Alagoinhas sediará concurso internacional de cervejarias em novembro

O II Brazilian International Beer Awards (BBA), que acontece em Alagoinhas (BA) entre os dias 6 e 9 de novembro, acaba de confirmar a inscrição de amostras de 26 países confirmados até o momento, com mais a comparecerem. A diversidade da banca reforça a vocação internacional do concurso, considerado o maior da América Latina. O evento ocorrerá dentro do Bahia Beer Festival, em parceria com o Governo da Bahia e a Prefeitura do município. Em entrevista ao bahia.ba, os organizadores deram mais detalhes a respeito.

O organizador do BBA, Develon da Rocha, explicou que o planejamento para o evento começou em 2022, já com a proposta de uma abordagem internacional. “A gente viu essa necessidade no mercado, as cervejarias do Brasil pediam muito isso”, pontua.

“Nós já realizamos o Concurso Brasileiro de Cervejas (CBC Brasil) há mais de 13 anos. E, para as cervejarias brasileiras, é muito caro enviar amostras para fora do país. Concorrer na Alemanha, na Bélgica, na Ásia, enfim, é muito caro. Por isso, surgiu a necessidade de ter um concurso internacional aqui no país, em que fosse possível competir de igual para igual com cervejas de outras regiões”, afirmou o organizador.

Já o coordenador técnico Douglas Merlo, conhecido como Doug, diz que a seleção do júri é criteriosa e envolve diversos fatores. “O painel de jurados do BBA é cuidadosamente composto para garantir a qualidade e a credibilidade do processo de avaliação”.

“Eles são escolhidos entre profissionais de reconhecida competência no setor, incluindo sommelieres de cerveja com formação específica e experiência em análise sensorial; juízes credenciados pelo BJCP (Beer Judge Certification Program), com profundo conhecimento técnico sobre estilos e práticas de avaliação; cervejeiros premiados, que acumulam resultados expressivos em competições nacionais e internacionais; além de especialistas com notório saber, tanto do Brasil quanto do exterior, cuja trajetória demonstra ampla participação em concursos de prestígio ao redor do mundo”, esclarece Doug.

“Essa diversidade de perfis assegura um julgamento consistente, criterioso e alinhado aos padrões internacionais, além de conferir legitimidade aos resultados apresentados”, garante.

Importância para a cidade de Alagoinhas

Escolhida para sediar o evento, Alagoinhas ganhará atenção de diversas partes do mundo durante alguns dias. Para Develon, isso representa uma evolução significativa. “Na sua segunda edição, o Bahia Beer também significa muito para o estado da Bahia e, em especial, para Alagoinhas, que se consolida como um polo cervejeiro. Até porque é a capital baiana da cerveja”.

“Alagoinhas hoje tem a melhor água do Brasil e, se não me engano, já é considerada a melhor água do mundo. A Perrier, da França, que até então tinha esse título, enfrentou alguns problemas, e Alagoinhas passou a ocupar esse posto. Além disso, a cidade abriga a fábrica da Heineken, do Grupo Petrópolis, e agora também está recebendo uma cervejaria de Minas Gerais, que iniciou em setembro o processo para instalar uma unidade de produção de cervejas no município”, comemora o organizador.

“Acredito que, para o Bahia Beer, para o Conib, para a Bahia e para Alagoinhas, isso representa muito. É um concurso que, às vezes, nem a Europa consegue realizar com tantos jurados renomados participando. Só eventos como o Brussels Beer Challenge (Bélgica), o European Beer Star (Alemanha), o Great American Beer Festival (Denver, EUA) e o World Beer Cup conseguem ter um nível comparável. Já na sua segunda edição, o BBA alcança um patamar de disputa internacional”, completa.

Entre os confirmados estão cervejas de países com pouca tradição cervejeira, como Ucrânia, China e África do Sul, ao lado de nações que carregam séculos de história no setor, como Alemanha, Bélgica e Inglaterra. Essa combinação garante não apenas um concurso com maior variedade de estilos, mas também eleva o rigor técnico das avaliações.

Para Doug, é de “grande importância” a participação de países menos destacados no setor, pois fortalece e valoriza suas cenas locais. “Esses concursos funcionam como uma vitrine global, permitindo que cervejarias emergentes apresentem seus produtos a especialistas e consumidores exigentes. Além disso, o contato com jurados e produtores de diferentes culturas cervejeiras promove a troca de conhecimento técnico e inspira a evolução da qualidade. Para mercados ainda em desenvolvimento, conquistar reconhecimento em premiações internacionais contribui para aumentar a credibilidade, estimular o consumo consciente e consolidar a identidade cervejeira nacional”, explica.

Impacto no cenário das cervejarias brasileiras

Questionado sobre como um evento deste porte pode influenciar o mercado local, Develon explica que as cervejarias que souberem explorar bem o selo e a nota do BBA têm potencial de crescimento acelerado.

“Várias cervejarias que já participaram conosco, tanto do CBC Brasil quanto do BBA no ano passado, relatam isso. Temos inclusive vídeos de pessoas contando o quanto aumentaram as vendas e o quanto suas cervejarias ficaram conhecidas. Isso é muito gratificante, porque mostra o papel comercial, de marketing e de visibilidade que o concurso gera”, destaca o organizador.

Segundo ele, um exemplo de destaque é a Big Jack, de Orleans (SC), que foi eleita a melhor cervejaria do BBA no último ano. “Ela aumentou o número de pontos de venda, abriu para visitação, investiu em novos canais e até criou um ponto de distribuição no Nordeste. Esses resultados mostram como o reconhecimento ajuda a expandir os negócios”, explica.

“Isso alavanca vendas, marketing, oportunidades e até atrai mão de obra qualificada — os sommeliers querem trabalhar em cervejarias premiadas. Com o tempo, algumas se tornam as chamadas ‘cervejarias hypadas’, ou seja, as do momento: ganham prêmios, ficam em evidência, o público pede seus rótulos e elas conseguem expandir a distribuição. Tudo isso mostra o quanto o selo e a nota do BBA podem transformar o futuro de uma cervejaria”, completa.

Destaques para a edição 2025

Para Doug, rótulos que explorarem ingredientes diferenciados, como frutas e especiarias exóticas, podem chamar atenção durante a competição deste ano. “Também os que passam por processos de maturação em barris de madeira, resultando em complexidade sensorial e caráter único. No entanto, é importante destacar que não existe previsão ou garantia de destaque para determinados estilos ou técnicas”, pondera.

“As degustações são realizadas sempre às cegas e de forma totalmente imparcial, sem que os jurados tenham conhecimento sobre marca ou origem da cerveja. Isso assegura que apenas a qualidade intrínseca da bebida seja determinante no julgamento”, reforça.

Segundo o coordenador, protocolos internacionais de avaliação sensorial e de organização de concursos cervejeiros são adotados, alinhados a referências como o Brussels Beer Challenge e o European Beer Star.

“Essa integração garante que os procedimentos de julgamento, desde a montagem do painel até a aplicação das fichas de avaliação, sigam padrões reconhecidos mundialmente. O resultado é um concurso tecnicamente consistente, comparável aos principais eventos do setor, o que reforça sua credibilidade junto a cervejarias, especialistas e consumidores. Além disso, a convergência com esses modelos eleva o nível técnico do prêmio, proporcionando às cervejas inscritas uma avaliação justa, transparente e em sintonia com os critérios mais respeitados no cenário internacional”, conclui.

Premiação

O julgamento será realizado de 6 a 8 de novembro, com a cerimônia de premiação marcada para o dia 9. Paralelamente, a cidade receberá o Congresso Internacional da Cerveja (Conib), nos dias 7 e 8, reunindo debates e palestras sobre tendências do setor.

O BBA integra a Federação Internacional de Concursos Cervejeiros e possui parcerias com eventos de referência mundial, como o Brussels Beer Challenge (Bélgica), o European Beer Star (Alemanha) e o KIBA – Korea International Beer Award (Coreia do Sul). Com isso, consolida-se como uma vitrine global da qualidade e criatividade das cervejarias brasileiras e internacionais.