfoMoney, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, tem dialogado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, na tentativa de preservar esses setores do “tarifaço” sob o argumento de que, além de possuírem um forte peso na pauta exportadora, alguns desses produtos, como as aeronaves da Embraer, utilizam peças importadas dos Estados Unidos.

O Brasil é o maior exportador global de suco de laranja com 42% de sua produção sendo destinada ao mercado americano. No caso do café, os EUA compraram 2,87 milhões de sacas brasileiras entre janeiro e maio deste ano, valor equivalente a 17,1% das exportações do setor, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Negociações travadas

Com o prazo final estipulado por Trump para implementação da sobretaxa marcado para esta sexta-feira (1º), os diálogos entre Washington e Brasília seguem sem avanços concretos, apesar do contato frequente entre as partes.

Uma comitiva de oito senadores, liderada por Jaques Wagner (PT-BA), está em Washington para tentar sensibilizar empresários e autoridades, mas a possibilidade de conseguir um adiamento do prazo é vista como pouco provável. O chanceler Mauro Vieira também está nos EUA, em Nova York, onde participa de um evento da ONU. Apesar disso, não há confirmação de encontro com membros do governo Trump.

O próprio presidente Lula já afirmou que Alckmin “todo dia liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”. O governo brasileiro insiste que não fará concessões políticas, como interferir no processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro ou flexibilizar a regulação de plataformas digitais, e que o foco das conversas é estritamente comercial.

Na tarde de segunda-feira (28), Lutnick afirmou que a entrada em vigor das tarifas globais, o que incluiria o Brasil, não será adiada.