Saída da Ford ameaça quinto maior setor industrial baiano
Área automitiva representa 5,4% do valor transformado no estado e 4,1% da força de trabalho; Estado e Fieb buscam substituto

Anunciado na segunda-feira (11), o fim da produção da Ford em Camaçari ameaça o quinto maior setor da indústria de transformação baiana. Somando a montadora e as sistemistas – fornecedoras que atuavam na planta -, a área automotiva representa 5,4% do valor da transformação industrial na Bahia e 4,1% da força do trabalho. Apenas refino, produtos químicos, alimentos e celulose têm peso maior.
“Além dos sistemistas, que atuavam na própria fábrica da Ford, há fornecedores diretos e indiretos na área de pneus e petroquímica na indústria, sem falar de atividades portuárias e de logística que sofrerão, resultando em efeitos significativos”, avaliou a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), em nota.
Para o gerente de Estudos Técnicos da Fieb, Ricardo Kawabe, além da parte industrial, haverá impacto grande também no comércio e nos serviços, principalmente nas concessionárias. “Elas vão deixar de representar um fabricante local para vender carro importado. Não é a mesma coisa”, ponderou, em conversa com o bahia.ba. A montadora também fechou as outras duas unidades brasileiras, em São Paulo e no Ceará.
Mão-de-obra e infraestrutura
O representante da Fieb destaca o impacto para os 7.216 trabalhadores da Ford e das quase 20 sistemistas. “São pessoas qualificadas, com média salarial acima do mercado”, acrescentou. “Todo o esforço é válido para não se deixar essa lacuna em emprego de qualidade.”
No mesmo dia do anúncio da saída da Ford da Bahia, o governador Rui Costa anunciou a criação de um grupo de trabalho em busca de uma alternativa para a infraestrutura disponível em Camaçari – que inclui até um porto. O grupo tem participação da Fieb. Nesta terça-feira, Rui Costa convidou os trabalhadores para participar da iniciativa.
Para Kawabe, a melhor caminho seria uma outra empresa do próprio setor automotivo. O gerente avalia que a infraestrutura disponível é um dos trunfos do estado. “Para uma empresa que queira entrar no Brasil ou ampliar suas atividades começar do zero o investimento é de bilhões de reais”, frisou. A própria implantação da Ford em Camaçari, cuja fábrica foi inaugurada em 2001, representou um investimento inicial de US$ 1,2 bilhão – em torno de R$6,2 bilhões na cotação atual.
Crea
A saída da Ford na Bahia também foi lamentada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA). A entidade destaca que a empresa recebeu cerca de US$ 20 bilhões em incentivos fiscais desde 1999. “Pediu isenção fiscal e prometeu gerar empregos. A crise chega e simplesmente avisa o fechamento, sem compromisso com o país, com a Bahia”, protestou o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Joseval Carqueija.
Segundo Carqueija, “é preocupante, pois já estamos sofrendo com perda de postos de trabalho, profissionais sem perspectivas de emprego. Enquanto estamos pensando em ampliar e buscar alternativas para geração de emprego e renda para a Bahia, somos surpreendidos com o fechamento de uma fábrica que emprega tantos profissionais”, pondera o presidente. “É um prejuízo incalculável”, afirma.
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