Publicado em 13/11/2025 às 18h26.

Projeto baiano vence Prêmio Pacto Contra a Fome 2025; saiba qual

Iniciativa nascida na Ilha de Itaparica é reconhecida nacionalmente pelo combate a fome

Edgar Luz
Foto: Divulgação

 

O Instituto Cultural Bantu (ICBANTU), fundado em 2006 pelo capoeirista e educador social Edielson Miranda, o Mestre Roxinho, foi um dos vencedores do Prêmio Pacto Contra a Fome 2025, na categoria Redução e/ou Reversão do Desperdício de Alimentos, com o projeto Ajeum Bantu. 

A cerimônia aconteceu na última terça-feira (4), no Teatro do SESI, em São Paulo, reunindo lideranças do terceiro setor, gestores públicos e representantes de agências da ONU, como UNESCO, FAO, WFP, UNICEF e PNUMA, em uma celebração conduzida pelo ator Luis Miranda.

Em sua terceira edição, o Prêmio Pacto Contra a Fome recebeu mais de mil inscrições de todo o país e reconheceu seis iniciativas com R$ 100 mil e o Troféu Pacto Contra a Fome, assinado pelo artista plástico Vik Muniz. A premiação é considerada uma das mais importantes do país no incentivo a projetos de combate à fome e ao desperdício de alimentos.

Ajeum Bantu: um ecossistema vivo de combate à fome

Criado em 2020, durante a pandemia, o Ajeum Bantu surgiu na cidade de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica (BA), território em que mais da metade da população vive em extrema pobreza. O projeto atua como um ecossistema afrocentrado, que integra alimentação, educação, cultura e sustentabilidade em um mesmo ciclo solidário.

O funcionamento é baseado no reaproveitamento integral de alimentos e na geração de renda para comunidades vulneráveis:

• recebe excedentes próprios para consumo de parceiros como o Atakadão Atakarejo e o Mesa Brasil (SESC);
• assegura segurança alimentar para mulheres, mães solo, crianças e famílias afroindígenas;
transforma excedentes em doces, compotas e geleias através da Cooperativa NKUTA, fortalecendo o protagonismo feminino;
reutiliza resíduos orgânicos para compostagem e hortas agroecológicas, devolvendo nutrientes à terra.

“Alimentamos pessoas enquanto formamos pessoas. Alimentamos a consciência enquanto geramos cultura, pertencimento, renda e esperança”, afirma Mestre Roxinho, fundador e CEO do Instituto Cultural Bantu.

Com o reconhecimento nacional, o Instituto planeja ampliar a cozinha comunitária, criar novas hortas em terrenos baldios e inaugurar o Restaurante Escola Social NKUTA BANTU, que servirá refeições populares durante a semana e gastronomia afro-diaspórica nos fins de semana. “O projeto Ajeum Bantu é um ecossistema de justiça social que alimenta hoje e planta o amanhã”, resume o educador.

Duas décadas de legado e transformação

Nascido na Ilha de Itaparica e marcado por vivências de fome e exclusão, Mestre Roxinho construiu o Instituto Cultural Bantu como uma proposta de emancipação social por meio da Capoeira Angola, entendida como uma cosmovisão africana e tecnologia de liberdade.

Ao longo de quase 20 anos, o Instituto tornou-se referência nacional e internacional em educação, segurança alimentar, regeneração socioambiental e fortalecimento da identidade afro-brasileira. Sua atuação já alcançou comunidades no Brasil, jovens refugiados na Europa e Austrália, além de crianças vítimas do tráfico humano nas Filipinas.

Edgar Luz
Jornalista, apaixonado por comunicação e cultura, pós-graduando em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Atualmente integra as redações do Bahia.ba e do BNews, escrevendo principalmente sobre entretenimento, mas transitando também por outras editorias. Com passagens pelos portais Salvador Entretenimento e Voz da Cidade, tem experiência em reportagem, assessoria e Social Media.

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