Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba.
DRT: 7543/BA
Publicado em 07/11/2025 às 19h16.
Conheça a jornada sonoro-cultural de Mateus Aleluia no projeto Baía Profunda
Maratona artística reúne música, espiritualidade e pesquisa para revisitar raízes, apresentando novos caminhos para a cultura baiana
João Lucas Dantas

O cantor, compositor e pesquisador Mateus Aleluia, natural de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, lançou nesta sexta-feira (7) o seu projeto mais ambicioso até o momento, a maratona artístico-cultural Baía Profunda, convidando o mundo a revisitar raízes da cultura brasileira e projetar futuros possíveis.
Regido por ele, que vinha pensando nisso há cerca de 20 anos, o projeto coloca em diálogo culturas do Brasil, da África e da Europa, reconhecendo a Baía como espaço de encruzilhada e potência cultural.
Em conversa com a imprensa, no Espaço Cultural da Barroquinha, nesta sexta, o cantor se aprofundou um pouco mais em seu novo lançamento, em sua musicalidade e contou um pouquinho sobre o show que acontecerá neste sábado (8), na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, ao lado do maestro Ubiratan Marques e da Orquestra Afrosinfônica.
Com uma carreira de quase seis décadas, tendo começado no trio Os Tincoãs, migrado para Angola com o intuito de realizar pesquisa acadêmica e retornando ao Brasil para lançar oficialmente sua carreira solo, que já conta com cinco discos desde 2010, o artista responde o que ainda falta ser traduzido em música, aquilo que ainda não foi dito em palavras.
“A sonoridade em si te leva para um espaço que a palavra nunca vai te levar. A palavra tem uma intenção. A sonoridade não tem essa intenção; ela é a própria intenção. Você se sente conduzido por ela sem se dar conta. Ela cria, em cada um, a mesma sonoridade, mas com um tipo de imagem diferente”, ponderou o músico, em resposta ao Bahia.ba.
“Através da sonoridade, você não é colonizado. É você que cria a sua própria colonização. Através de um som, você viaja. Coisa que a palavra não faz, porque a palavra impõe”, completou.
Igualmente importante é saber aproveitar os silêncios, que mesmo na música costumam dizer bastante dentro das suas próprias intenções, como pontua a seguir.
“O silêncio é uma das partes mais sonoras da música. É quando você percebe que existe espaço. O silêncio é altamente sonoro. Eu penso que quem explora muito bem isso são os asiáticos, nas suas meditações, quando eles partem do som original, que é o silêncio”, expressou o cantor.
Bahia sem H
Voltando à ideia do título Baía Profunda, a Bahia sem H, o acidente geográfico batizado como Baía de Todos os Santos, o cantor esclarece um pouco mais sobre sua escolha, dando margem também para a interpretação de quem recebe a mensagem.
“A profundidade dela não está somente para baixo, está também para cima. É como se fosse uma grande cabaça. Por cima, o tal Obatalá; por baixo, o tal Odudu. É como se nós fôssemos gestados nesse útero gigante. E, no meio desse útero, a água é como se fosse o líquido amniótico”, reflete Mateus.
“Essa mesma imagem eu faço lá do Vale do Paraguaçu, onde eu nasci. É tudo que nasce desse grande útero, dessa cabaça toda, dessa mistura enorme que se formou ali. Eu até explicaria como tudo se misturou, se soubesse. Mas, na realidade, como explicar o que se passou? Porque a Baía já estava ali, mas todos vieram para cá, para essa que foi batizada de Todos os Santos”, provocou.
O lançamento do projeto também inclui a importância da inclusão. De todas as baías, de todos os credos, de todos nós e de nós mesmos, como ele mesmo fez questão de pontuar.
“Essa é a parte importante que eu creio que esse projeto tem a revelar para nós: aquilo que nós já sabemos, que é a necessidade de nos incluir. Não é incluir os outros, não. É incluir a nós. Só a gente fazendo por nós é que tem condição de fazer pelos outros”, desejou Mateus.
O show Baía Profunda
Poucas vezes na história da música brasileira vimos um repertório e uma contribuição tão ricos, musicalmente e culturalmente, como a de Mateus Aleluia.
Seja nos seus tempos de Tincoãs, quando já nos anos de 1970 cantavam sobre suas ancestralidades ao lado de seus parceiros Badú e Heron Coelho, na sua pesquisa acadêmica, ou na sua carreira solo, quando trouxe a maturidade da idade de forma tão presente para sua obra, fica a dúvida: qual será o repertório do novo show?
“O repertório foi pensado antes de ser pensado. Porque, na realidade, a gente precisa se deixar vaguear um pouquinho para poder fazer algumas coisas. Se a gente põe o intelecto na frente do espírito, a gente não faz. Sai aquela coisa muito pensada, muito bem engendrada, e às vezes isso atrapalha”, adiantou o cantor.
“Foi pensado por várias mãos, por várias cabeças. Eu pensei de uma maneira; o maestro Bira contribuiu muito com tudo aquilo que ele já vem trabalhando, que nós viemos trabalhando desde 2008. Então já temos uma proximidade, digamos assim, espiritualizada, dentro da nossa relação. A gente já se propõe sabendo que o outro iria propor se a gente não propusesse. Isso é muito bom”, destacou.
A profundidade e a extensão desta Baía
Questionado sobre como as atividades da Baía Profunda estão previstas, sobre os projetos que vão envolver o estado da Bahia e os seus pesquisadores, “Seu” Mateus, como é comumente chamado, afirma que, com os parcos recursos que conseguiram de apoio público, ainda há muito a ser desenrolado.
“O que nós estamos fazendo é anunciar que temos esse projeto. Pelos nossos próprios meios, nós encomendamos ao Sebrae um projeto de viabilidade técnica, econômica, financeira, social e política, para definir isso que eu estou aqui falando com vocês. É uma anunciação, não é ainda o desenrolar. Aqui estamos botando a boca no trombone, para que todos saibam e comunguem conosco essa ideia, se estiverem de acordo”, esclarece.
A ideia inicial do projeto começou em 2003, quando o músico voltou de Angola e já havia se decidido que não iria mais voltar para o continente africano. “Eu renasci no Brasil. Então tentei encontrar caminhos, como colocar toda essa efervescência, essa inquietação, em prática”, pontuou.
“Pensei primeiro no turismo científico-cultural. Um turismo que não fosse predador, porque nem sempre encaramos o turismo como cultura. Turismo é a parte da exploração comercial da cultura. O carnaval que está aí é cultura. Agora, o turismo? É a exploração comercial da cultura. É assim que eu encaro as coisas, pela minha visão”, afirmou Mateus.
“Pensamos em um turismo não predador, que teria a participação de tudo e de todos, de uma forma também avassaladora, e em que as pessoas realmente trocassem impressões. Não é somente aquele turismo de entretenimento. É você interagir, no nível da formação, com escolas de todo o mundo, universidades de todo o mundo, para haver uma programação para o Brasil no geral e, de forma especial e direta, para a Bahia, que tem tudo para isso”, projetou.
Segundo o próprio, o projeto já não é mais o mesmo de 2003, porque ele ganhou fôlego, fez uma ginástica e agora está com outra envergadura, musculosa, e se transformou nessa Baía Profunda que foi lançada hoje.
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