Publicado em 04/09/2016 às 20h00.

Menos documental, 2ª temporada de ‘Narcos’ supera antecessora

O bahia.ba já assistiu ao fim de Pablo Escobar e conta, sem spoilers, suas impressões

Clara Rellstab
Foto: Reprodução/Netflix
Foto: Reprodução/Netflix

 

No primeiro episódio de Narcos, a voz off do agente Murphy (Boyd Holdbrooko) diz que o realismo mágico trata de coisas muitos estranhas para serem verdade e que há um motivo para ele ter nascido na Colômbia. Em seu retorno, a série que conta a história do narcotráfico na Colômbia continua seguindo a máxima de “isso é surreal demais para ter acontecido”. Mas aconteceu – licenças poéticas à parte, é claro.

O seriado volta exatamente a partir do ponto onde o primeiro ano deixou: a fuga de Pablo Escobar (Wagner Moura) da prisão La Catedral. Em cenas de perseguições intensas, que não perdem em nada para as grandes produções hollywoodianas, é destrinchado o período de um ano e meio onde policiais colombianos, agentes do DEA e gangues rivais se dedicaram – juntos ou não-, à caçada ao Patrón.

Em contraponto à primeira temporada, esta perde o tom documental e, por incrível que pareça, torna-se mais crível. A série consegue superar uma tendência que as obras de Padilha geralmente apresentam: a falta de sutileza. Fugindo do monocromatismo do produtor brasileiro, desta vez, as personagens conseguem ir além do estereótipo colombiano apresentado anteriormente. Elas vão além do caricato, o que faz com que os papéis sejam mais profundos e humanos.

A presença dos americanos também é justificada e convence, já que na “história real”, o papel do Tio Sam com o DEA só passa a ter devida importância após a fuga de La Catedral. Inclusive, como existem várias versões (por que não lendas?) sobre a derrocada de Pablo, as liberdades de roteiro ficam muito mais fáceis de engolir – apesar da romantização do narcotraficante em seus momentos de intimidade, transformando-o quase em um anti-herói.

Bairrismos à parte, Wagner Moura – que antes havia deixado dúvidas sobre sua escalação-, mostra porque mereceu estar ali. O ator exibe na medida certa todos os maneirismos de Escobar e apesar de todas as atrocidades consegue cativar e fazer com que, em algum momento, o espectador torça para que ele se safe. Talvez porque, nesta, a impressão de que todos os núcleos são regidos pela ideia de que “os fins justificam os meios” de Maquiavel, fica ainda mais clara.

Se você não gostou da primeira temporada, não se desespere. Dê uma chance à segunda: só de ouvir a abertura com “Tuyo” na voz de Rodrigo Amarante vale a maratona. Que venha o cartel de Cali.

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