Publicado em 18/10/2024 às 10h45.

Mensalidades escolares podem ter aumento de até 10% em 2025, aponta pesquisa

Tentativa de redução em perdas ocorridas durante a pandemia, como a redução de alunos e o aumento da inadimplência, é apontada como principal fator para o aumento

Redação
Foto: Lucas Lins / Ascom PMLF

 

Uma pesquisa do Grupo Rabbit, consultoria de gestão do ensino privado no Brasil, divulgada nesta sexta-feira (18) aponta para um impacto cada vez maior do investimento em tecnologias de ensino sobre o custo das escolas particulares e, com isso, um reajuste mais pesado tem sido sentido no valor das mensalidades destas instituições.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, a pesquisa estima ainda que as mensalidades deverão ter um aumento de, em média, 8% a 10% em 2025, o dobro da inflação projetada para este ano, que é de 4,4%. O levantamento foi realizado entre maio e agosto com gestores de 680 escolas, clientes do Rabbit. O valor de reajuste, entretanto, não está fora dos apontados pelo Rabbit nos anos anteriores. Em 2023 havia sido de 9,4%, e em 2022, de 10,9% (com a inflação acumulada, respectivamente, de 4,62% e 5,79%).

Para a consultoria, a principal relação por trás dos reajustes é a tentativa das instituições de reduzir perdas que aconteceram no ensino privado durante a pandemia, como a redução de alunos e o aumento da inadimplência. Entre as unidades federativas, Minas Gerais é apontado como o estado com maior reajuste, de 10%. São Paulo vem na sequência, com 9,5%. Rio de Janeiro e as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste registram 9%. No Sul, a previsão é de um aumento médio de 8% nas mensalidades.

O Presidente da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), Antônio Eugênio Cunha apontou ainda que, desde a pandemia, o custo da tecnologia aumentou de forma significativa nas escolas particulares. “A tecnologia avança muito rapidamente, é um investimento contínuo e caro”, disse. “Nos últimos anos, tornou-se um dos maiores pesos dentre os custos de investimentos das escolas.”

Cunha cita alguns exemplos de gastos com tecnologia na educação: plataformas que controlam o desempenho individualizado dos alunos, material didático digital, equipamentos cada vez mais sofisticados para laboratórios e salas de aula. O relatório da pesquisa do Grupo Rabbit menciona a necessidade de se investir em tecnologia, inclusive a de se preparar para a utilização da inteligência artificial.

O texto incentiva a criação nas escolas de um comitê de profissionais interessados nessa área e lembra que há startups e grandes empresas que oferecem serviços relacionados à tecnologia da educação. Por outro lado, o presidente da Fenep questiona o real impacto desse investimento, ressaltando que, embora tenha se tornado essencial, o gasto com a tecnologia nem sempre é percebido pelas famílias.

A reforma de uma quadra ou de uma sala de aula é algo que todos percebem. Já o gasto com tecnologia, ele diz, às vezes bem maior do que o de reformas assim, pode não ser notado. Para Cunha, o reajuste das mensalidades é extremamente variado e depende também dos investimentos e da situação de cada escola. Se ela utiliza um imóvel alugado, exemplifica, e o reajuste do aluguel for mais alto, a mensalidade terá de subir também.

Esse reajuste, é calculado a partir das previsões de custo com pessoal (salários e encargos trabalhistas), custos gerais e administrativos, como água, luz, limpeza, assessoria jurídica etc. e encargos sobre a receita, além dos investimentos. A equação envolve ainda uma estimativa sobre o número de matrículas.

Não existe, porém, qualquer forma legal de impedir que o reajuste das mensalidades seja feito acima da inflação, mas as escolas têm que ser transparentes sobre o aumento. O Procon diz que as famílias podem procurar as escolas para negociar descontos.

A pesquisa do Grupo Rabbit aponta ainda que, apesar de pesar nas contas, a Tecnologia não aparece com um dos principais diferenciais das escolas apontados por seus gestores e professores. O acolhimento é o campeão de citações, mencionado por 55% dos gestores entrevistados e por 49% dos professores. Já o “ensino forte” vem na sequência, apontado por 10% dos dois grupos de profissionais. A tecnologia não foi listada pelos gestores e apareceu como resposta de apenas 1% dos professores.

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