Indústria do petróleo pode ajudar o Brasil a sair da crise, diz IBP
Mas, para isso, são necessárias mudanças regulatórias que atraiam investimentos para o setor, pondera presidente do instituto, Jorge Camargo

O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Jorge Camargo, acredita que a indústria de petróleo possui potencial para contribuir de maneira decisiva para que o Brasil saia da crise econômica, mas pondera que são necessárias mudanças regulatórias que atraiam investimentos para o setor.
“A indústria do petróleo não depende tanto da retomada econômica quanto, por exemplo, os setores de infraestrutura e imobiliário. Depende mais dos preços da commodity”, destacou Camargo, durante evento promovido pelo IBP em parceria com a Câmara de Comércio Noruega-Brasil.
Segundo o executivo, apesar da crença de que o preço do petróleo não deverá se recuperar no curto prazo, caso o governo tome as medidas adequadas para a restauração da confiança e para a facilitação dos investimentos, o setor pode reagir e puxar a economia nacional.
“Temos uma série de projetos represados, que não precisam de leilão, mas que não vão adiante enquanto o Repetro não é estendido, enquanto os riscos de multas por conteúdo local não forem decididos”, disse Camargo. “Quanto mais rápido reformarmos o modelo regulatório e fizermos um modelo mais adequado, melhor será o resultado para todos.”
O executivo ainda destacou que o governo tem a percepção de que, atualmente, o Brasil é pouco competitivo em termos de atração de investimentos, possuindo um senso de urgência que não era verificado em governos anteriores.
“Os leilões do próximo ano serão fundamentais para mostrar que o Brasil fez a lição de casa”, destacou. “Só vamos poder saber o grau de atratividade e a participação dos investidores no próprio leilão. Mas, se não ocorrerem mudanças, vamos repetir o desastre da última rodada.”
Conteúdo local – Jorge Camargo afirmou que o país precisa de uma evolução no modelo de conteúdo local, de modo que essa regulação não se torne um obstáculo aos investimentos no setor.
“Precisamos de erros diferentes. O modelo de conteúdo local tem vícios e problemas sérios”, disse Camargo. “Precisamos focar a indústria brasileira nas áreas que ela pode ser competitiva.”
Segundo o executivo, o governo brasileiro precisa definir áreas que considera importantes para desenvolver a indústria de óleo e gás no Brasil e, a partir disso, incentivar os operadores a buscarem essas áreas. “Temos que simplificar. Há uma propensão a tornar tudo muito burocrático”.
Camargo ainda ressaltou, durante sua exposição, que o Brasil perdeu sua capacidade de competir por investimentos nos últimos anos. “Essa perda de competitividade é mais intensa nesse momento, em que a indústria está mais restritiva e seletiva em investimentos”.
Para o presidente do IBP, a indústria de óleo e gás brasileira possui capacidade de dobrar os investimentos caso as escolhas certas sejam feitas. Segundo o executivo, o Brasil captura menos de 4% dos investimentos globais de exploração, mas possui “ampla capacidade” de captar de 8% a 10% dos investimentos mundiais, em função do potencial exploratório do país. “O investimento é um driver para construir conteúdo local no Brasil”, disse.
Camargo disse acreditar que o Brasil precisa passar por uma evolução regulatória na área de óleo e gás, mas destacou que o atual governo e o anterior já deram sinais de que estão abertos para discussões. “Precisamos de um calendário de rodadas que seja mais regular, para que as companhias possam se programar”, comentou. “Mas estamos sentindo que o governo entende que é chegada a hora de fazer aperfeiçoamentos no modelo regulatório, de modo a torná-lo mais competitivo.”
Leilões – O presidente do IBP avalia que a participação de empresas de menor porte em leilões e no mercado de óleo e gás como um todo tende a aumentar nos próximos anos, em função de alterações na dinâmica do mercado e do plano de desinvestimentos da Petrobras.
“O novo cenário da indústria de petróleo é de maior diversidade”, disse Camargo. “Além disso, o plano de negócios da Petrobras prevê desinvestimentos em campos maduros e campos em terra, áreas que fazem mais sentido para empresas menores do que para a Petrobras.”
Segundo Camargo, os R$ 40 bilhões previstos pela estatal petroleira com os desinvestimentos virão dessas empresas de menor porte. “O novo ambiente brasileiro que emerge da crise é um modelo mais diversificado, mais parecido com outros mercados globais”.
Questionado sobre o fim da obrigatoriedade da Petrobras no pré-sal, o presidente o IBP disse ter confiança de que, após as eleições, o tema será analisado no Congresso. “Estamos confiando que vai ser aprovado ainda nesse ano”, disse.
Repetro – Camargo afirmou que o governo sinalizou à entidade que o Repetro, regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens aplicável às empresas do setor de óleo e gás, será estendido, dependendo ainda de alinhamentos com a Receita Federal.
“Há uma expectativa grande. O ministro Fernando Coelho nos deu a tranquilidade de que o Repetro vai ser estendido”, disse. “Com o Repetro, o investimento acontece, mas sem ele, não.”
Quanto a eventuais mudanças no Repetro, Camargo afirmou que a prioridade é acertar a prorrogação nos moldes atuais, sem que se perca muito tempo em revisões e alterações. “Que ele seja estendido logo, a indústria aprendeu a trabalhar com o Repetro e ele funciona bem.”
Mais notícias
-
Economia
18h30 de 01/07/2025
Dólar sobe para R$ 5,46 após alta de 0,66%; Ibovespa também registra alta
No cenário doméstico, atenções se voltaram aos novos capítulos da novela sobre o IOF
-
Economia
12h20 de 01/07/2025
Embraer anuncia venda de 45 aviões comerciais por mais de R$ 21 bilhões
Acordo foi fechado com empresa aérea sueca e primeiras entregas estão previstas para o final de 2027
-
Economia
11h45 de 01/07/2025
Dólar opera em baixa nesta terça-feira (1º), com política comercial dos EUA em foco
No cenário nacional, o mercado repercute a decisão do governo de entrar com uma ação no STF para tentar anular a decisão do Congresso que derrubou a alta do IOF
-
Economia
11h42 de 01/07/2025
AGU protocola ação no STF para reverter derrubada de decreto do IOF
Solicitação foi feita pelo presidente Lula com base em estudo jurídico
-
Economia
09h23 de 01/07/2025
Haddad diz que governo projeta arrecadação de R$ 15 bi por ano com corte de gastos tributários
O ministro reconheceu, no entanto, que a meta inicial, que previa impacto de até R$ 40 bilhões, foi reduzida
-
Economia
08h32 de 01/07/2025
Mega-Sena sorteia prêmio acumulado estimado em R$ 52 milhões nesta terça-feira
Apostas podem ser feitas até as 19h no horário de Brasília em lotéricas ou pela internet
-
Economia
18h14 de 30/06/2025
Dólar recua e fecha no menor valor em nove meses; Ibovespa sobe 1,45%
No acumulado de junho, o principal índice da bolsa brasileira registrou alta de 1,05%
-
Economia
12h44 de 30/06/2025
Receita Federal adotará modelo alfanumérico para o CNPJ a partir de 2026; entenda
O novo modelo, com letras e números, será introduzido em julho de 2026, apenas para novas inscrições
-
Economia
11h22 de 30/06/2025
Dívida bruta do Brasil avança para 76,1% do PIB em maio, com saldo de R$ 9,3 tri
No comparativo com o mês anterior, considerando a cifra revisada, foi registrado um aumento de 0,2 ponto percentual
-
Economia
10h08 de 30/06/2025
Dólar opera em alta nesta segunda (30), com taxa Ptax e falas de Haddad em foco
Investidores seguem atentos as negociações comerciais dos Estados Unidos com seus parceiros