Publicado em 10/10/2025 às 14h39.

Exposição internacional destaca artistas baianos na celebração da herança africana

Mostra Ancestral: Afro-Américas, parceria entre o CCBB e o MUNCAB, reúne mais de 60 artistas do Brasil e dos EUA

Redação
Foto: Assessoria/ Divulgação

 

A força criativa da Bahia marca presença na exposição Ancestral: Afro-Américas, em cartaz no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador. O projeto, realizado em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), reúne mais de 60 artistas do Brasil e dos Estados Unidos e conta com onze nomes baianos entre os participantes.

Sérgio Soarez, Mayara Ferrão, Jayme Figura, Eneida Sanches, José Adário, Mestre Didi, Rubem Valentim, Lita Cerqueira, Agnaldo Manuel dos Santos, Nádia Taquary e Emanoel Araújo são os artistas que dão um toque baiano à mostra, que constrói pontes entre as raízes africanas presentes nas Américas.

O artista plástico, escritor e pesquisador Sérgio Soarez apresenta Cristalina, uma escultura de parede feita com madeira, cristais e jarro banhado a prata, em homenagem às orixás femininas, como Yemanjá. Já Álbum de Desesquecimentos, de Mayara Ferrão, é uma série de fotografias geradas com apoio de inteligência artificial que retrata um Brasil colonial em que mulheres negras vivem e expressam seus afetos em liberdade.

A artista Eneida Sanches assina, em parceria com o nova-iorquino Tracy Collins, a obra Transe e Memória, que combina gravuras e imagens em movimento. “A nossa obra retrata as experiências negras em duas partes do continente americano. Por vezes elas se reconhecem, e por vezes divergem nas suas singularidades”, explica Eneida.

A exposição também revisita os legados de Jayme Figura, Mestre Didi, Agnaldo Manuel dos Santos e Rubem Valentim, já falecidos. Jayme está representado por duas esculturas performáticas no estilo característico de suas intervenções no Centro Histórico de Salvador, enquanto Mestre Didi assina três obras marcadas pelas conexões com as religiões de matriz africana.

Entre os artistas dos Estados Unidos, a curadora Ana Beatriz Almeida destaca Simone Leigh, cuja escultura Las Meninas se inspira na obra homônima de Diego Velázquez e nas tradições do candomblé baiano. Segundo a curadora, a artista foi convidada por sua trajetória marcada pelo diálogo entre arte, feminismo e política.

Outro destaque é o artista Leroi Johnson, conhecido por sua militância em defesa dos direitos da população negra nos EUA. Ele assina a tela A Crucificação, que retrata um Cristo negro.

“Cresci na Igreja Católica e não havia nenhuma imagem com a qual eu pudesse me identificar. O Cristo, para mim, é negro. E ele pode ser, para você, branco, amarelo, vermelho — mas, para mim, é negro e deveria ser assim representado”, afirma.

Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de arte tradicional africana de Renato Araújo da Silva, Ancestral: Afro-Américas fica em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, no MUNCAB, localizado no Centro Histórico de Salvador. O museu funciona de terça a domingo, das 10h às 17h (com acesso até 16h30). Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

A exposição é uma realização conjunta do CCBB e do MUNCAB, com patrocínio da BB Asset e do Google.

Sobre o CCBB Salvador

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é uma rede de espaços culturais mantida pelo Banco do Brasil, com o objetivo de ampliar o acesso à cultura e valorizar a produção artística nacional. Presente no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, o CCBB está em processo de implantação de sua nova unidade em Salvador, que ocupará o Palácio da Aclamação, edifício histórico que foi residência oficial dos governadores da Bahia por mais de cinquenta anos.

Mesmo antes de inaugurar sua sede, o CCBB já atua na capital baiana, promovendo parcerias com instituições e equipamentos culturais locais.

Sobre a Amafro

A Sociedade Amigos da Cultura Afro-Brasileira (AMAFRO), organização da sociedade civil de interesse público fundada em 2002, é a entidade gestora do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB). A instituição conta com patrocínio da Petrobras, via Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

Dedicada à valorização, preservação e difusão das culturas afro-brasileiras e afro-diaspóricas, a Amafro consolida o MUNCAB como um espaço de referência para a construção de conhecimento, a promoção da igualdade racial e o fortalecimento das narrativas negras no Brasil e no mundo.

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