Publicado em 24/10/2024 às 13h09.

Hypera rejeita fusão com EMS e cita proposta baixa e portfólios distintos

Conselho de administração apontou que foco da EMS em genéricos não está alinhado com segmentos que enxerga como estratégicos

Redação
Reprodução: Hypera

 

A Hypera rejeitou a proposta de fusão apresentada pela EMS, segundo fato relevante divulgado nesta quinta-feira (24), de acordo com informações do portal Bloomberg Línea.

A decisão unânime do conselho de administração era esperada por analistas, que avaliaram, assim como os principais acionistas, como baixo o preço de R$ 30 por ação fixado tanto para a troca de ações como para uma OPA (oferta pública de aquisição de ações) para comprar 20% do capital.

O preço fixado implicava prêmio de 16,9% sobre o fechamento do pregão anterior (R$ 25,67), mas estava em linha com o valor de negociação durante vários meses de 2024.

“Concordamos em absoluto com a decisão do conselho de administração pela recusa da proposta e reiteramos nosso compromisso de apoiar o plano estratégico de longo prazo da companhia, bem como as diretrizes de governança corporativa e cultura construídas ao longo dos últimos anos”, disse João Alves de Queiroz Filho, principal acionista da Hypera, em correspondência divulgada hoje em outro comunicado.

O conselho da Hypera apontou três justificativas para recusar a oferta:

O portfólio de produtos da EMS, substancialmente focado em medicamentos genéricos, não está alinhado com os segmentos que a companhia avalia como estratégicos;

A Hypera e a EMS têm cultura organizacional e práticas de governança corporativa absolutamente distintas, sendo a Hypera uma companhia aberta desde 2008, com substancial dispersão acionária, e a EMS uma empresa familiar de capital fechado;

A avaliação atribuída à companhia na proposta subestima significativamente o valor da Hypera.

A apresentação da oferta da EMS, que pertence à família Sanchez, na última segunda-feira (21) ocorreu após a Hypera ter alertado seus clientes sobre a necessidade de otimizar o capital de giro, com redução de prazos de pagamento concedidos a eles, citando o impacto da alta dos juros e os riscos de crédito.

O plano da Hypera é buscar uma redução do ciclo de recebíveis, de 116 dias no segundo trimestre para 60 dias no quarto trimestre de 2025.

A Hypera também apresentou resultados preliminares considerados decepcionantes no terceiro trimestre e abandonou o guidance (projeção) para o ano de 2024, segundo apontaram analistas do Goldman Sachs em relatório.

A discussão de uma potencial fusão com outros players ou uma aquisição entre as duas empresas já ocorreu no passado, quando a ação da Hypera era muito mais valorizada, observou o analista Vinicius Figueiredo, do Itaú BBA, em relatório. Ele já previa que a OPA de R$ 30 teria dificuldades de ser aceita.

 

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