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Publicado em 09/12/2025 às 10h58.

Zélia Gattai e Mãe Stella de Oxóssi são homenageadas pela Fundação Casa de Jorge Amado

Espaços serão inaugurados na próxima sexta-feira, dia 12, às 10h

Redação
Foto: Divulgação/Assessoria

 

Na próxima sexta-feira, dia 12, às 10h, a Fundação Casa de Jorge Amado inaugura dois novos espaços expositivos: um dedicado à escritora Zélia Gattai e outro à ialorixá e escritora Mãe Stella de Oxóssi.

“Os dois novos espaços são parte da maior reforma realizada na Fundação Casa de Jorge Amado desde a abertura da Casa, em 1987. No ano passado, entregamos ao público uma instituição completamente renovada. Este ano, demos continuidade à integração dos casarões 47, 49 e 51, visando reafirmar o papel da Fundação como centro vivo de cultura, memória e literatura. Esses novos ambientes dedicados às escritoras Zélia Gattai e Mãe Stella de Oxóssi simbolizam a força feminina e a pluralidade cultural da Bahia”, afirma Angela Fraga, presidente da instituição cultural.

O espaço dedicado a Zélia Gattai contará com fotos, manuscritos e objetos pessoais da escritora e fotógrafa. A sala em homenagem a Mãe Stella de Oxóssi, ialorixá e intelectual baiana que manteve uma relação de amizade e respeito com Jorge Amado e Zélia, integrará a Casa Exu 47, ambiente permanente dedicado ao orixá Exu, escolhido por Jorge Amado como guardião da Casa.

Paloma Amado e João Jorge Amado, filhos de Zélia Gattai e Jorge Amado estarão presentes na inauguração dos dois novos espaços.

Zélia Gattai: a mulher que transformou memórias em literatura

Escritora, fotógrafa e memorialista, Zélia Gattai (1916–2008) deixou uma marca profunda na literatura brasileira. Nascida em São Paulo, filha de imigrantes italianos anarquistas, cresceu em um ambiente de liberdade e idealismo, temas que atravessam sua obra. Seu primeiro livro, ‘Anarquistas, graças a Deus’ (1979), foi um sucesso de público e crítica, transformando suas memórias em narrativa literária leve e sensível.

Companheira de vida e arte de Jorge Amado, Zélia foi também uma talentosa fotógrafa, registrando cenas íntimas e históricas da vida cultural brasileira. Nos últimos anos, dedicou-se à preservação do legado do casal e à Casa do Rio Vermelho, onde ambos estão sepultados.

Na nova exposição da Fundação Casa de Jorge Amado, o espaço dedicado a Zélia resgata essa trajetória com imagens, manuscritos e objetos pessoais, revelando a mulher por trás da fotógrafa e da escritora uma artista que fez da memória um gesto de amor e resistência.

Mãe Stella de Oxóssi: a ialorixá que escreveu sua fé

Outra homenageada é Mãe Stella de Oxóssi (1925–2018), uma das mais respeitadas ialorixás do Brasil e referência intelectual da cultura afro-brasileira. Nascida Maria Stella de Azevedo Santos, foi enfermeira antes de se dedicar integralmente ao Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais antigos e influentes terreiros de Candomblé da Bahia, que liderou a partir de 1976.

Autora de livros como ‘Meu tempo é agora’ e ‘Owé – Provérbios Iorubás’, Mãe Stella levou o saber ancestral das religiões de matriz africana para o campo da escrita, traduzindo valores de espiritualidade, ética e convivência. Em 2013, tornou-se a primeira ialorixá a integrar a Academia de Letras da Bahia — um marco histórico.

Jorge Amado e Zélia Gattai foram amigos e admiradores de Mãe Stella, e suas obras dialogam com a força e a sabedoria dessa liderança. O espaço dedicado a ela na Fundação celebra essa ponte entre fé e literatura, reconhecendo sua contribuição para a formação da identidade cultural da Bahia.

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