Publicado em 27/08/2025 às 12h57.

Brás Cubas volta à cena em ‘UM CUBAS! – Memórias Póstumas’

Espetáculo da Curiagem Coletiva estreia em setembro no SESI Casa Branca e aproxima Machado de Assis do público jovem

Redação
Foto: Divulgação/ Assessoria

 

Um homem fala da morte como quem atravessa a própria vida. Do alto de seu delírio póstumo, Brás Cubas reaparece em cena. E, ao contrário do que se espera dos defuntos, ele não descansa: ri, ironiza, critica. Este é o mote de UM CUBAS! – Memórias Póstumas, espetáculo da Curiagem Coletiva que estreia no dia 13 de setembro, no Centro Cultural SESI Casa Branca, com apresentações até 28 de setembro — sextas-feiras (15h), sábados e domingos (16h). As sextas serão dedicadas a sessões mediadas para escolas públicas. Nos sábados, dias 20 e 27, haverá sessões com acessibilidade em Libras e audiodescrição. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) e estão disponíveis na plataforma Sympla (link para compra).

Inspirada no romance de 1881, a adaptação rompe a barreira da linguagem arcaica e traduz a genialidade machadiana para um formato dinâmico, fragmentado e cheio de referências que dialogam com a juventude contemporânea. Três atores — Daniel Calibam, Felipe Viguini e Tiago Querino — se revezam e se sobrepõem no papel do narrador-defunto, construindo uma cena em que Cubas é maestro de sua própria vida em ruínas.

O espetáculo aposta na força do teatro como porta de entrada para a literatura. Ao vivo, os elementos da história ganham corpo, expressão e ritmo, aproximando a narrativa do público. “Para adolescentes e jovens, é a chance de descobrir que o teatro pode ser a chave para compreender — e até se apaixonar — por um livro. Para professores e educadores, é uma ferramenta viva para despertar o interesse pela leitura”, destaca Viguini, que assina a dramaturgia junto ao multiartista Celso Júnior, também diretor da montagem.

Os elementos originais do romance são revisitados com inspirações que vão de Brecht a Marina Abramovic, passando por Os Trapalhões. A encenação evidencia o próprio fazer teatral — luzes, som, trocas de figurino e máscaras — convidando o público a perceber o jogo cênico como parte da narrativa. A poética brechtiana rompe a ilusão e ressalta a teatralidade: uso de máscaras, mudanças súbitas de personagem, presença cênica que transita entre drama, tragédia e comédia.

As memórias do narrador-defunto — amores, paixões tumultuadas, derrotas políticas e perdas familiares — surgem em fragmentos que equilibram humor e reflexão, convidando a plateia a pensar de forma leve, mas não superficial. Além de rir das próprias contradições, UM CUBAS! – Memórias Póstumas amplia o alcance da obra original ao lançar um olhar crítico sobre contradições ainda presentes na sociedade: machismo, desigualdade social e hipocrisia da elite — temas antigos, mas ainda atuais.

Trazer Brás Cubas ao palco, com toda a densidade filosófica e literária de Machado de Assis, exigiu um processo de criação que cruzou escrita, improvisação e escuta. O desafio foi respeitar a estrutura do romance sem traí-lo, mas traduzindo seus sentidos para a urgência e a linguagem do teatro contemporâneo. O resultado é uma adaptação que preserva a ironia, a crítica social e os silêncios do texto original, tensionando o século XIX com as inquietações do século XXI.

O projeto reafirma a potência do encontro entre teatro e literatura, especialmente como caminho de formação cultural para jovens estudantes. Ao acessar a linguagem cênica como ponte para o universo machadiano, o espetáculo aproxima o público do livro, estimula o pensamento crítico e desperta o prazer da leitura. A mediação cultural com alunos do ensino médio valoriza o patrimônio literário brasileiro e fomenta a construção de repertórios culturais desde a juventude.

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para efetivar ações emergenciais de apoio ao setor cultural, conforme a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.

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