Publicado em 01/11/2024 às 13h09.

Ibovespa cai por temor fiscal e ignora altas após apostas de queda dos juros nos EUA

Investidores locais demonstram desconforto com atraso na divulgação do plano de corte de despesas pelo governo federal

Redação
Reprodução: Patricia Monteiro/Bloomberg

 

O Ibovespa (IBOV) ignora a alta das bolsas internacionais, após o relatório de emprego americano fraco reforçar as apostas de queda de 0,25 ponto porcentual no juro nos Estados Unidos (EUA) na semana que vem. Tampouco anima o avanço superior a 2,00% nas cotações do petróleo no exterior e de 1,1% da produção industrial brasileira em setembro, de acordo com informações do portal InfoMoney.

Os investidores locais demonstram desconforto com o atraso na divulgação do plano de corte de despesas pelo governo federal, já que na semana que vem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará fora do País, em visita à Europa. “O mercado já está imaginando um pacote fiscal baixo, de R$ 25 bilhões, e o Haddad ainda vai viajar? Fica difícil assim”, diz um especialista em renda variável. O dólar avança a R$ 5,8127, na máxima, e os juros futuros também sobem, apesar do alívio nos rendimentos dos Treasuries.

Sem novidades na seara fiscal, Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, pontua que segue crescente a expectativa dos mercados pela divulgação do plano de corte de gastos. “Ficam apreensivos, no aguardo dos detalhes, e a viagem do Haddad atrapalha um pouco em termos de timing da apresentação”, pontuou.

Apesar dos sinais de que o governo cortará despesas, a definição de uma data do anúncio do pacote eleva a apreensão dos investidores, como retrata a saída de recursos do exterior da B3, segundo o economista. Em outubro até quarta-feira, 30, houve retirada de R$ 2,195 bilhões. “O fluxo de estrangeiros não tem ganhado tração mesmo com a essa expectativa”, afirma Ashikawa.

Para Anderson Miranda, head de distribuição W1 Capital, o mercado deve manter cautela até que a incerteza quanto ao valor e à dada do plano fiscal saia de cena. “Ficará cauteloso até essa dúvida acabar. Outro fator que atrapalha é a eleição nos EUA”, disse.

Depois de ter perdido na quinta-feira (31) a importante marca psicológica dos 130 mil pontos, mais cedo o Índice Bovespa ameaçou abandonar a marca dos 129 mil pontos mesmo após ter encerrado outubro com queda de 1,60%. O movimento ocorre apesar das máximas nos índices de ações norte-americanos, na esteira do payroll e balanços de empresas americanas.

O relatório de emprego dos EUA mostrou uma criação de vagas de 12 mil em outubro, muito aquém da mediana de geração de 100 mil, o que reforçou a aposta de recuo de 0,25 ponto porcentual no juro americano pelo Federal Reserve (Fed) na semana que vem. “O payroll veio estável, e mantém a linha do corte nos juros”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Ainda que o relatório de emprego tenha sido sofrido influencias dos furacões e greves nos EUA, fazendo com que as indústrias deixassem de contratar, o que pode camuflar a sua leitura, tem o lado bom de que gera menos inflação. “Com menos emprego gerado, a economia tem menos movimento e menos inflação. Isso eleva a probabilidade de queda do juro americano”, afirma Miranda, da W1 Capital.

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