PIB potencial cai de 3,5% na década passada para 1% em 2016
A desaceleração da China, o momento do mercado de commodities, a má gestão da macroeconomia doméstica e a falta de reformas são as causas

A capacidade do Brasil de crescer sem gerar inflação caiu a menos de um terço do observado há poucos anos. Estudo realizado pelo economista para o Brasil do banco espanhol BBVA mostra que o chamado Produto Interno Bruto (PIB) potencial caiu de uma média de 3,5% entre 2004 e 2010 para cerca de 1% em 2016. A desaceleração da China, o momento do mercado de commodities, a má gestão da macroeconomia doméstica e a falta de reformas são citadas como causas para a queda significativa do PIB potencial do Brasil.
“A deterioração geral da economia brasileira nos últimos anos produziu uma redução significativa na capacidade do País de crescer sem gerar distorções”, diz o economista do banco espanhol para o Brasil, Enestor dos Santos. O estudo cita que o PIB potencial de 2015 ficou em 2,2%. Portanto, o indicador de 2016 caiu para menos da metade.
O PIB potencial é uma projeção feita por analistas sobre a capacidade da economia de um país de crescer sem gerar distorções, especialmente aumento da inflação. Quanto maior esse indicador, mais espaço a economia tem para avançar sem provocar gargalos.
No estudo do BBVA, Enestor dos Santos cita que o PIB potencial do Brasil caiu como resultado da conjunção de fatores internos e externos. “A desaceleração da China, a consequente queda no preço das commodities, a má gestão das políticas econômicas locais, a falta de reformas para estimular a produtividade interna, entre outros fatores, têm contribuído para a queda do PIB potencial”. Com esse quadro, o economista cita que cada um dos componentes do PIB potencial tem mostrado deterioração: o capital, o trabalho e a produtividade global.
Santos dá como exemplo três grandes movimentos que aconteceram nos últimos anos. No investimento, a formação bruta de capital fixo caiu cerca de 25% entre 2013 e 2015. “Isso reduz a contribuição do capital físico para o crescimento”, diz. No mercado de trabalho, o desemprego subiu de menos de 5% em 2014 para mais de 8% no início do ano. “Tornando menos relevante a contribuição do trabalho para o crescimento doméstico”. Por fim, o economista nota que o Brasil perdeu posições em indicadores de produtividade, como o ranking do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócios.
Década – O estudo mostra que o PIB potencial deve continuar próximo do atual patamar no médio prazo. Para o período entre 2016 e 2020, o BBVA prevê média de 1,1%. Antes, o economista previa 2,2% para o período. Santos explica que a perspectiva de PIB potencial mais baixo para o restante da década é resultado “não só da deterioração registrada nos últimos anos, mas também por perspectivas menos positivas para o futuro”.
Para além de 2020, Santos diz que “alguma melhora é provável” e o número deve subir para 2%. Apesar dessa reação na próxima década, o indicador não retornaria para a média observada na década passada.
“A convergência mais rápida para um nível de crescimento potencial mais elevado poderia ser alcançado com a adoção rápida de reformas econômicas relevantes, como do sistema político, do sistema de Previdência Social, do mercado de trabalho e do sistema fiscal”, cita. Santos nota, porém, que essa onda de reformas “parece improvável”.
Mais notícias
-
Economia
18h29 de 18/07/2025
Dólar sobe com força e Ibovespa recua após operação da PF contra Bolsonaro
No acumulado da semana, a valorização da moeda norte-americana foi de 0,71%
-
Economia
07h47 de 18/07/2025
Sem acertador, Mega-Sena acumula para o sorteio deste sábado; saiba o valor
Números sorteados foram: 13 - 16 - 36 - 39 - 40 - 55
-
Economia
10h22 de 17/07/2025
Dólar opera em alta nesta quinta (17) após decisão de Moraes sobre o IOF
Investidores temem que decisão do ministro de reestabelecer os decretos dificulte o avanço de pautas estruturantes
-
Economia
21h20 de 16/07/2025
Dólar e Ibovespa oscilam e fecham estáveis em dia de cautela com cenários interno e externo
Com o desempenho desta quarta, a moeda acumula alta de 2,36% em julho, mas ainda registra perda de 10% em 2025 frente ao real
-
Economia
11h52 de 16/07/2025
Arrecadação do ICMS na Bahia cresce 4,06% no primeiro semestre de 2025
No total, foi registrado um montante de R$ 20,35 bilhões do imposto responsável por cerca de 90% da receita tributária do Estado
-
Economia
10h16 de 16/07/2025
Dólar a vista opera em alta nesta quarta (16), com impasse do IOF em foco
Novas declarações de Trump sobre tarifas também movimentam o mercado
-
Economia
09h32 de 16/07/2025
Genial/Quaest: Maioria é favorável à taxação de alta renda, mas rejeita discurso pobres x ricos
Mais de 56,0% dos entrevistados afirmaram não conhecer a agenda de "justiça tributária" do governo
-
Economia
08h59 de 16/07/2025
Audiência no Supremo Tribunal Federal termina sem acordo sobre IOF
Impasse entre Executivo e Legislativo permanece em relação ao aumento da alíquota do imposto
-
Economia
08h44 de 16/07/2025
Aposta do RS acerta na Mega-Sena e leva prêmio acumulado; saiba valor
Números sorteados foram: 03 – 09 – 15 – 27 – 39 – 59
-
Economia
16h35 de 15/07/2025
Setor de serviços já representa 57% dos empregos formais no Brasil, aponta CNS
Entre janeiro e maio de 2025, setor gerou 682 mil novos postos de trabalho