Publicado em 17/10/2024 às 12h52.

‘Infraestrutura e tecnologia’ são pautas de reuniões entre Brasil e China, afirma Galípolo

Questões consideradas de "pressão" pelo governo também tem sido debatidas como o andamento das obras da ponte Salvador-Itaparica

Redação
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

 

O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (17), em um intervalo entre reuniões com negociadores chineses em Pequim, que parcerias “de vários temas” estão sendo fechadas com o intuito de serem anunciadas durante a visita de Estado do líder chinês Xi Jinping a Brasília em novembro.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, Galípolo citou que áreas como “infraestrutura, tecnologia e a área financeira” estão em pauta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu “que o BC acompanhasse a financeira”, acrescentou ele, que deve assumir como presidente da instituição no ano que vem. Como a visita de Xi é um marco das celebrações do cinquentenário das relações diplomáticas entre os dois países, Lula quer garantir resultados concretos e uma cúpula bem-sucedida no dia 20 de novembro, especialmente em vista da falta de uma programação institucional de peso em agosto, mês em que, de fato, o cinquentenário ocorreu, segundo uma assessora da comitiva.

Lula mobilizou ainda a ex-presidente Dilma Rousseff, hoje no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do Brics), em Xangai. Ela viajou a Pequim e participou da reunião da delegação nesta quinta, com o secretário-geral do Conselho de Estado, o gabinete chinês, Wu Zhenglong. Estão programadas mais duas reuniões com os negociadores, na noite de quinta e na manhã de sexta. A série de encontros termina na própria sexta, com a delegação sendo recebida pelo chanceler Wang Yi, também diretor do Escritório para Assuntos Estrangeiros do Comitê Central do Partido Comunista.

De acordo com a assessora, as parcerias só devem ser divulgadas durante a visita de Xi. “Eu não conto”, brincou Dilma, ao ser abordada na entrada de outra reunião. A grande expectativa gira em torno da entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, o programa chinês que busca viabilizar infraestrutura no exterior. Lula tem indicado adesão, em diversos pronunciamentos públicos, mas insiste em obter investimentos, destacando a área de tecnologia.

Outras questões, de caráter mais específico, também tem sido tratadas nas reuniões. Existe uma pressão do governo brasileiro, que vem desde o ano passado, para que companhias aéreas chinesas voltem a comprar aparelhos da Embraer, até o momento sem sucesso. Paralelamente às negociações finais para a visita de Xi, a brasileira Total Linhas Aéreas anunciou neste mês uma viagem a Pequim para supostamente adquirir aviões da chinesa Comac, inclusive o C919, concorrente do Boeing 737 e do Airbus A320.

É outro ponto de pressão ainda, segundo fontes diplomáticas, a ponte Salvador-Itaparica, pauta de interesse do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia. O contrato com uma empresa para a construção, assinado há quatro anos, passou por revisão e não sai do papel desde então desde 2020.

Ao menos um integrante da delegação disse ser ligado ao atual governo baiano, que tem outros projetos com Pequim, como a fábrica da chinesa BYD, que deve iniciar produção de carros neste fim de ano.

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