Publicado em 24/02/2016 às 13h20.

Documentário lança campanha de financiamento coletivo

Enredo da jornalista Camila de Moraes aborda o assassinato de Júlio César de Melo Pinto, morto na década de 1980 pela Polícia Militar de Porto Alegre, após ser confundido com um assaltante

Redação

Júlio César morreu. Morreu de quê? Foi executado pela Polícia Militar, após ser confundido com um assaltante. Parece até enredo cinematográfico, mas é baseado em fatos reais. Júlio César de Melo Pinto morreu na década de 1980, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A história do operário gaúcho, negro, casado, 30 anos e sem antecedentes criminais, será contada no documentário “O Caso do Homem Errado (Existe Homem Certo?)”, da diretora Camila de Moraes.

A trama que será abordada pela jornalista toca em um debate tão antigo quanto atual dentro das violências geradas pelo racismo brasileiro: o extermínio da população negra pelas forças policiais. Para colocar na telona um dos casos mais emblemáticos desse tipo de violência que ficou conhecido como “O Caso do Homem Errado”, a diretora e jornalista Camila de Moraes lança a campanha de financiamento coletivo, através do site de crowdfunding Benfeitoria.

“É uma história que precisa ser contada. Por meio da Campanha de Financiamento Coletivo pretendemos realizar a produção desse documentário nesse primeiro semestre de 2016. Para colaborar na construção desse projeto ‘estamos por nossa conta’, como diria Steve Biko”, conta a diretora no site.

A metodologia da campanha de arrecadação funciona no modelo “tudo ou nada”. Ou seja, eles precisam conseguir toda a verba necessária (R$ 15 mil) para a realização do filme ou não recebem nenhum auxílio. As contribuições têm valores que vão de R$ 10 a R$ 2,5 mil. As recompensas vão desde um agradecimento nos créditos finais do filme, passando por canecas e sacolas ecológicas oficiais, até um convite para a pré-estreia do documentário.

Morte violenta – O crime ficou conhecido como “O Caso do Homem Errado” e ganhou fama após o repórter do jornal Zero Hora, Ronaldo Bernardi, fotografar Júlio César sendo colocado com vida na viatura e chegar 37 minutos depois no hospital, morto com dois tiros. Os assassinatos cometidos pelas forças de segurança no Brasil são a segunda maior causa de mortes violentas no país, ultrapassando inclusive o latrocínio. Só em 2015, a polícia do Rio de Janeiro, por exemplo, matou mais de mil pessoas, entre elas cinco jovens inocentes na chacina de Costa Barros, no mês de novembro.

 

Vídeos da campanha:

Explicação

https://www.youtube.com/watch?v=gVADvzWoPT8

Manifesto:

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