Mãe Menininha do Gantois será tema da Vai Vai no Carnaval 2017
A escolha foi feita para marcar os 30 anos de morte da matriarca do candomblé, que representa a cultura e religiosidade de matriz africana
A Mãe de Santo baiana Menininha do Gantois será a homenageada da Escola de Samba Vai Vai no carnaval paulistano do ano que vem. A escolha foi feita para marcar os 30 anos de morte da matriarca do candomblé, que representa a cultura e religiosidade de matriz africana na Bahia
Com enredo já definido – No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu. Menininha Mãe da Bahia, Ialorixá do Brasil – e uma sinopse do desfile, representantes da escola foram à Bahia pedir oficialmente autorização à Mãe Carmem, filha da homenageada e atual ialorixá do Terreiro do Gantois, localizado no bairro da Federação, em Salvador.
“Este ano, exatamente por causa do aniversário de morte de Mãe Menininha, veio essa vontade do nosso presidente de fazer a homenagem a essa grande figura, para abordar todo o legado de amor, de paz, de união, de religiosidade que ela deixou. Dessa forma, fomos consultar a Mãe Carmem, lá no Gantois, e felizmente obtivemos isso [a autorização]. A nossa intenção é fazer um grande xirê [palavra iorubá que significa dança e evocação aos orixás] no palco do Anhembi e contar a trajetória de doçura dessa ialorixá mais famosa do mundo”, disse à Agência Brasil a diretora de Carnaval da Vai Vai, Janaína Decarli.
Janaína contou que a ideia de homenagear a matriarca baiana surgiu em um sonho do presidente da escola, Darli Silva (Neguitão). Segundo a diretora, Silva sonhou que a Vai Vai deveria homenagear a Mãe Menininha e propôs aos demais membros da agremiação, que acataram a sugestão.
“Vamos levar para a avenida o legado de amor, a doçura, a história de vida com os orixás, em vida e depois da morte. Quando se lembra de Mãe Menininha, lembra-se de amor. A gente vai falar dela, pelas veias do candomblé, por meio dos orixás. Vamos trazer essa bandeira de homenagem ao candomblé e às religiões de matriz africana. Vamos passar por cima de todo o preconceito e intolerância que existe contra algumas religiões, contra orientação sexual, de raça”, acrescentou a representante.
A proposta da homenagem foi levada diretamente aos envolvidos com o Terreiro do Gantois e aos familiares da Mãe Menininha, em Salvador. A filha caçula da homenageada, Mãe Carmem, é a atual ialorixá do terreiro. Hoje, com 88 anos, ela contou que recebeu com alegria a notícia do tema do desfile da Vai Vai. Mas o “sim” só pôde ser dado após uma consulta aos orixás.
“Depois que consultei os orixás, eles aceitaram que fizessem [a homenagem]. Eu fiquei muito feliz e agradecida, porque é uma grande homenagem a mamãe, então só tenho a agradecer. Por que não aceitar isso, com o consentimento dos orixás? Vai sair muita coisa do candomblé: muita cultura, de tudo um pouco, vai ser uma coisa linda. Eu não vou participar do desfile porque a homenagem será para mamãe, mas sei que vai ser muito bonito”, disse a mãe de santo.
Sobre a importância de combater a intolerância religiosa, a ialorixá é taxativa: “nem Deus e nem o Diabo quer [a intolerância]”.
“Eu fui criada totalmente no candomblé, minha mãe era do candomblé, mas tivemos muita vivência católica, por exemplo. Ela queria que fôssemos batizados e fizéssemos a primeira comunhão na Igreja Católica. Então, dentro do candomblé, não se proíbe nada que é bom. Não há justificativa [para a intolerância religiosa]. Por que essa intolerância? Só porque é de preto e pobre? Não pode ser”, afirmou a filha de Mãe Menininha, que ressalta a importância de mostrar o candomblé como uma religião que prega o bem e a igualdade.
Para o diretor do Centro de Estudos Afro Orientais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor Lívio Sansone, ligado à área de antropologia, a importância de Mãe Menininha extrapola a religiosidade e reflete a luta que ela mesma teve em defesa do candomblé.
“O carnaval é feito de festa e celebração e é bom que sejam celebradas também as pessoas que tiveram o grande mérito de preservar as tradições africanas no Brasil e aprenderam a apresentá-la de maneira interessante a um público muito amplo. Mãe Menininha teve esse grande mérito, era uma mensageira entre dois mundos: o mundo da casa de santo e o mundo da sociedade mais ampla. Ela foi visitada por presidentes, políticos, sempre por pessoas importantes. Ela foi determinante na luta para tirar o candomblé da marginalidade e transformá-lo em uma das tantas religiões do Brasil”, disse o especialista.
Na opinião de Sansone, a escolha da homenageada é justa e merecida, inclusive como forma de mostrar à população a importância do respeito à religiosidade. Se o carnaval tem que homenagear alguém, nada melhor do que Mãe Menininha, sobretudo neste momento em que é necessário lutar para que a tolerância religiosa seja uma prática, não somente um lema. Ela é um símbolo grande e é justo que seja escolhida”, acrescentou.
Em 1976, dez anos antes de morrer, Mãe Menininha do Gantois foi homenageada pela Escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela nasceu em Salvador, em 1894, e morreu em 1986, aos 92 anos, de causas naturais. Descendente de pessoas trazidas da Nigéria para serem escravizadas, a mãe de santo foi escolhida para ser ialorixá do Terreiro da avó, ainda criança. Passou, oficialmente, a matriarca do local, aos 28 anos.
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