Presidente da Petrobras age para vender RLAM a ‘preço de banana’, diz diretor de sindicato
Às vésperas de deixar o comando da estatal, Roberto Castello Branco tenta fazer com que conselho de administração aprove privatização da unidade
O coordenador-geral do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, afirmou que o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, age “às escusas” na tentativa de que o conselho de administração da empresa aprove a última privatização de sua gestão — a da RLAM (Refinaria Landulpho Alves), em São Francisco do Conde (BA). Segundo revelou reportagem do jornal o Estado de S. Paulo, o colegiado se reúne nesta quarta-feira (24) para discutir o plano de venda da unidade por US$ 1,65 bilhão ao grupo Mubadala, fundo de investimento dos Emirados Árabes.
A convocação feita por Castelo Branco ocorre duas semanas após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar que iria tirá-lo do comando da estatal. Criticado pelo chefe do Executivo por adotar uma política de preços com sucessivos aumentos do óleo diesel em 202, ele será substituído pelo general Joaquim Silva e Luna.
“Ficamos estarrecidos. Demonstra a pressão da gestão Castello Branco sobre os conselheiros de administração da Petrobras pra aprovarem a venda, a preço de banana, por apenas US$ 1,65, da Refinaria Landulpho Alves, com terminal de Madre de Deus, terminal de Candeias, Jequié e Itabuna. Quer fazer isso às escusas, faltando apenas 20 dias para ser retirado do comando dessa grande empresa que é a Petrobras. E sendo retirado justamente por causa da política de preços dos combustíveis que sangra cada brasileiro e brasileira”, critica Bacelar, que também está à frente da FUP (Federação Única dos Petroleiros).
Segundo o dirigente, tanto a FUP, quanto seus sindicatos e a Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras) já questionaram o valor da venda a órgãos como TCU (Tribunal de Contas da União), CGU (Controladoria-Geral da União), CMV (Comissão de Valores Mobiliários, autarquia vinculada ao Ministério da Economia) e Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Na avaliação de Bacelar, caso a transação seja aprovada, apenas o capital financeiro internacional sairá ganhando, enquanto o Brasil deverá lidar com monopólios regionais, além da possibilidade de desabastecimento nas regiões mais remotas do país.
“É preciso ter responsabilidade com a própria Petrobras, que perde muito se essa refinaria, com todos esses ativos, for vendida. Mas é preciso também ter responsabilidade com o brasileiro e a brasileira, que já pagam muito caro pelos combustíveis aqui no Brasil por causa da atual politica de preços, que quer ser perpetuada pela atual gestão da Petrobras, ou seja, pela gestão Castello Branco”, diz o presidente.
Em documento enviado aos membros do conselho de administração da petroleira, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, a diretoria informa que o valor de R$ 1,65 bilhão fechado com o fundo de investimento Mubadala é inferior à faixa média de referência calculada por ela, antes da pandemia. Argumenta, no entanto, que o cenário econômico mudou e, sem vender refinaria, será difícil manter os preços dos combustíveis alinhados aos do mercado internacional.
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