Taxas futuras de juros sobem com IPCA acima do esperado e demora do pacote fiscal
Decepção com medidas econômicas na China também impactaram curvas

As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira (8) em alta, em especial nos contratos a partir de 2026, com a curva de juros reagindo à inflação acima das expectativas no Brasil, à demora do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em apresentar seu pacote fiscal e à decepção com medidas adotadas pela China para impulsionar a economia, de acordo com informações do portal InfoMoney.
No fim da tarde a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo – estava em 11,398%, ante 11,386% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 13,125%, em alta de 9 pontos-base ante o ajuste de 13,036%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,82%, ante 12,78% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,69%, ante 12,675%.
As taxas dos DIs escalaram níveis mais altos desde o início da sessão, reagindo a fatores internos e externos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em outubro, depois de subir 0,44% em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,53% para o mês. Nos 12 meses até outubro o IPCA acumulou alta de 4,76% — um percentual já acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC).
Na avaliação do economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, o IPCA veio “bem salgado” e com “várias notícias ruins dentro do índice” — entre elas, a forte alta dos preços de energia elétrica e carnes, o aumento do índice de difusão e a inflação de serviços subjacentes.
“É claro que o Banco Central não faz chover quando sobe juros, muito menos produz boi, mas a ideia é que as altas de juros ajudam a combater a disseminação dessas altas localizadas para todos os preços da economia”, disse Gala, em comentário enviado a clientes.
Além do IPCA, a demora do governo em fechar o pacote de cortes de gastos, prometido para esta semana, sustentava as taxas dos DIs. A reunião do presidente Lula com ministros para discutir o pacote foi encerrada na quinta-feira e retomada na tarde desta sexta-feira, ainda sem previsão de divulgação de medidas.
“Vimos ao longo da semana a discussão interna do governo se prolongando. (O pacote) era para ser anunciado na quarta, mas hoje (sexta) ainda não saiu nada”, afirmou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
“Enquanto não aparece o valor efetivo, não é apresentado o pacote, o mercado vai ficando receoso por conta do noticiário em torno das conversas internas”, ressaltou.
No exterior, o dia também não era favorável a ativos de países exportadores de commodities, como o Brasil, após a China frustrar expectativas em torno de seu pacote de estímulos.
Autoridades chinesas disseram que permitirão que os governos locais emitam seis trilhões de iuanes (838,77 bilhões de dólares) em títulos para trocar por dívidas fora do balanço, ou “ocultas”, ao longo de três anos. Investidores pareceram desapontados com o tamanho do plano, o que ajudou a sustentar a alta do dólar ante o real no Brasil.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027, um dos mais líquidos, atingiu a máxima de 13,21% às 14h22, em alta de 17 pontos-base ante o ajuste da véspera. Até o encerramento da sessão a taxa desacelerou, mas, ainda assim, permaneceu bem acima dos 13%.
No trecho curto da curva, a pressão se traduziu em chances majoritárias de o BC voltar a acelerar a alta da taxa básica Selic em dezembro.
Perto do fechamento a curva precificava 57% de probabilidade de alta de 75 pontos-base da Selic no próximo mês, contra 43% de chance de elevação de 50 pontos-base. Após o aumento de 50 pontos da última quarta-feira, a Selic está atualmente em 11,25% ao ano.
O avanço das taxas dos DIs nesta sexta-feira ocorreu a despeito de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries mais longos estarem em baixa, com investidores voltando a comprar títulos passada a eleição presidencial norte-americana. Às 16h37 o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 4 pontos-base, a 4,306%.
Mais notícias
-
Economia10h19 de 28/10/2025
Dólar opera estável, com expectativas em torno da reunião entre Trump e Xi Jinping
Em agenda na Ásia, Trump já se reuniu com líderes da Malásia, Tailândia, Vietnã, Camboja e Japão, e fechou acordos comerciais com todos
-
Economia21h55 de 27/10/2025
Bolsa bate recorde e dólar recua após encontro entre Lula e Trump
Segundo analistas, o movimento de alívio foi influenciado tanto por fatores domésticos quanto externos
-
Economia18h16 de 27/10/2025
Bancos endurecem regras para coibir contas laranja e bets irregulares
Nova autorregulação instituída nesta segunda-feira (27), segundo a entidade, busca reforçar o combate a golpes digitais
-
Economia15h21 de 27/10/2025
Economia baiana recua no 3º trimestre com impacto de tarifaço dos EUA
Queda na produção industrial e nos serviços pressiona arrecadação do ICMS, apesar de saldo positivo no acumulado do ano
-
Economia12h19 de 27/10/2025
Confiança do consumidor brasileiro cresce pelo 2º mês seguido em outubro
Índice de Confiança da FGV registrou alta de 1,0 ponto, chegando a 88,5 pontos
-
Economia10h12 de 27/10/2025
Dólar opera em baixa com expectativas positivas após reunião de Lula e Trump
Moeda americana acompanha movimento de recuo visto no exterior
-
Economia09h21 de 27/10/2025
Boletim Focus: BC reduz projeções para inflação e dólar em 2025 pela 5ª semana seguida
PIB também cai, enquanto Selic mantêm estabilidade
-
Economia16h28 de 25/10/2025
Bahia lidera ranking de investimentos e supera São Paulo pela primeira vez em mais de 10 anos
O Estado da Bahia aplicou R$ 4,12 bilhões em áreas sociais e infraestrutura, o maior volume do Brasil em 2025
-
Economia08h51 de 25/10/2025
Nubank sofre instabilidade em app por manutenção programada
A fintech garante que o serviço será normalizado o quanto antes
-
Economia16h38 de 24/10/2025
Saiba quanto rende o prêmio de R$ 95 milhões da Mega-Sena
Sorteio será realizado neste sábado (25)









