Publicado em 07/04/2025 às 15h29.

Filme sobre a formação do Samba, gravado no Recôncavo Baiano, será exibido em Salvador

O roteiro é assinado por Paulo Alcoforado e Daniel Arcades e a produção executiva de Keyti Souza, que destaca a presença dos elementos culturais presentes

Vitor Silva
Foto: Assessoria

 

O documentário “Samba antes do Samba”, da Têm Dendê Produções, está na programação do Panorama Internacional Coisa de Cinema, que acontece em Salvador. O filme ganha exibição nos dias 08 (terça-feira), às 18h15, no Cine Glauber Rocha; e 09 (quarta-feira), às 18h, na Sala Walter da Silveira. Antes disso, no dia 06 (domingo), ele foi exibido no Cine Teatro Cachoeirano, na cidade do Recôncavo.

Dirigido por Paulo Alcoforado, o projeto revela os processos de formação que impulsionam o samba e mostra ainda que Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, é mais que fornecedor de elementos que compõem o gênero musical. O cantor e compositor Roberto Mendes é o condutor do longa-metragem e empresta o título da canção homônima em parceria com Jorge Portugal. O documentário é uma coprodução com a Griot, distribuição pela Kajá Filmes, e contou com investimentos da Ancine por meio do FSA.

“Samba antes do Samba” mostra o rito da reza e as rodas de chula e de samba em áreas remanescentes de quilombos em São Braz e Alto do Cruzeiro (Acupe), distritos de Santo Amaro. As filmagens foram feitas durante o Tríduo de Santo Antônio. “A tradição do que estamos chamando de Samba antes do Samba atravessa séculos de transformações e se lastreia no pacto coletivo dessas comunidades pretas santo-amarenses, tão bem expresso nas dinâmicas da roda de chula, mas também na modelagem de sua forma de reza, na extração do dendê, preparo e consumo de seus derivados, e na formação histórica da viola de percussão ferida”, revela o diretor.

No filme, Roberto Mendes recebe a carioca Gracy Moreira, bisneta da Tia Ciata — sambista considerada como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba. Durante a conversa, eles especulam as razões que teriam levado uma mulher preta, de santo, com 22 anos de idade, a se mudar para o Rio de Janeiro em 1876, antes da Abolição da Escravatura. “Eu fico muito feliz em participar disso. Isso acontece no meio do século 19, quando chegam as violas machete e 3/4 e se encontram com o batuque de 200 anos e aí se forma essa coisa belíssima que é o canto violado. E que vem do labor, do canto de labor da cana de açúcar, essa comemoração das safras. Também está dentro das rezas de Santo Antônio, São João e Cosme e Damião. Para mim é um prazer, eu fico muito feliz de ter vivido com essas pessoas, violeiros que ajudam a entender isso. Eu dei muita sorte de estar vivendo esse momento desse projeto”, conta Mendes.

O roteiro é assinado por Paulo Alcoforado e Daniel Arcades e a produção executiva de Keyti Souza, que destaca a presença dos elementos culturais presentes: “Filmamos na comunidade de São Braz, que é um quilombo onde as pessoas se ajudam e colaboram. Essa união e respeito à reza e ao samba são muito fortes e estão presentes em toda a filmagem. Além disso, Gracy Moreira, que é bisneta de Tia Ciata, se aproxima dessa herança cultural construída além Bahia. Roberto Mendes é nosso condutor ao universo de uma cultura que só se entende vivenciando, e é essa a impressão que queremos trazer com o filme”.

Vitor Silva

Repórter de entretenimento, mas escrevendo sobre política, cidade, economia e outras editorias sempre que necessário; tem experiência em assessoria, revista, produção de rádio e social media

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