Publicado em 01/04/2025 às 06h57.

Em Paris, Haddad diz que Brasil e França convergem na tributação dos super-ricos

Viagem do ministro a Paris também serve como preparação para a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, em junho

Redação
Foto: Diogo Zacarias/MF

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Brasil e a França têm convergido na agenda de tributação dos super-ricos. Haddad discursou em uma conferência na universidade Science Po sobre desafios climáticos e ressaltou a importância da cooperação internacional no tema.

“Na defesa da tributação dos super-ricos, um imperativo moral diante do avanço das oligarquias dentro das democracias, França e Brasil mostraram o caminho da coordenação Norte-Sul que pode ajudar o sistema internacional a sair do impasse”, afirmou Haddad.

A proposta de tributação global de até 2% da renda dos super-ricos foi elaborada pelo economista francês Gabriel Zucman e recebeu apoio da vencedora do Prêmio Nobel de Economia de 2019, Esther Duflo. O Brasil encampou a ideia durante sua presidência do G20 no ano passado, e Haddad destacou o apoio da França na articulação internacional sobre o tema.

O ministro também ressaltou a relevância da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) para fortalecer o multilateralismo e espera que a França mantenha o apoio ao Brasil. “Sem intelectuais como Zucman e Duflo, não teríamos alcançado a Declaração sobre Cooperação Tributária Internacional e o documento final do G20 no Rio. Esperamos reeditar essa parceria na COP com outras bandeiras”, disse.

Haddad enfatizou que Brasil e França podem liderar uma retomada do multilateralismo, especialmente diante das recentes mudanças no governo dos Estados Unidos. “A melhor resposta à crise no multilateralismo é ousarmos ainda mais nele”, declarou.

Na visão do ministro, mecanismos de financiamento internacional devem estar “no coração do debate” sobre mudanças climáticas. Ele defendeu que a COP30 seja “a COP da implementação”, transformando ideias em ações concretas. “O Brasil tem de liderar pelo exemplo, promovendo uma agenda climática inclusiva e focada em soluções reais”, afirmou.

Entre as iniciativas do governo brasileiro mencionadas por Haddad estão o Mecanismo de Financiamento para Florestas Tropicais (TFFF, na sigla em inglês), fundo de US$ 125 bilhões com recursos de governos e empresas privadas, e a criação de um marco regulatório para o mercado de carbono. “A inovação na governança é a melhor resposta à desinformação que polui o debate público”, declarou.

A viagem de Haddad a Paris também serve como preparação para a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, em junho. As discussões entre os países estão focadas no Plano de Transformação Ecológica e na reforma do G20.

Ainda na segunda-feira (30), Haddad participou de um jantar em sua homenagem na Science Po. Nesta terça-feira (1º), ele se encontra com o ministro da Economia francês, Éric Lombard, e almoça com empresários locais. Em seguida, discursa na abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França. O retorno a Brasília está previsto para a madrugada de quarta-feira (2).

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