Bailinho de Quinta completa 10 anos fazendo do Carnaval uma fantasia eterna
Banda recebe Daniela Mercury no sábado (23) para mais um show em comemoração aos 10 anos de história
Se purpurina, confete e serpentina tivessem o efeito do ‘pó de pirilimpimpim’, certamente o desejo de Evandro Rodrigues, compositor do hit ‘Baianidade Nagô’, de transformar o Carnaval de Salvador uma ‘fantasia eterna’ poderia facilmente se tornar realidade.
Como os artefatos carnavalescos ainda não foram agraciados com poderes mágicos, a missão de transformar a folia momesca em uma fantasia que dure 365 dias, ou 366 se o ano for bissexto, ficou para quem tem energia de sobra para fazer a festa não ter fim.
Completando 10 anos de história em 2019, a banda Bailinho de Quinta, que lança dois singles até o verão para comemorar o feito, encontrou nas marchinhas uma forma fazer a chama continuar acesa independentemente de ser fevereiro ou não. Em entrevista ao bahia.ba, Graco Vieira falou sobre as transformações da banda ao longo da carreira e da consolidação do grupo como uma das marcas do Carnaval.
“O Bailinho surgiu de uma vontade nossa de fazer algo não autoral, de estar junto e se divertir. Eu e Thiago já tocávamos juntos na banda de hardcore Inkoma, que na época tinha Pitty como cantora. Foram muitos anos de amizade e muitos projetos paralelos, até surgir essa ideia. Conheci Juliana em uma banda de samba, e na hora que decidimos tirar o Bailinho do papel, ela foi a primeira pessoa que veio na mente para participar com a gente”, conta Graco.
Seu nome não é por acaso. Além da brincadeira com o termo ‘5ª categoria’, o nome remete a uma grande lembrança. Numa quinta-feira de outono de 2009, no bar Ali do Lado, aconteceu a primeira apresentação da banda. “Fizemos uma brincadeira com o quinta no nome, que é de quinta categoria e ao mesmo tempo combinou com o início da banda, que foi justamente em uma quinta feira. E pegamos esse humor das marchinhas, né? Se é de 5ª categoria, deixa a gente à vontade para fazer uma coisa mais leve”.
Para dar ao Bailinho de Quinta o título de cidadão baiano, já que o Carnaval não é algo exclusivo do estado, e trazer ainda mais originalidade ao grupo, foi proposto um recorte regional, valorizando os artistas locais.
“Nosso primeiro desafio com o Bailinho era mostrar que a banda era algo da Bahia, e não de Recife ou do Rio. Começamos a fazer um recorte mais regional, com composições locais, artistas da nossa Terra, da década de 70, 80, Armandinho, Morais Moreira, Caetano, para contar um pouco do nosso carnaval da Bahia”, revela Graco.
Mas o tempo, ah tempo rei, mostrou que a essência do Carnaval é mesmo a mistura, e com o passar dos anos, além da renovação nas marchinhas, o grupo inclui sucessos atuais em seu repertório, o que agrada ao público e diverte os integrantes da banda.
“A cada temporada a gente vem modificando o nosso repertório e incluindo canções atuais, é algo natural. Tanto que a ideia do projeto era não ser algo autoral para poder trazer um pouco de tudo, mas em 2014 a gente acabou gravando um CD nosso, o ‘Bora Bora Bora’. De lá pra cá, além das marchinhas, a gente começou a colocar outros gêneros na nossa lista, e passamos a tocar lambada, guitarrada do Pará, temos versões de músicas de rock, adicionamos Anitta, Duda Beat, coisas que dialogam com o nosso universo. Tudo isso com muito cuidado estético para não ficar uma banda de baile muito solta”.
Apesar do tom nostálgico que o Bailinho de Quinta tem, com o estilo das festas e das canções dos anos 30 aos 60, a banda não trata sua arte como um resgate dos antigos carnavais, com a premissa de que não só as marchinhas, como música como um todo é eterna. “As marchinhas são eternas, como diz o próprio Walter Queiroz. São músicas que estão na memória do povo brasileiro, de uma forma muito presente e coerente. É muito legal poder tocar essas canções, em um outro momento, de uma forma contemporânea”.
Ao fazer um balanço dos 10 anos de história do grupo, Graco destaca um dos maiores ganhos da banda: o público cativo.
“Conseguimos juntar um público tão diverso, com pessoas diferentes, de idades, gostos e frequências diferentes, mas que naquele momento estão curtindo junto a festa. São pessoas que já ouviram os pais ou os avós cantarolando. Fora que é uma música tão forte e tão fácil que as pessoas se encantam. A gente canta uma vez ‘Mamãe eu quero’, e no segundo refrão todo mundo já está cantando. É uma inocência e ao mesmo tempo uma inteligência tão grande que envolve essa música”.
O grupo ainda conseguiu provar que não existe idade para sentir a energia e emoção do Carnaval. “A gente já teve oportunidade de cantar para crianças e em um lar de idosos, e a reação é muito parecida. Uns mais saudosistas, outros mais alegres, mas a reação é a mesma, todo mundo contagiado pela energia das marchinhas e do Carnaval. É um tempo que passou rápido, mas com muito prazer. Tem tanta gente que casou ao som do Bailinho. É muito prazeroso ver esse projeto, que vem sendo lapidado há muito tempo, ganhando seu espaço e conquistando o público”.
Em clima de festa, a banda recebe Daniela Mercury no sábado (23), em mais uma edição do Bailinho de Quinta em comemoração aos 10 anos de carreira. O evento acontece na Chácara Baluarte, e os ingressos podem ser encontrados à venda no Sympla por R$ 60 (inteira).
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