Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba.
DRT: 7543/BA
Publicado em 05/12/2025 às 08h30.
Flerte Flamingo alça voo de volta a Salvador para show do primeiro álbum
Em entrevista, a banda revela o processo por trás de Dói Ter e a emoção de tocar novamente em casa nesta sexta-feira (5)
João Lucas Dantas

A banda soteropolitana Flerte Flamingo lançou o seu primeiro álbum, após quase 10 anos de estrada, o Dói Ter, em outubro deste ano, disponível em todas as plataformas digitais, e para celebrar a ocasião, eles voltam à cidade natal para um show especial no Colaboraê, no Rio Vermelho, nesta sexta-feira (5).
No repertório, o grupo formado por Leonardo Passovi (voz, guitarra), Bruno de Sá (baixo), Gustavo Cravinhos (guitarra e teclas) e Igor Quadros (bateria), irá apresentar todas as 14 faixas que contemplam os quase 45 minutos de disco. Para a ocasião, o bahia.ba pôde bater um papo com o vocalista que nos contou um pouco mais sobre o processo criativo da banda e a emoção de tocar em Salvador novamente.
A chegada do primeiro álbum
Após cerca de seis EPs lançados e diversos outros singles desde 2017, chegou o momento do Flerte Flamingo brilhar com o disco próprio. Não foi um processo fácil, foram dois anos de produção e a certeza que tinha chegada a hora de lançar um trabalho mais robusto.
“Foi na época da pandemia que começamos a mirar no álbum. Felizmente, ainda tínhamos algumas coisas para colocar para fora que foram feitas em paralelo nesse período, mas foi ali que começamos a guardar músicas e pensar numa estrutura que foi se formando lentamente até chegar em 2023, quando de fato nos juntamos numa casa que alugamos no interior de São Paulo e ficamos dez dias para arranjar as faixas que teriam banda no disco. Entre 2021 e 2023, que começamos de fato a planejar e estruturar o álbum para colocarmos a mão na massa”, explicou Leo.
Para a banda, não havia pressa para correr atrás do lançamento de um disco. No mundo de streamings e reproduções digitais que vivemos hoje, o formato de lançamento de EPs e singles atendia bem aos desejos do grupo. O álbum nasceu, sobretudo, de uma vontade artística.
“A gente queria realmente algo que traduzisse, que resumisse uma primeira fase da banda. Então levou um tempo até a gente entender isso. Acabou que a pandemia fez com que levasse muito mais tempo, e a mudança para SP também exigiu ali pelo menos um ano de reestruturação. Mas acabou que isso nos deu uma certa distância do momento que a gente quis registrar, um momento pré-pandêmico, soteropolitano, que buscamos encapsular. E essa distância nos deu uma visão mais holística de tudo e fez a gente entender melhor o projeto”, acrescentou.
Principal compositor das 14 músicas que compõe o trabalho, Leo esclarece que o processo criativo acontece de forma meio “indomável”. Não há receita de bolo ou fórmula matemática na hora de traduzir os sentimentos em canções.
“Paul McCartney já dizia, nas poucas aulas que deu sobre composição na vida, que a única coisa que ele sabe com certeza quando começa a compor uma canção é que não faz a menor ideia de onde vai parar. Algumas coisas ficam, outras morrem embrionárias, mas algumas ganham vida. No caso desse trabalho específico, pouca coisa foi descartada porque eu já fui escolhendo a dedo a partir do humor que eu achava que cada uma dessas faixas iria propor para o material”, pontuou.

Guinada soturna
O aspecto solar, o swing baiano e a boemia de Salvador sempre foram aspectos marcantes para os trabalhos anteriores da banda. Com o novo projeto tendo nascido em meio à mudança para São Paulo, o clima e o humor de Dói Ter foi diretamente influenciado pela novo momento que o quarteto vive.
“Apesar disso ter acontecido justamente no momento em que a gente se mudou para um lugar menos solar e zero litorâneo, isso já estava meio que nos planos, era algo que a gente já vinha sentindo. É um álbum que busca retratar muito mais Salvador do que São Paulo. Ele reflete o nosso ímpeto urbano, mais metropolitano”, trouxe Leo.
“A verdade é que o álbum teria sido inteiramente gravado em São Paulo se não tivesse sido a minha iniciativa pessoal de querer gravar violão e vocais em Salvador, justamente para capturar essa parte do retrato. Eu quis trazer esse elemento para deixá-lo mais fidedigno, já que o que buscávamos retratar era justamente aquele momento pré-pandêmico em que a banda existia ativamente na cena local”, relembrou o vocalista.
A tradução da complexidade emocional
Um dos grandes méritos da banda, desde 2017, e que caiu na graça da cena da música independente de Salvador e, posteriormente, do Brasil, foi a capacidade de saber traduzir em letras e melodias, a complexidade emocional que a juventude daquele momento vivia e segue vivendo até hoje.
Dói Ter não é diferente. Mais maduros e com mais experiências, souberam canalizar essas ideias e sentimentos, mais uma vez, em um trabalho que entrega o melhor de tudo que já fizeram, além de apresentar passos à frente, em termos de produção e musicalidade.
“O que mais percebo nesse trabalho, ao olhar para trás e comparar com o que já tínhamos feito, é que antes o foco parecia estar numa hipotética receptora do discurso amoroso. Era muito focado em para quem se fala e em como se dá uma espécie de cortejo”, esclareceu.
O rumo da banda agora foi seguir em uma direção mais certeira, do que buscar idealizar pessoas por quem se tem sentimentos românticos.
“Enquanto que, nesse trabalho, o foco está justamente na parte complexa da experiência emocional. Quando você avalia as nuances líricas e também como elas se traduzem nos arranjos, percebe que a mensagem, no geral, se volta mais para o sentir, para o agente do sentimento, para a pessoa dentro de quem isso tudo é buliçoso, e para o toque de angústia que isso traz”, expressou Leo.
Como viabilizar o álbum em uma cena independente
Não é preciso muita coisa para entender que não é fácil produzir um disco deste porte, sem captar recursos públicos através de editais culturais ou sem estar no guarda-chuva de uma grande gravadora multinacional ou estúdio por trás. Mas, mesmo assim, através de parceiros e do próprio esforço, o Flerte conseguiu soltar seu trabalho no mundo.
“Ao mesmo tempo em que existem certas limitações impostas aos artistas independentes, de orçamento e de acesso a uma série de coisas, também existe uma liberdade que essa época da humanidade nos proporciona, que é a gravação caseira”, reforça Leo.
Segundo o mesmo, muitas coisas foram feitas de forma caseira ao longo de toda a trajetória da banda, desde os primeiros EPs.
“Nosso primeiro trabalho é um trabalho lo-fi, aquele EP que tem As Meias, e o Truques Velhos para Cachorros Novos também foi integralmente feito entre a gente. O caseiro sempre esteve presente nos nossos trabalhos, e nesse disco isso também se traduz, porque a gente quis fazer um apanhado geral de tudo aquilo que mostramos que conseguimos ser até aqui”.
Ter desenvolvido essa expertise em gravação foi fundamental para que pudessem fazer um som que não fique aquém do que é competitivo no mercado musical brasileiro, e feito de forma acessível e artisticamente honesta.
“A gente não conseguiu captar recursos com edital ou coisas desse tipo, mas não fez falta, porque todas essas demandas e escassezes foram resolvidas com as relações que a gente constrói no caminho. Então, quando se trata de cena independente, por um lado existe esse sabor do underground, de quem passa dificuldade e enfrenta perrengue, mas por outro lado também existe uma resiliência construída pela coletividade se ajudando”, disse Leo.

Ainda há o flerte com a boemia característica?
Com a banda mais velha, mais madura, as experiências vivenciadas nos dias de hoje são completamente diferentes do que aconteciam 10 anos atrás, quando começaram. Com isso, houve mudanças e evoluções no que é retratado artisticamente.
“A posição da boemia no processo se alterou, apesar de, nesse material, ela ter se mantido. Eu não acho que, se hoje em dia formos avaliar nossos hábitos e nossa vida, possamos dizer que somos pessoas boêmias como um dia já fomos. Mas, como esse trabalho é um retrato daquele período, justamente de 2018 e 2019, ele é um álbum que, mesmo não narrando diretamente histórias daquele momento, é onde ele se ambienta, mesmo que não narre explicitamente”, reflete o cantor.
“A boemia virou quase um artefato, um amuleto desse recorte do passado que buscamos reproduzir nesse material. Mas eu tenho certeza de que, para os próximos trabalhos, a coisa já vai ser um pouco diferente”, promete.
Porém, esse aspecto importante que marcou a banda, ainda continua lá no espírito das canções, mesmo tendo deixado de ser o processo que guiu o novo álbum.
“Ela está no centro daquilo que é retratado. O nosso objetivo com o álbum foi justamente retratar e oferecer às pessoas que não estiveram lá um pouco dessa experiência do que é fazer parte, ou acompanhar, uma cena, uma banda independente numa cidade como Salvador naquele final dos anos 2010”, garantiu Leo.
O bom filho à casa torna
Com a volta pra casa, para a apresentação desta sexta-feira, Leo promete que tem buscado trazer o máximo possível da experiência do álbum para os palcos, e, claro, tocar em Salvador é uma emoção diferenciada para a banda.
“Teremos novidades. Tem partes novas, tem transições entre faixas, tem citações a outros artistas. Está um show mais interessante. A sensação agora, vendo como está, é que antes a gente só tocava as nossas canções como tínhamos gravado, e um show, às vezes, precisa de um pouco mais do que isso. Agora, a gente sente que está se formando um espetáculo cada vez mais interessante e completo”, garantiu o artista.
“É absolutamente diferente para a gente tocar em Salvador. O que eu venho percebendo é que isso gera uma espécie de ansiedade positiva na gente. A gente toca em São Paulo e se prepara, busca fazer o nosso melhor. Mas, quando o show é em Salvador, a sensação é de que a gente precisa fazer muito melhor. A gente sente que precisa entregar para essas pessoa, como se imaginasse uma exigência que não é necessariamente do público, mas uma projeção nossa, da nossa vontade de fazer o melhor possível”, completou Leo.
Tentando agradar as pessoas que acompanharam a banda desde o nascimento, o cantor afirma dever muito a elas, mesmo que de forma indireta ou informal, um recibo da melhora.
“A gente saiu daqui porque queria progredir, então, sempre que a gente volta, quer mostrar que progrediu e que dá valor a tudo o que o público de Salvador representa para nós. São pessoas que entendem a mentalidade que gerou esse projeto mais do que quaisquer outras de outros lugares. Então tocar em casa é sempre especial e sempre dá um gás para fazermos mais e melhor”, concluiu Leonardo Passovi.
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