Publicado em 06/10/2025 às 15h07.

Cantor baiano denuncia racismo em academia de Salvador: ‘É doloroso’

Artista expôs comentário preconceituoso que ouviu dentro de uma academia

Edgar Luz
Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

O cantor baiano Samuel Marques, conhecido por acompanhar nomes como Saulo Fernandes e Luiz Caldas e por sua passagem pelo “The Voice Brasil em 2019”, denunciou no último domingo (5) um caso de racismo sofrido dentro de uma academia Smart Fit, no bairro da Graça, em Salvador.

Em vídeo publicado no Instagram, o artista mostra o exato momento em que sofre a ofensa racista. “O urso do cabelo duro”, disse o homem. “Urso do cabelo duro? Você acha que parece comigo?”, rebateu Samuel.

De acordo com Samuel, o agressor o comparou a “o urso do cabelo duro”. O cantor então decidiu confrontá-lo, perguntando se o homem acreditava que se parecia com ele. “Não, lembra, assim, o cabelo”, teria respondido o autor da ofensa.

Ao perceber o constrangimento causado, o homem tentou disfarçar a situação. “Maluquice, maluquice”, disse, ao que o músico retratou de imediato: “Isso não parece maluquice, não. Parece racismo”.

Na gravação, o homem tenta se justificar afirmando que “o genro dele é preto”. Marque responde: “Isso não justifica nada! […] Sua comparação é infeliz”.

 

“É severo, é doloroso”

Em um desabafo emocionado nas redes, após a situação, o cantor contou que o impacto foi profundo. “Eu não consegui nem raciocinar. Mas depois que acontece isso, é severo, é doloroso pra caralho. Que diabo de país é esse, que diabo de mundo é esse em que as pessoas conseguem ser tão escrotas assim?”, lamentou.

Samuel também destacou que soube, após o episódio, que outros frequentadores já haviam relatado comportamentos semelhantes dentro da unidade. “Ele me falou que é algo recorrente, outros alunos tinham notificado, mas nada tinha acontecido porque ninguém tinha filmado. Como pode tanta impunidade nessa porr* desse Brasil. As pessoas dizem que é ‘mimimi’ porque não passam na pele, o racismo dói”, declarou.

Diante da repercussão, a Smart Fit se manifestou publicamente, em comentário na postagem do cantor. “Olá, Samuel, como vai? Vimos sua publicação e ficamos extremamente preocupados com a situação. Essa não é a experiência que desejamos para nenhum de nossos usuários. Reforçamos que somos uma instituição aberta para todos, onde nenhum tipo de preconceito é tolerado. Poderia nos enviar o ocorrido pela DM, informando a unidade em questão, o horário e seu CPF, por favor? Pode contar com a gente para ajudar no que for preciso, tá bem?”, diz o comunicado.

Queixa

Samuel Marques levou o caso até a Delegacia Especializada de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa (DECRIN-BA), onde prestou queixa contra o homem. “Esse é um passo fundamental para legitimar o que aconteceu, porque racismo não é mal-entendido, não é piada, não é exagero — é crime. Quando denunciamos, mostramos que não vamos mais aceitar que a violência contra pessoas negras seja tratada com normalidade ou invisibilidade”, escreveu na legenda.

 

Temas: cantor , academia , racismo

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