Publicado em 04/07/2024 às 16h45.

Orixá é ouro: banda Barú adentra mar e matas da Ilha de Itaparica em clipe afro-indígena

Conexão das culturas com a natureza é retratada na letra do single e nas imagens do clipe

Redação
Foto: Maria Mango

 

Dois dos orixás mais importantes das religiões de matriz africana, Exú e Yemanjá surgem como protagonistas do clipe ‘Orixá é ouro’, da banda Barù, formada por João Acácia e Mayra Couto. Gravado na Ilha de Itaparica, o trabalho busca retratar a cultura afro-indígena a partir da interação com a natureza e a rica memória ancestral da ilha. Uma prévia da obra foi lançada em celebração ao Dia da Independência do Brasil na Bahia e a íntegra do single vai ganhar show de lançamento na Casa de Mãe em 31 de julho.

O videoclipe é finalizado com um manifesto trazendo um contexto sobre como a natureza e sua preservação são eixos de interação entre as culturas afro-indígenas, evidenciando a cosmovisão dos povos originários como forma de resistência e retomada de seus territórios.

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Com direção criativa do próprio duo, a produção audiovisual apresenta, ainda, a Cabocla, representante da herança indígena. Na obra, Exú vai ao encontro dela na floresta, numa dança onde as forças do orixá e da entidade indígena interagem, e a energia de uma alimenta a outra.

Na história do clipe, tudo começa com Ila, uma candomblecista que vai entregar uma oferenda para Yemanjá na praia, mas entra em transe e “sonha” com diversos orixás e a Cabocla. A beleza destes encontros com o sagrado fica ainda mais vívida nas danças de Ila e Elivan, responsáveis pela coreografia e representação dos personagens.

“A música é uma grande homenagem a todos os orixás e a conexão que podemos ter com os mesmos a partir de elementos naturais que estão ao nosso redor”, explica João Acácia. A canção nasce justamente a partir da experiência de estar em contato com a terra, o fogo, o ar e a água. “Dando a estes elementos os sentidos mais amplos a partir da cosmovisão dos povos originários”, detalha Mayra Couto.

Orixá da comunicação e do movimento, Exú é retratado como “O grande mensageiro, a boca que tudo come”, figura vital para a existência de tudo no mundo. Mãe de Exú e de todos os orixás, Yemanjá representa a fartura e a energia das águas. Já a Cabocla é o símbolo da força da natureza, a verdadeira dona da terra, feminina em essência, e dos povos originários, resistindo, em sua maioria, em processo de retomada.

A ilha

Itaparica foi escolhida como cenário do clipe por ter sido palco de grandes acontecimentos relevantes para o país, como as batalhas pela Independência do Brasil na Bahia, e por ser residência de uma imensa quantidade de terreiros de candomblé. As cenas foram gravadas em locais que buscam conversar com a letra da canção, como a Praia do Brasileiro, Centro Histórico, Alto do Bela Vista, florestas e manguezais, lugares conhecidos pela existência de cultos e manifestações de origem afro e indígena.

A produção da obra foi financiada pelos editais da Lei Paulo Gustavo do Estado da Bahia, para a produção do videoclipe, e da Lei Paulo Gustavo do Município de Itaparica, para o roteiro. O trabalho conta com ações de acessibilidade, como legendagem e interpretação de libras.

A direção de fotografia é assinada por Glauco Neves e João Acácia, produção executiva de Nina Novaes, direção de arte de Mayra Couto, maquiagem de Jober Moura, com produção de set de Milena Cerqueira, produção local de Felipe Brito, acessibilidade pela Gama.TV e assessoria da Berradêro Comunicação.

Sobre a BARÙ

Barù é um projeto artístico criado em 2020 pelos cantores e compositores João Acácia e Mayra Couto. Em 2021, a banda já celebrava duas conquistas: o prêmio de Melhor Direção de Arte com o clipe ‘Visual Mergulho’, no Festival Nacional CawCine, especializado em produções com temática ambiental; e o de canção finalista no Festival de Música Rádio MEC, com ‘Colo do Mundo’. Em 2022, o projeto cultural foi selecionado pelo ‘Acelera Iaô’, da Fábrica Cultural, então dirigida por Margareth Menezes, atual ministra da Cultura.

Mayra Couto iniciou os estudos em canto e teoria musical aos oito anos, no Coral das Meninas Cantoras de Petrópolis (RJ), onde teve a oportunidade de participar de várias edições do Projeto Aquarius, um dos maiores eventos de música clássica do país, e de cantar com grandes nomes da MPB como Gilberto Gil, Milton Nascimento e Simone. Mayra é graduada em Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música e há mais de uma década atua com crianças com espectro autista e pessoas em situação de vulnerabilidade

João Acácia é músico, produtor musical e cinegrafista atuante no mercado audiovisual baiano. Designer formado pela PUC Rio e mestre em Geografia e Sustentabilidade pela mesma instituição, ele tem experiência de mais de uma década no mercado criativo. A partir das suas pesquisas sobre ecologia, decolonialidade e povos originários, cria narrativas socioculturais afro-brasileiras e latinas, usando música e audiovisual como ferramentas de transformação da sociedade.

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