.
Publicado em 11/12/2025 às 15h35.

Livro registra culinária ancestral transmitida por Vovó Cici de Oxalá

O lançamento acontece no dia 20 de dezembro, no Quintal de Yayá

João Lucas Dantas
Foto: Divulgação/ Assessoria

 

Em uma verdadeira corrida contra o tempo para preservar receitas que estão desaparecendo da mesa baiana, mas que resistem nos terreiros de candomblé como oferendas sagradas, chega ao público o livro “AJEUM BÓ: Histórias da Culinária Ancestral”.

A obra é um marco histórico: pela primeira vez, os saberes transmitidos oralmente por Vovó Cici de Oxalá — egbomi com mais de 50 anos de iniciação, griot e guardiã de itãs, que trabalhou ao lado de Pierre Verger e é reconhecida como Doutora Honoris Causa pela UFBA — se unem ao caderno de receitas herdado por Marlene da Costa, cozinheira especializada em culinária afro-brasileira e fundadora do Quintal de Yayá. Juntas, elas constroem um registro que une comida, história e espiritualidade.

As receitas, que vão do acaçá ao efó, do abará ao mingau de carimã, ganham vida acompanhadas das narrativas dos orixás. O efó, por exemplo, prato raro hoje na Bahia, sobrevive graças à ritualística do candomblé, reafirmando que “o candomblé tem sido o grande guardião da culinária ancestral”.

O livro é uma viagem sensorial pelos itãs (histórias sagradas), revelando a origem do Olubajé, a teimosia de Oxóssi, o encantamento da cozinha de Oxum e a história de Omolu, tudo entrelaçado com as receitas que dão corpo a essas memórias.

No dia 20 de dezembro, o Quintal de Yayá, espaço gastronômico e cultural em Salvador que abrigou a gestação da obra durante um ano, receberá o lançamento presencial do livro.

A noite terá: Noite de autógrafos com Vovó Cici e Marlene da Costa; Degustação de pratos presentes no livro; Experiência imersiva com QR Codes que levam aos áudios das histórias contadas por Vovó Cici no próprio quintal onde foram gravadas; Celebração da cultura afro-brasileira em seu ambiente gerador.

Viabilizado pelo Programa Rumos Itaú Cultural, “Ajeum Bó” foi construído com paciência, respeito e profundidade. “Trabalhamos com o tempo de Oxalá”, afirma Clarice, integrante da equipe, sobre a delicadeza necessária para registrar saberes tão preciosos.

João Lucas Dantas
Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Settings ou consulte nossa política.