Investidores demonstram pessimismo recorde com economia global, aponta Bank of America
Levantamento mostra que 82% dos entrevistados esperam enfraquecimento da economia mundial; tensão com tarifas dos EUA está no centro das preocupações

O sentimento dos investidores em relação à economia global atingiu o nível mais negativo dos últimos 30 anos, segundo pesquisa divulgada pelo Bank of America (BofA), uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos.
De acordo com o levantamento, divulgado nesta terça-feira (15), 82% dos investidores ouvidos acreditam que a economia mundial deve se enfraquecer nos próximos anos.
Entre os mais pessimistas estão os gestores de fundos. No entanto, esse pessimismo não se traduz, necessariamente, em uma mudança significativa na alocação de ativos por parte desses profissionais.
Ainda segundo a pesquisa, embora os gestores tenham uma visão negativa sobre o cenário macroeconômico, eles demonstram menos preocupação com o desempenho do mercado financeiro em si.
O pessimismo identificado pelo BofA está relacionado, em grande parte, à incerteza gerada pelas políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump, especialmente após a imposição de tarifas rígidas a produtos importados de mais de cem países.
Apesar da percepção de um possível recuo na política tarifária, Trump negou qualquer mudança de direção ao anunciar, no último fim de semana, isenções para produtos eletrônicos que haviam sido previamente incluídos nas medidas.
Em postagem na rede social Truth Social, o presidente norte-americano afirmou que “não houve exceção” às tarifas, apenas uma realocação de determinados itens para uma categoria tarifária diferente.
Segundo Trump, os produtos continuam sujeitos a uma tarifa de 20% sobre o fentanil e a medida visa combater o que chamou de “desequilíbrios comerciais injustos”, especialmente com a China. Ele acusou outros países de se aproveitarem dos EUA com barreiras tarifárias desleais.
O presidente também afirmou que o governo continuará a investigar o setor de semicondutores e toda a cadeia de suprimentos eletrônicos como parte das medidas de segurança nacional, reforçando a necessidade de produção doméstica.
Na sexta-feira (11), a Casa Branca divulgou uma lista de produtos eletrônicos que ficarão isentos das tarifas comerciais – que seriam de 145% para itens vindos da China e 10% para produtos de outros países.
A alfândega dos EUA (US Customs and Border Protection) publicou as isenções, que incluem smartphones, laptops, processadores, discos rígidos e chips de memória – itens que, em sua maioria, não são fabricados nos Estados Unidos.
Também foram excluídas das tarifas máquinas utilizadas na produção de semicondutores. A decisão favorece grandes empresas de tecnologia, como Nvidia, Dell e Apple, esta última com fabricação concentrada na China.
Na segunda-feira (14), Trump afirmou que pode estender as isenções ao setor automobilístico. Já nesta terça, os principais índices das bolsas asiáticas e europeias fecharam em alta, reagindo à possibilidade de alívio nas tensões comerciais.