Indústria do petróleo pode ajudar o Brasil a sair da crise, diz IBP
Mas, para isso, são necessárias mudanças regulatórias que atraiam investimentos para o setor, pondera presidente do instituto, Jorge Camargo
![Jorge Camargo (Foto: Brasil e Energia)](http://d1x4bjge7r9nas.cloudfront.net/wp-content/uploads/2016/09/28111735/jorge-camargo.jpg)
O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Jorge Camargo, acredita que a indústria de petróleo possui potencial para contribuir de maneira decisiva para que o Brasil saia da crise econômica, mas pondera que são necessárias mudanças regulatórias que atraiam investimentos para o setor.
“A indústria do petróleo não depende tanto da retomada econômica quanto, por exemplo, os setores de infraestrutura e imobiliário. Depende mais dos preços da commodity”, destacou Camargo, durante evento promovido pelo IBP em parceria com a Câmara de Comércio Noruega-Brasil.
Segundo o executivo, apesar da crença de que o preço do petróleo não deverá se recuperar no curto prazo, caso o governo tome as medidas adequadas para a restauração da confiança e para a facilitação dos investimentos, o setor pode reagir e puxar a economia nacional.
“Temos uma série de projetos represados, que não precisam de leilão, mas que não vão adiante enquanto o Repetro não é estendido, enquanto os riscos de multas por conteúdo local não forem decididos”, disse Camargo. “Quanto mais rápido reformarmos o modelo regulatório e fizermos um modelo mais adequado, melhor será o resultado para todos.”
O executivo ainda destacou que o governo tem a percepção de que, atualmente, o Brasil é pouco competitivo em termos de atração de investimentos, possuindo um senso de urgência que não era verificado em governos anteriores.
“Os leilões do próximo ano serão fundamentais para mostrar que o Brasil fez a lição de casa”, destacou. “Só vamos poder saber o grau de atratividade e a participação dos investidores no próprio leilão. Mas, se não ocorrerem mudanças, vamos repetir o desastre da última rodada.”
Conteúdo local – Jorge Camargo afirmou que o país precisa de uma evolução no modelo de conteúdo local, de modo que essa regulação não se torne um obstáculo aos investimentos no setor.
“Precisamos de erros diferentes. O modelo de conteúdo local tem vícios e problemas sérios”, disse Camargo. “Precisamos focar a indústria brasileira nas áreas que ela pode ser competitiva.”
Segundo o executivo, o governo brasileiro precisa definir áreas que considera importantes para desenvolver a indústria de óleo e gás no Brasil e, a partir disso, incentivar os operadores a buscarem essas áreas. “Temos que simplificar. Há uma propensão a tornar tudo muito burocrático”.
Camargo ainda ressaltou, durante sua exposição, que o Brasil perdeu sua capacidade de competir por investimentos nos últimos anos. “Essa perda de competitividade é mais intensa nesse momento, em que a indústria está mais restritiva e seletiva em investimentos”.
Para o presidente do IBP, a indústria de óleo e gás brasileira possui capacidade de dobrar os investimentos caso as escolhas certas sejam feitas. Segundo o executivo, o Brasil captura menos de 4% dos investimentos globais de exploração, mas possui “ampla capacidade” de captar de 8% a 10% dos investimentos mundiais, em função do potencial exploratório do país. “O investimento é um driver para construir conteúdo local no Brasil”, disse.
Camargo disse acreditar que o Brasil precisa passar por uma evolução regulatória na área de óleo e gás, mas destacou que o atual governo e o anterior já deram sinais de que estão abertos para discussões. “Precisamos de um calendário de rodadas que seja mais regular, para que as companhias possam se programar”, comentou. “Mas estamos sentindo que o governo entende que é chegada a hora de fazer aperfeiçoamentos no modelo regulatório, de modo a torná-lo mais competitivo.”
Leilões – O presidente do IBP avalia que a participação de empresas de menor porte em leilões e no mercado de óleo e gás como um todo tende a aumentar nos próximos anos, em função de alterações na dinâmica do mercado e do plano de desinvestimentos da Petrobras.
“O novo cenário da indústria de petróleo é de maior diversidade”, disse Camargo. “Além disso, o plano de negócios da Petrobras prevê desinvestimentos em campos maduros e campos em terra, áreas que fazem mais sentido para empresas menores do que para a Petrobras.”
Segundo Camargo, os R$ 40 bilhões previstos pela estatal petroleira com os desinvestimentos virão dessas empresas de menor porte. “O novo ambiente brasileiro que emerge da crise é um modelo mais diversificado, mais parecido com outros mercados globais”.
Questionado sobre o fim da obrigatoriedade da Petrobras no pré-sal, o presidente o IBP disse ter confiança de que, após as eleições, o tema será analisado no Congresso. “Estamos confiando que vai ser aprovado ainda nesse ano”, disse.
Repetro – Camargo afirmou que o governo sinalizou à entidade que o Repetro, regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens aplicável às empresas do setor de óleo e gás, será estendido, dependendo ainda de alinhamentos com a Receita Federal.
“Há uma expectativa grande. O ministro Fernando Coelho nos deu a tranquilidade de que o Repetro vai ser estendido”, disse. “Com o Repetro, o investimento acontece, mas sem ele, não.”
Quanto a eventuais mudanças no Repetro, Camargo afirmou que a prioridade é acertar a prorrogação nos moldes atuais, sem que se perca muito tempo em revisões e alterações. “Que ele seja estendido logo, a indústria aprendeu a trabalhar com o Repetro e ele funciona bem.”
Mais notícias
-
Economia
18h38 de 26 de julho de 2024
Em alta, dólar fecha em R$ 5,66 após críticas de Lula a Campos Neto
Moeda teve alta de 0,78% na semana, ganho de 1,06% no mês e alta de 16,39% no ano; dólar começou dia em baixa, mas inverteu sentido
-
Economia
18h11 de 26 de julho de 2024
Bandeira tarifária de energia volta a ser verde, sem cobrança extra
Contas de junho tiveram acréscimo devido à chuva abaixo da média
-
Economia
17h52 de 26 de julho de 2024
Ibovespa fecha com alta de 1,2%, puxado por Vale e inflação nos EUA; Usiminas desaba
Bolsas dos EUA fecham com forte alta, após dados de inflação em linha com expectativas
-
Economia
17h30 de 26 de julho de 2024
Eletrobras: possível acordo com governo progride – e pagamento deve ficar de fora
Companhia criaria um assento extra no Conselho de Administração, levando total para 10, e 3 desses 10 seriam garantidos ao governo federal
-
Economia
17h12 de 26 de julho de 2024
No McDonald’s, promoção de combo a US$ 5 aumentas a frequência de clientes nos EUA
Preço mais acessível tem ajudado rede trazer de volta clientes de menor renda que tinham trocado McDonald’s por restaurantes com preços mais baixos
-
Economia
15h56 de 26 de julho de 2024
Lula sanciona criação de título de renda fixa para estimular indústria
Limite de emissão da LCD será de R$ 10 bilhões anuais
-
Economia
15h28 de 26 de julho de 2024
Colheita de café 24/25 do Brasil avança a 81%, diz Safras
Levantamento apontou que 95% da safra de café conilon já foi colhida, ante 89% no mesmo período do ano passado
-
Economia
14h41 de 26 de julho de 2024
Petz salta na B3 após dizer que prazo para negociar com Cobasi pode ser estendido
Em relatório sobre riscos de canibalização da possível fusão entre Petz e Cobasi, analistas da XP estimaram 38 possíveis fechamentos de loj
-
Economia
14h27 de 26 de julho de 2024
Banco Central não tem motivo para aumentar a Selic, avalia gestor da Kinea
Roberto Elaiuy diz que vê ‘prêmio de risco’ na curva de juros, que embute um aumento de 1 ponto na Selic até fim do ano
-
Economia
14h13 de 26 de julho de 2024
Juros do cartão de crédito têm alta de 7,1 pontos percentuais e atinge 429,5% ao ano em junho
Taxa média de juros atingiu 39,6% ao ano em junho, com decréscimos de 0,3 ponto percentual no mês e de 4,6 pontos percentuais em 12 meses