Nova diretoria do BC tem perfil mais hawkish, avaliam economistas
Os hawkishes são considerados profissionais mais ortodoxos e, portanto, menos complacentes com a alta da inflação


Os novos diretores de fora do Banco Central, que foram indicados esta semana e agora precisam passar pelo crivo do Senado, têm um perfil mais de falcão do que de pombo, na avaliação de economistas do mercado financeiro e da academia consultados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Os falcões (ou hawkishes no jargão inglês) são considerados profissionais mais ortodoxos e, portanto, menos complacentes com a alta da inflação. Já os pombos (dovishes), por esse raciocínio, tendem a ser mais tolerantes com a alta dos preços.
O diretor indicado para Política Econômica é Carlos Viana de Carvalho; para a política monetária, Reinaldo Le Grazie, e na cadeira de Assuntos Internacionais, Tiago Couto Berriel. Um quarto nome que também fará parte da diretoria do presidente Ilan Goldfajn é o de Isaac Sidney Ferreira, na diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania, mas ele já faz parte do quadro atual da instituição, como procurador-geral. Carvalho e Berriel têm histórico na PUC-Rio e também pela Universidade de Princeton. Le Grazie é da FGV de São Paulo e esteve à frente de mesas de operação de várias instituições financeiras.
O professor Márcio Garcia, que é da PUC-Rio, se diz avesso a rótulos. “Não se pode pensar em uma universidade e ver logo um carimbo. Existe, sim, uma marca, mas a ideia fixa que esses profissionais precisam ter é a de colocar a inflação na meta no tempo devido”, argumentou. Para ele, os profissionais indicados são bem preparados e, no conjunto, têm como diferencial a mescla entre atuação no mercado e academia. Para citar alguns exemplos, nomes como o de Gustavo Franco, Armínio Fraga, Pedro Malan, Beny Parnes e Pérsio Arida tiveram alguma relação com a instituição em suas carreiras.
“Os novos nomes são bons e com grande background. Não me parecem que vão querer agora rasgar seus currículos”, disse um experiente economista do mercado financeiro ao Broadcast. “Apesar de parecerem alinhados com os pensamentos de Ilan, só é possível fazer uma avaliação melhor depois que se sentarem lá (na mesa do Comitê de Política Monetária – Copom)”, comentou.
Antes de assumir o posto de presidente do BC, ainda no setor privado, Goldfajn era visto por seus colegas como um dos profissionais dovishes do segmento. Isso porque a instituição em que trabalhava era uma das que previam corte de juros este ano mais cedo do que a maioria dos demais bancos, corretoras e consultorias. O tom do discurso do economista desde que falou pela primeira vez em público após ser indicado, no entanto, é bastante ortodoxo, de pouca tolerância com a inflação.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, também enalteceu a formação dos novos nomes do BC. “Não apenas têm forte formação acadêmica como também experiência de mercado”, considerou. Ele salientou que a nova composição da diretoria da instituição também traz de volta um pouco a “cara de mercado” que sempre esteve presente na composição da cúpula do BC. A exceção ocorreu no quadro da era de Alexandre Tombini, formado majoritariamente por servidores de carreira do banco.
Outro professor universitário que preferiu não se identificar também enxerga a possibilidade de a nova formação do BC se tornar um pouco mais hawkish do que a anterior. “Espero que tenham capacidade, mas meu único temor é que se trate de algum gênio de gabinete”, ponderou. Com a chegada dos novos nomes, o Copom volta a ser formado por nove membros – oito diretores e o presidente. Permanecerão os diretores Anthero de Moraes Meirelles (Fiscalização), Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural) e Otávio Ribeiro Damaso (Regulação).
Desde que o BC passou a abrir os votos, foram seis vezes em que houve dissenso no Copom. Em todas elas, Marques esteve na ponta mais hawkish e nas últimas três divisões, acompanhado de Tony Volpon, atual diretor de Assuntos Internacionais. Até o fim do ano, haverá ainda mais quatro decisões do colegiado sobre o rumo dos juros, atualmente em 14,25% ao ano. No Relatório de Mercado Focus de ontem, o mercado já passou a prever corte menor da Selic em agosto e a projeção para a Selic no fim deste ano subiu para 13,00% ao ano. Para o encerramento de 2017, as estimativas continuaram em 11,25% ao ano.
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