Publicado em 24/11/2025 às 19h15.

Reforma tributária acelera corrida por governança e expõe fragilidades de gestão, diz consultor

Para Alexandre Salles, impacto da reforma não está apenas na alíquota, mas na capacidade ou incapacidade das empresas de operar com clareza

Redação
Foto: Arley Prates

 

A aprovação da reforma tributária abriu um novo ciclo no ambiente corporativo brasileiro e deve provocar uma reorganização interna nas empresas, afirma o administrador de empresas e consultor estratégico Alexandre de Salles, fundador da (AS) Consultoria e ex-CFO de companhias privadas. Para ele, a transição entre o modelo atual e o novo sistema fiscal exigirá revisão de processos, integração entre áreas e investimentos consistentes em tecnologia e governança.

Salles avalia que a mudança vai além da reestruturação de impostos. Segundo o consultor, o novo modelo funciona como “um espelho” que evidencia fragilidades antes mascaradas pela complexidade da legislação. “O impacto da reforma não está apenas na alíquota, mas na capacidade ou incapacidade das empresas de operar com clareza, integração e agilidade em um cenário de transformação. A crise não nasce da lei; nasce da falta de preparo”, afirma.

A fase de transição, que deve se estender por vários anos, exigirá que as empresas operem simultaneamente com regras antigas e novas. Salles prevê forte pressão operacional. “É como atravessar uma ponte ainda em construção. Normas mudam enquanto você anda. Sistemas precisam ser redesenhados e processos, conectados. Quem tem maturidade de gestão consegue atravessar; quem não tem, entra em crise”, afirma.

Novo papel do fiscal e avanço da integração

Para o consultor, a reforma deve acelerar alterações internas. O departamento fiscal deixa de ser área isolada e passa a ter função estratégica. A área de tecnologia assume protagonismo, enquanto controladoria e jurídico se tornam centrais na garantia da integridade dos dados e na mitigação de riscos. “A reforma força integração, governança e transparência. Não é apenas uma mudança técnica, é uma mudança de mentalidade”, diz.

No campo financeiro, os impactos serão diretos sobre fluxo de caixa, capital de giro e planejamento estratégico. Salles defende que empresas encarem o processo de adaptação como investimento, e não como despesa. “Atualizar sistemas, treinar equipes e revisar processos é CAPEX de continuidade. O maior risco é a inação. Quem esperar para depois já estará atrasado”, afirma.

Oportunidade de fortalecimento

Apesar dos desafios, Salles avalia que o novo modelo tributário cria oportunidade para amadurecimento organizacional. A seu ver, o contexto atual obriga empresas a revisarem estruturas internas e avançarem na digitalização. “É uma chance de redesenhar processos, fortalecer governança e maturar cultura. Uma oportunidade real de construir competitividade”, diz.

Para o consultor, o desfecho da transição fiscal será determinante para o futuro das organizações. “A reforma não determina quem sobrevive, ela revela. Mostra quem é capaz de evoluir, aprender e sustentar relevância. Perenidade não é sorte: é projeto”, conclui.

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