Publicado em 09/12/2016 às 15h15.

‘Empoderada pela arte’: Marina Baggio exibe seu traço em parede no RV

A gaúcha estampou, com a sua "Free Hand Art", 50m de parede da Kaos, no Rio Vermelho

Clara Rellstab
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Marina Baggio: ‘Minha filosofia é de nunca parar de produzir, fazer arte’ (Foto: Izis Moacyr/bahia.ba)

 

“Descendo a Rua da Paciência, só quem viu que pode contar”. A gaúcha Marina Baggio, 20, concluiu na quarta-feira (7) a sua “Free Hand Art” nos 50m de parede da Kaos, no Rio Vermelho – trabalho em construção há quase dois meses. Na Bahia desde os dois anos de idade, a moça foi autodidata ao aprender a ler, escrever e, como não poderia deixar de ser, com a sua arte. “Eu estava no carro indo para Santa Catarina com meu pai. Estava trânsito e eu decidi desenhar. Ficou massa e eu pensei: tenho que me aprofundar nisso! Daí passei a desenhar todos os dias, virou terapia”, resume.

Nômade, Marina já morou na China, Califórnia, Rio de Janeiro e Vale do Capão. Começou a trabalhar aos 11 anos como modelo e aos 16 se mudou para a China, onde ficou por nove meses. Hoje, transita entre Salvador, Porto Alegre e Rio. “Gosto muito disso de estar em mais de um lugar. Estou sempre aberta para o mundo e a arte é a forma com a qual eu me conecto com ele”, filosofa.

A definição do estilo de Marina é o instantâneo: “Prezo muito pelo meu traço, meu momento e faço tudo na mão livre. Até nas tatuagens, não desenho nada antes”. Os desenhos com padrões que surgem na cabeça da garota estampam violões, pranchas de surf e tudo aquilo que a caneta Posca e a nankin conseguem marcar: “Morava com uma amiga minha que era surfista e pintei a prancha dela. Depois recebi o convite de pintar a parede da casa do meu sogro no Capão. Enfim, conforme o tempo vai passando, eu vou me profissionalizando cada vez mais”.

Foto: Marina Baggio
Foto: Marina Baggio

 

Iandê Auá  Marina também se aventura por trás da lentes. No início do ano, lançou o projeto “Iandê Auá” (“Você Mulher”, em tupi), com o objetivo de valorizar a mulher brasileira, buscando raízes e essência. Nas imagens, modelos “que têm brilho no olho, sex appeal natural e personalidade” posaram ao ar livre com body art feito por Baggio. “Pensei nesse projeto fotográfico para que a arte, em si, não passe somente algo estético, mas um pensamento que possa trazer reflexão. É uma forma de dar um espaço que, muitas vezes, não conseguimos conquistar. Busco mulheres que, como eu, são empoderadas pela arte”, explicou.

Foto: Marina Baggio
Foto: Marina Baggio

 

A questão da representatividade feminina também foi pauta em uma “feira” idealizada com a amiga Du Nieto, o “Lá Ela!”. Em uma casa na Rua Macaúbas, no Rio Vermelho, a dupla realizou um grande encontro de mulheres artistas – idealizado e executado em apenas três dias –, com show de Jadsa Castro, comidas feitas somente por meninas e exposição dos trabalhos Nieto e Baggio, a fim de fomentar a produção local. “Usamos um termo chulo para colocar a mulher para cima e acabou rolando uma troca massa”, conta. Uma segunda edição do evento é cogitada.

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La ela! (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Na legenda de uma foto postada recentemente em uma rede social, Marina diz que já perdeu a conta de quantas Marinas foi na vida. Perguntada pelo bahia.ba sobre qual delas é agora, Baggio foi sucinta: “Odeio definir em palavras, mas me sinto mais madura e me conheço cada vez mais: como ser humano e como mulher. Sou nova ainda, tenho 20! Tenho bastante tempo. Mas a minha filosofia é de nunca parar de produzir, fazer arte. Estou cada vez mais plena”.

Desculpa, Caymmi, mas não dá para ficar de mal com Marina.

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Autodidata, aos 20 anos a gaúcha Marina diz estar ‘cada vez mais plena’ (Foto: Izis Moacyr/bahia.ba)

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