União terá dificuldade em pagar salários sem reforma da Previdência
Serviços públicos podem ficar comprometidos antes de 2023

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Brasília
A União terá dificuldades em pagar os salários do funcionalismo a partir de 2020, caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Sem as mudanças nas regras para aposentadoria, os gastos com saúde, educação e segurança ficarão comprometidos antes de 2023. As conclusões constam de relatório divulgado ontem (15) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.
Segundo a secretaria, a não aprovação da reforma põe em risco a solvência do Estado. Isso porque o crescimento da dívida pública, prevista para encerrar 2019 entre 78,3% e 80,4% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos), vai disparar para 83,9% em 2020 e 102,3% em 2023, na falta de mudanças na Previdência.
De acordo com a nota técnica, o rombo da Previdência acumulado em 12 meses saltou de 1,3% do PIB em novembro de 2009 para 2,9% do PIB em novembro de 2018. As receitas da Previdência – contribuições que trabalhadores e patrões pagam para financiar os benefícios – ficaram relativamente estáveis, passando de 5,5% para 5,7% do PIB no mesmo período. As despesas, no entanto, saltaram de 6,8% para 8,5% do PIB. A comparação com o PIB minimiza os efeitos de crises econômicas sobre tanto sobre a arrecadação como as despesas.
O texto ressalta o descompasso entre a arrecadação e os gastos da Previdência Social. Embora a arrecadação tenha ficado estável pela falta de mudança de regras, as despesas têm aumentado ano a ano por causa do envelhecimento da população e do aumento da expectativa de vida, que demandam cada vez mais o pagamento de aposentadorias e de pensões.
Déficit primário
A Previdência, tanto dos servidores públicos como da iniciativa privada, foi, segundo o levantamento da SPE, a principal responsável pelo déficit primário do setor público – resultado negativo das contas de União, estados, municípios e estatais desconsiderando os juros da dívida pública. Em 2018, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 108,3 bilhões, equivalente a 1,6% do PIB. O rombo, no entanto, só não foi maior porque outros setores do governo – como o Tesouro Nacional e o Banco Central – registraram resultados positivos no ano passado.
A Previdência Social, que abrange os trabalhadores da iniciativa privada e das estatais que contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) teve déficit de R$ 195,2 bilhões (2,9% do PIB) em 2018. A previdência dos servidores federais registrou rombo de R$ 90,3 bilhões (1,3% do PIB). O resultado da previdência dos servidores estaduais e municipais ainda não foi consolidado, mas a SPE estima déficit de R$ 104,2 bilhões (1,5% do PIB)
Apesar da recessão em 2015 e 2016 e do crescimento da economia em torno de 1% em 2017 e 2018, a SPE argumenta que o descontrole dos gastos públicos, principalmente o dos benefícios com a Previdência Social, está na raiz da deterioração fiscal dos últimos anos.
Segundo o órgão, o problema é antigo e exige mudanças de regras e reformas estruturais. O levantamento ressaltou que as despesas não financeiras (que excluem juros da dívida, amortizações, encargos e despesas com concessão de empréstimos) saltaram 5,7 pontos percentuais do PIB entre 1997 e 2018, de 14% para 19,7% do PIB.
Mais notícias
-
Economia
12h42 de 16/09/2025
Rui Costa comemora queda de desemprego no Brasil: ‘Menor indíce desde 2012’
Para Rui, os efeitos da queda do desemprego vai além do marco histórico, e atinge o consumo interno do país
-
Economia
10h29 de 16/09/2025
Dólar opera em baixa e se aproxima dos R$ 5,30 nesta terça
Analistas seguem na expectativa de anúncios do Fed e do Banco Central brasileiro
-
Economia
09h52 de 16/09/2025
Taxa de desemprego no Brasil cai para 5,6% em julho, diz IBGE
Resultado veio alinhado com o piso das expectativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast
-
Economia
14h00 de 15/09/2025
Atividade econômica do Brasil cai 0,5% em julho, diz BC
Esta é a terceira retração consecutiva do indicador
-
Economia
10h22 de 15/09/2025
Dólar abre a semana em queda, seguindo abaixo dos R$ 5,40
Dados econômicos do Brasil e dos EUA são destaques entre os analistas na agenda de hoje
-
Economia
09h26 de 15/09/2025
BC volta a reduzir projeção para inflação em 2025 em novo boletim Focus
Estimativa para este ano está agora em 4,83%; Câmbio também recua, e dólar e Selic mantêm estabilidade
-
Economia
18h20 de 13/09/2025
Brasil consegue isenção de tarifas dos EUA
Segundo a nota do governo federal, esses produtos agora ficam livres de qualquer tarifa adicional dos EUA
-
Economia
14h36 de 13/09/2025
Mega-Sena: prêmio está estimado em R$ 3,5 milhões
Sorteio acontece neste sábado (13)
-
Economia
21h55 de 12/09/2025
Tarifaço de Trump deve atingir quase 10 mil produtos brasileiros
Impacto prático da medida deve ser sentido nos próximos meses
-
Economia
21h00 de 12/09/2025
Dólar recua e Bolsa cai após condenação de Bolsonaro e temor por sanções dos EUA
Na semana, a moeda americana acumulou retração de 1,11% e, no ano, já registra queda de 13,36%.