‘Entre quatro paredes vale tudo’, diz A Dama sobre polêmica com música
Aos 24 anos, Alana Ramos é uma das representantes do pagode feminino em Salvador; em entrevista ao bahia.ba a cantora falou sobre críticas a sua música 'Pirraça'

Se o caminho para a ascensão já não é algo simples, coloque nessas dificuldades ser mulher e negra. Adicione outros dois tópicos e veja essa luta triplicar, são elas ser lésbica e da periferia.
Longe de qualquer vitimismo, mas próximo da realidade de grande parte da população brasileira, Alana Ramos, mais conhecida como ‘A Dama’, driblou as barreiras e está deixando a sua marca no pagode baiano.
O ambiente pode não parecer convidativo. Por anos, o pagode baiano se mostrou um meio machista e em alguns momentos ainda reforçam o comportamento neanderthal, mas acredite, o cenário está para mudar. “Para mim é gratificante demais saber que o movimento está crescendo, e que tem muitas outras mulheres fortalecendo isso”, conta a jovem de 24 anos.
Em entrevista ao bahia.ba, a artista, que vem sendo tratada como a primeira mulher a ganhar destaque no gênero, reforçou a importância de reconhecer quem já está no ramo há muito tempo fazendo o caminho das mulheres no pagode, como Jade Girl, ex-integrante do Clube da Luluzinha, Léo Kret, Raí Ferreira e Daiane Leone da banda Swing de Mãe. “Se não existissem essas mulheres antes, que forçaram essa barreira, A Dama hoje não estaria chegando”.

Mas a artista alerta, é necessário ter originalidade para chegar lá. Ao falar sobre a nova geração, a pagodeira pontua que apesar de ser um movimento tímido, a criação de identidade é importante para que as mulheres preencham cada vez mais esses espaços.
“Existe aquelas meninas que chegam para somar com quem já está presente. E existem aquelas meninas que vem como uma cópia. Eu tenho uma cópia, literalmente, minha. Então eu acho que não me representa, não se representa, e não vai conseguir representar ninguém dessa forma, porque ela não está trazendo a personalidade dela nem criando uma identidade. Eu acho que quem tiver vindo, tem que vir para fortalecer o movimento, mas não igual. Claro que cada uma tem a sua formação e o seu pensamento, mas eu acho que o diferencial é muito importante”.
O sucesso de Alana começou nos paredões e não demorou muito para ganhar as casas de shows ao redor da capital e cair no gosto popular. O clipe do seu primeiro hit, ‘Pirraça’, reúne 1,7 milhões de visualizações no Youtube. O sucesso foi tanto que artistas masculinos como Léo Santana, Parangolé, Psirico e O Poeta, que é um dos grandes amigos da artista, incluíram a música em seus repertórios,.
Mas até em sua estreia, A Dama causou. A música, que fala sobre uma mulher que conheceu um rapaz com uma pegada diferenciada foi atingida pelo raio problematizador e posta em debate devido a letra fazer menção a agressão no momento de prazer.
“Muita gente fala sobre a letra dessa música, “ah por que murrinho?”, eu sempre dou a mesma explicação para a galera. Nessa música eu falo da história de uma mulher que conheceu um maloka (variação da palavra maloqueiro no dicionário informal) gostoso com uma pegada diferenciada, e eu estou falando da relação deles entre quatro paredes. É sobre sexo, a relação de um casal”, disse ao site.
Sobre a polêmica, Alana é direta em suas considerações, a música pode não representar a todas, mas toca em algum lugar. “Entre quatro paredes, na minha opinião vale tudo, eu particularmente gosto do sexo agressivo. Talvez em todas as minhas músicas eu não consiga representar todo mundo, mas sei que represento alguém em alguma parte”.
E se a vida imita a arte, a baiana garante que a sua é um livro aberto. Assim como suas composições, a artista gosta de mostrar sua verdade seja aonde for. Questionada sobre a invasão de privacidade após a fama, Alana afirma que não se incomoda com a curiosidade dos fãs em saber um pouco mais do lado humano da artista, mas já precisou dar alguns recados nas redes sociais após ser vítima de lesbofobia e racismo.
“Sou do tipo de pessoa que não sigo padrões. Eu sou aquilo que demonstro ser e acho que quem me acompanha faz isso porque sabe da minha personalidade. Não ligo muito para isso não, sou lésbica assumida e todo mundo sabe, não me importo de falar nem demonstrar isso”.
No momento, Alana colhe os frutos do sucesso de ‘Pirraça’. Em 2020, a artista faz a sua estreia no Carnaval de Salvador e promete agitar o folião pipoca nos circuitos Dodô (Barra-Ondina) e Osmar (Campo Grande). “Vou sair cada dia da minha pipoca representando algo, no primeiro dia vou sair vestida de santo, representando a religião do Candomblé. No outro dia vou sair de Wakanda, representando as guerreiras africanas e no outro dia eu vou representar a diversidade. Vou fazer o Carnaval também nos bairros. Vai ser o melhor Carnaval da minha vida”.
Outros frutos ainda estão por vir. Fã declarada de Ludmilla, com direito a tatuagem em homenagem a funkeira, A Dama terá uma composição da ‘Danada’ para chamar de sua. Alana ganhou de presente da carioca uma música após seu encontro com a artista durante o a festa ‘A Melhor Segunda Feira do Mundo’, do Harmonia, em Salvador.
“Quando eu entrei no camarim da Ludmilla eu só conseguia chorar, não consegui conversar muito tempo com ela, mas ela ficou abraçada comigo por muitos minutos e ela falou muitas coisas no meu ouvido. No dia seguinte ela falou que tinha feito uma música especialmente para mim. Ela falou com Márcio Victor, que fez toda essa parte percussiva e a gente entrou no estúdio para gravar, vamos fazer o lançamento em breve”.

Então já sabe, não é? Lugar de mulher, mais do que nunca, é onde ela quiser. Seja no paredão ou no trio elétrico. No rock, no pop, no sertanejo, no funk e principalmente no pagode. E não estranhe se um dia encontrar outras vozes femininas batendo no seu paredão. Se a onda agora é cantar sobre as mulheres, vide ‘Abaixa Que É Tiro’, ‘Diferenciada’, ‘Maravilhosa É Ela’ e até mesmo ‘Mulheres no Poder’, abram espaço e deixem que elas cantem.
Assim como A Dama, Jade Girl, Leo Kret, Raí Ferreira, Aíla Menezes e Daiane Leone, outras grandes representantes estão para surgir e ganhar notoriedade no gênero. “Eu precisei de todas elas (precursoras do pagode baiano), e ainda preciso! Tanto das que estão aí, quanto das que vão chegar. Para poder fortalecer o pagode feminino e quebrar essa coisa que é o machismo, principalmente no pagode”, afirma A Dama.
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