Por que o dólar chegou a saltar, mas fechou em forte queda após vitória de Trump?
Mercado diminuiu nervosismo inicial e também volta seus olhos para noticiário fiscal no Brasil
O dólar comercial chegou a subir quase 2% em relação ao real na abertura dos negócios e bateu os R$ 5,86, em meio às primeiras reações à vitória do republicano Donald Trump na corrida pela Casa Branca, mas perdeu força ao longo da sessão e fechou com forte baixa de 1,26%, na casa de R$ 5,67 na sessão nesta quarta-feira (6), de acordo com informações do portal InfoMoney.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contribuiu para a desaceleração ao longo do dia, ao afirmar em Brasília que a rodada de reuniões entre ministros para tratar das medidas fiscais está concluída, o que também amenizou a alta dos juros futuros.
Mais cedo, o movimento de alta refletia a percepção de que as políticas de Trump serão inflacionárias, entre elas a alta de tarifas de importação, o bloqueio a imigrantes e a redução de impostos, o que exigirá juros mais elevados nos Estados Unidos (EUA).
Cortes de juros menos acentuados por lá acabam fortalecendo o dólar ante o real em meio ao enfraquecimento do movimento de carry trade (em que o investidor toma dinheiro emprestado barato em moeda forte e depois investe em outra com rendimentos mais elevados).
Contudo, após um período de nervosismo no início da sessão com as primeiras reações ao Trump e depois com as falas de Haddad, o movimento do câmbio atenuou, levando em conta também que o problema fiscal doméstico tem sido um fator de peso para o avanço da moeda americana.
Além disso, acontece nesta quarta a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que deve elevar a Selic, hoje em 10,75% ao ano, em 0,5 ponto percentual (para 11,25%), o que mantém o Brasil com rendimento ainda visto como atrativo apesar dos juros mais altos nos Estados Unidos.
A disparada de ordens de “stop loss” (parada de perdas) no mercado durante o dia também favoreceu a queda do dólar ante o real, ainda que no exterior a moeda norte-americana sustentasse fortes altas ante as demais divisas.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar comercial fechou com forte baixa de 1,26%, cotado a R$ 5,674 na compra e na venda. Na máxima, chegou a bater R$ 5,862. Na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,33%, a 5.690 pontos.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,62%, cotado a 5,7472 reais.
Dólar comercial
Compra: R$ 5,674
Venda: R$ 5,674
Dólar turismo
Compra: R$ 5,723
Venda: R$ 5,903
O que aconteceu com o dólar hoje?
A concretização da vitória de Trump retomou os temores dos mercados globais por suas promessas econômicas, que incluem tarifas e cortes de impostos. Na visão de analistas, a natureza inflacionária das políticas do republicano geraria necessidade de a taxa de juros dos EUA permanecer em um nível elevado.
“O movimento está coerente com o discurso protecionista do Trump, de tarifas mais altas e redução de impostos. O cenário é de juros mais altos e dólar mais forte no longo prazo”, disse o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.
“Mas no Brasil houve muito mais uma alta por conta do fiscal distorcido, que levou os juros a níveis mais altos e deixou o dólar mais forte. Na teoria, com o fiscal acertado no Brasil, seria possível corrigir a alta que vimos nos últimos meses”, ressaltou Serrano.
Sobre isso, Haddad afirmou nesta manhã em Brasília que, finalizadas as discussões entre ministros, o próximo passo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva provavelmente será pedir conversas com os presidentes das duas Casas do Congresso, para que se discuta o envio das medidas fiscais para análise dos parlamentares.
“A vitória de Trump, de forma acachapante e um fortalecimento muito grande dos republicanos, reforça a ideia de que haverá mais protecionismo, uma tendência maior à pressão inflacionária e consequentemente a elevação da taxa de juros”, pontuou Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV.
Ainda na seara nacional, os destaques ficam por conta da decisão de política monetária do Banco Central e balanços corporativos.
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