Odebrecht demite mais de 100 mil em três anos
Se levado em conta o período da Lava Jato, no fim de 2014, a companhia foi reduzida à metade em número de funcionários
Enquanto pipocam vazamentos do conteúdo de delações de 77 executivos da Odebrecht sobre esquemas de corrupção que atingem a elite da classe política brasileira, os empregados da empresa convivem com outra dura realidade: o desemprego. Na semana passada, diversos executivos foram informados que o número de funcionários da companhia já está abaixo dos 80 mil. Isso significa que mais de 100 mil foram demitidos ou pediram demissão nos últimos três anos, quando o quadro de funcionários chegou ao seu auge. Se levado em conta o período da Lava Jato, no fim de 2014, a companhia foi reduzida à metade em número de funcionários.
Somente neste ano foram cerca de 50 mil demissões, sendo que boa parte feita pela construtora Norberto Odebrecht. A explicação é que muitas obras acabaram e não há novos contratos para realocar pessoal. A culpa não é somente da Lava Jato, que fez o grupo mergulhar em uma crise financeira. Pesaram ainda a recessão econômica no Brasil, que reduziu os investimentos de forma generalizada, e a queda nos preços mundiais do petróleo, que atingiu a economia de vários países onde a Odebrecht atua, como Venezuela e países da África.
No Brasil, na metade do ano, o grupo ainda mantinha um efetivo grande para terminar as obras ligadas à Olimpíada do Rio, mas a maior parte foi demitida ao fim do processo. No setor de rodovias, onde além de construtora a empresa é investidora, as obras de algumas estradas, como a da BR-358, foram paralisadas por falta de financiamento.
Os bancos em geral se fecharam ao crédito novo e de longo prazo para as empresas envolvidas nos escândalos de corrupção da Lava Jato. Mas o maior baque foi o congelamento de novos empréstimos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A decisão do banco de desenvolvimento não só inviabilizou alguns projetos no Brasil, como também atingiu as obras do grupo no exterior, já que cerca de R$ 5 bilhões em financiamentos para países que haviam contratado empresas brasileiras para as obras foram afetados. Alguns governos decidiram desacelerar as obras em razão da falta de financiamento. Na Venezuela, obras como a da hidrelétrica de Tocoma e a da ponte sobre o rio Orinoco estão em ritmo lento.
O caso mais emblemático no País foi o da Sete Brasil, criada para gerenciar a contratação de sondas para o pré-sal. O BNDES vetou o financiamento de longo prazo da Sete depois que a empresa foi envolvida nas investigações de corrupção sob acusação de pagamento de propina pelos estaleiros para a obtenção de contratos.
A consequência se deu para os próprios estaleiros, já que a Sete, sem dinheiro, suspendeu os pagamentos. Entre os estaleiros estava o Paraguaçu, do grupo Odebrecht em parceria com as empreiteiras OAS e UTC e o sócio japonês Kawasaki. No ano passado, quase 10 mil pessoas que trabalhavam nas obras do estaleiro foram dispensadas e a companhia está afundada em dívidas.
Para o próximo ano, se as obras continuarem se esvaindo ou mesmo que fiquem apenas estabilizadas, a expectativa é que o número de funcionários continue em queda. Somente a Odebrecht Ambiental, já vendida ao fundo Brookfield, tem 6 mil funcionários que sairão da folha de pagamentos do grupo assim que os órgãos reguladores aprovarem a operação. A empresa não quis fazer comentários.
Faturamento- A queda do número de funcionários, que fechou 2015 em 128 mil e agora está inferior a 80 mil, deve se refletir também no recuo do faturamento da empresa, segundo alguns banqueiros que acompanham o desempenho da companhia. A última vez que a Odebrecht teve 80 mil funcionários foi em 2008 e, naquela época, o grupo faturava R$ 41 bilhões por ano. Agora a receita está em R$ 126 bilhões, mas a expectativa é que caia em função da diminuição do volume de contratos de obras e na medida em que empresas do grupo forem sendo vendidas.
A construtora faturou em 2015 cerca de R$ 33 bilhões, não considerando o efeito do câmbio naquele ano. Com a variação cambial, esse número superou R$ 50 bilhões. A carteira de projetos da construtora continua sendo bastante significativa, girando em torno de US$ 30 bilhões, mas está em queda comparada a de anos anteriores, quando atingiu US$ 35 bilhões.
A expectativa é que a assinatura do acordo de leniência, feita há duas semanas, possa ajudar a estabilizar a empresa financeiramente. Além disso, o acordo impede que companhia seja considerada inidônea, o que permite a participação da empresa para licitações no Brasil.
Mais notícias
-
Economia
21h40 de 19 de abril de 2024
Dólar cai para R$ 5,19, mas sobe 1,53% na semana
Bolsa tem segunda alta consecutiva e sobe 0,75%
-
Economia
19h20 de 19 de abril de 2024
Preço da gasolina chega a R$ 6,89 em Salvador, após reajuste
A mudança já é vista nos postos de combustíveis desde a manhã desta sexta-feira
-
Economia
17h53 de 19 de abril de 2024
Aposentadoria é principal causa de perda de força de trabalho do BC em uma década
Segundo dados do Banco Central, um servidor deixou instituição cada três dias
-
Economia
17h51 de 19 de abril de 2024
Vendas de cimento caem no primeiro trimestre
Em março, a queda foi ainda mais acentuada
-
Economia
17h32 de 19 de abril de 2024
Petrobras: chance de pagamento integral de dividendo extraordinário puxa ação
Governo foi contra pagamento adicional em um primeiro momento
-
Economia
17h07 de 19 de abril de 2024
Combinação Petz e Cobasi vai se inspirar na fusão Raia Drogasil, diz Sergio Zimerman
Executivo afirma que não há pretensão de nenhuma das partes envolvidas no negócio em abrir mão de suas marcas
-
Economia
16h46 de 19 de abril de 2024
Ações da Netflix recuam após empresa anunciar fim de compartilhamento de métricas
Atos da empresa caíam 7,8%, para US$ 562,71
-
Economia
16h36 de 19 de abril de 2024
Operadoras de planos de saúde lucraram R$ 3 bilhões em 2023
Resultado equivale cerca de 1% da receita total acumulada no período
-
Economia
16h31 de 19 de abril de 2024
Rendimento domiciliar do brasileiro chegou a R$ 1.848 em 2023
Valor é o maior já apurado no país pelo IBGE desde 2012
-
Economia
16h19 de 19 de abril de 2024
Servidores federais fazem contraproposta para reajuste em benefícios
Condsef pede inclusão de aposentados e pensionistas