Publicado em 26/02/2024 às 13h22.

Vendas online das Americanas caem 79,2%; patrimônio líquido negativo vai a R$ 31,2 bilhões

Em novembro, a empresa havia divulgado ao mercado a previsão de apresentar um patrimônio líquido positivo em 2025

Redação
Foto: assessoria/ Americanas

 

A Americanas informou, nesta segunda-feira (26), novos dados sobre sua crise depois da descoberta de uma fraude bilionária há mais de um ano. Também nesta segunda, a Justiça fluminense homologou o plano de recuperação judicial, que havia sido aprovado pela maioria dos credores em dezembro. A informação é do portal Bloomberg Línea.

De acordo com a publicação, os números divulgados nesta manhã mostram um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões, uma dívida bruta de R$ 38,3 bilhões e um patrimônio líquido negativo de R$ 31,2 bilhões, referentes ao acumulado dos três primeiros trimestres de 2023. No final de 2022, o patrimônio líquido negativo somava R$ 26,7 bilhões, ou seja, aumentou R$ 4,5 bilhões em nove meses (variação de 16,85%).

O prejuízo líquido dos nove meses de 2023 (R$ 4,6 bilhões) caiu 23,5% em relação ao mesmo período de 2022 (R$ 6,027 bilhões), segundo informado no balanço. A empresa também registrou crescimento da margem bruta de 11,1 pontos percentuais, para 27,7% ao final de setembro de 2023 (ante 16,6% um ano antes). As ações da empresa subiam 3,85% às 11h37 em São Paulo, para R$ 0,54.

Em novembro, a empresa havia divulgado ao mercado a previsão de apresentar um patrimônio líquido positivo em 2025, cenário ainda considerado incerto por analistas. A empresa havia reportado na época um prejuízo líquido de R$ 19 bilhões no acumulado de dois anos (2022 e 2021). E o rombo contábil tinha sido estimada em R$ 25,3 bilhões, acima dos R$ 20 bilhões inicialmente divulgados.

Queda das vendas online

O resultado negativo foi influenciado pela queda nas vendas, o que afetou principalmente as operações digitais. A receita líquida consolidada da Americanas caiu 45,1% na comparação entre os primeiros nove meses de 2023 com os de 2022, totalizando R$ 10,3 bilhões. O varejo digital teve a maior queda (-79,2%), seguido pela fintech AME (-63,8%) e pelo varejo físico (-18,8%).

A operação digital da companhia, na qual o ticket médio é mais alto, registrou queda de 77% no volume total vendido entre janeiro e setembro, na comparação anual. O GMV (volume bruto de mercadorias) encolheu de R$ 20,9 bilhões (nove primeiros meses de 2022) para R$ 4,8 bilhões no mesmo período de 2023.

“A plataforma digital foi a que mais sofreu com uma significativa queda de vendas, resultado do choque de confiança dos consumidores e da estratégia adotada pela companhia de reduzir exposição a negócios com elevado consumo de caixa”, admitiu a varejista no balanço, em referência à redução de sellers (vendedores terceiros na plataforma) e de fornecedores.

Nos três primeiros trimestres, a venda do estoque próprio (o chamado 1P) teve uma queda de 86%, enquanto a do markeplace (3P, venda de estoque de terceiros) caiu 70,8%. “Com o objetivo de aumentar a rentabilidade, adotamos a estratégia de desidratar nosso 1P, migrando categorias relevantes para o 3P”, justificou a companhia.

Em relatório, a companhia, que tem o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da 3G Capital, como principais acionistas, admitiu que “ainda há muito o que fazer, muito a reconstruir e não será um caminho fácil” para a recuperação do grupo varejista.

Na última sexta-feira (23), a ação da Americanas fechou cotada a R$ 0,52, na mínima histórica, acumulando uma queda de 96% ante o fechamento em 11 de janeiro de 2023, quando vali R$ 12, horas antes de divulgar fato relevante revelando “inconsistências contábeis”.

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