Publicado em 04/12/2024 às 11h59.

Mercado avalia Haddad como enfraquecido e nao vê credibilidade no arcabouço, revela pesquisa

96% dos participantes da pesquisa, realizada pela Genial/Quaest, acredita que a política econômica avança na direção errada

Redação
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

 

Uma pesquisa realizada pela Genial/Quaest, que coleta opiniões do mercado financeiro e divulgada nesta quarta-feira (4), revela que a percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto com a perda de credibilidade da política fiscal, ganhou força no meio financeiro.

Segundo matéria do InfoMoney, a avaliação positiva do mercado em relação ao trabalho de Haddad caiu para 41%, frente aos 50% do levantamento anterior, feito em março. Para 61%, o ministro da Fazenda perdeu força desde o início do mandato, sendo que em março apenas 14% tinham esta impressão.

Na esteira das medidas de contenção de despesas públicas, 58% as considera nada satisfatórias e mais de um terço do mercado (37%) entende que o arcabouço não deve se sustentar por muito mais do que o próximo ano. A avaliação de 58% dos entrevistados é de que o arcabouço fiscal, que estabelece metas de redução do déficit nas contas públicas e limites para os gastos, perdeu toda a credibilidade. A parcela restante, 42%, entende que restou pouca credibilidade à regra.

É praticamente generalizada a avaliação, manifestada por 96% dos participantes da pesquisa, de que a política econômica avança na direção errada – um aumento em relação à parcela que tinha esta percepção em março: 71%. Com isso, apesar de indicadores de atividade acima do esperado, o que surpreendeu os economistas durante o ano, a expectativa de piora da economia nos próximos 12 meses subiu de 32% para 88%.

Sobre a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, proposta junto com o pacote, 85% dos entrevistados acredita que a medida tente a prejudicar a economia e metade deles (50%) vê sua aprovação no Congresso como muito provável. Por outro lado, aumentou, de 23% para 39%, a avaliação de que, em geral, é baixa a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Legislativo.

Mesmo após a divulgação do pacote de contenção de gastos, 67% dos fundos ainda afirmam manter sua pretensão de aumentar sua posição no exterior. Com 66% do mercado colocando na conta uma aceleração da alta dos juros para 0,75 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, um terço (34%) aposta que o ciclo de aperto monetário termina com a Selic acima de 14%.

A pesquisa

Realizada nos últimos cinco dias – entre 29 de novembro e 3 de dezembro -, a pesquisa da Genial/Quaest foi capaz de capturar a reação negativa do mercado financeiro ao pacote fiscal anunciado na quarta-feira da semana passada. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e operadores (traders) de fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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