Publicado em 09/12/2019 às 13h39.

Ex-global relata caso de racismo sofrido pela filha: ‘Sangue entrou em ebulição’

Samara Felippo elogiou a maturidade da filha ao saber lidar com o caso sendo tão jovem

Redação
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal

 

A atriz Samara Felippo usou as redes sociais para desabafar sobre um episódio de racismo envolvendo a filha mais velha, Alícia Barbosa.

No texto a artista conta que a situação aconteceu na escola da garota, durante a festa de formatura. Samara, que tem a pele mais clara que as duas filhas, fruto do relacionamento com o jogador Leandro Barbosa, relata que nunca se viu nessa situação, mas sempre conversou com as meninas caso viesse acontecer.

“Eu sempre falo, escrevo mas nunca tinha passado com minhas filhas por uma situação de racismo. E pela primeira vez me deparei diretamente com o que muitos passam diariamente. Estávamos na festa de formatura da Alícia, enquanto os pais conversavam no salão de festas as crianças brincavam no parquinho ao lado. [Foi] quando uma delas veio até a mãe: ‘Mae, tem dois adolescentes zoando e implicando com a gente’. Eu imediatamente levantei e fui a passos largos. As crianças relatavam: ‘Aqueles três, puxaram o cabelo do fulano, zoaram com a ciclana'”.

Samara conta que não conseguiu segurar a raiva com a situação relatada pela filha e partiu para cima das crianças.

“Meu sangue começou a entrar em ebulição, fui que nem um bicho pra cima dos moleques e falei tudo que tenho vontade pra racistas, mesmo os ainda nem sabem que são. Garotos brancos de 14 anos, classe média de m*rda, com a camisa verde e amarela, que descobri que um deles é filho de miliciano. Os xingamentos para minha filha eram: marrenta, neguinha e cabelo ruim. O clássico do racismo naturalizado”, descreveu.

A ex-global elogiou a maturidade da filha ao lidar com o caso de racismo sendo tão jovem e como suas filhas fizeram com que ela entendesse o privilégio de ser branca em uma sociedade racista.

“Agradeço ao que me fez sair da minha bolha branca e ter desde cedo esclarecido minha filha, enaltecido sua esperteza, beleza, coragem, seu cabelo, sua pele, suas raízes… e feito ela sair dessa situação de cabeça erguida e fortalecida”.


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“Ser mãe de duas meninas negras me abriu pra um mundo eu onde eu descobri que não sabia nada. Nao sabia sequer enxergar a dor do outro. Onde eu enxerguei privilégios por ser uma mulher branca numa sociedade tão racista.” Esse é um trecho de uma fala minha na peça @mulheresquenascemcomosfilhos, que num dia de ensaio me veio aos prantos. Eu sempre falo, escrevo mas nunca tinha passado com minhas filhas por uma situação de racismo. E pela primeira vez me deparei diretamente com o que muitos passam DIARIAMENTE. Estávamos na festa de formatura da Alícia, enquanto os pais conversavam no salão de festas as crianças brincavam no parquinho ao lado. Quando uma delas veio até a mãe: “Mae, tem dois adolescentes zoando e implicando com a gente” Eu imediatamente levantei e fui a passos largos. As crianças relatavam: “Aqueles três, puxaram o cabelo do fulano, zoaram com a ciclana” Meu sangue começou a entrar em ebulição, fui que nem um bicho pra cima dos moleques e falei tudo que tenho vontade pra racistas, mesmo os ainda nem sabem que são. Garotos brancos de 14 anos, classe média de merda, com a camisa verde e amarela, que descobri que um deles é filho de miliciano. Os xingamentos para minha filha eram: marrenta, neguinha e cabelo ruim. O clássico do racismo naturalizado. Agradeço ao que me fez sair da minha bolha branca e ter desde cedo esclarecido minha filha, enaltecido sua esperteza, beleza, coragem, seu cabelo, sua pele, suas raizes…e feito ela sair dessa situação de cabeça erguida e fortalecida. E assim continuo fazendo. Sei que não será a primeira e nem última vez que ela passará por isso. Agora eu te pergunto: se eu como mulher branca, cheia de privilégios, minhas filhas negras mas ainda sim com seus privilégios, seja por classe social ou tom de pele( Sim, tom de pele conta nesse país!!Quanto mais preta a pele mais preconceito sofre-se, leia sobre Colorismo)passamos por isso, imagina quantas meninas pretas passam todos os dias? Te pergunto: se eu mulher branca estou até agora chorando sozinha, com ódio e raiva, querendo esfolar a cara daqueles moleques e os pais deles, como não validar e enxergar a raiva e ódio de SÉCULOS de humilhação e violência? Acordem!

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